I27I - Calafrio

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- Mas que droga! – Gritei. Por sorte o lago não era fundo o suficiente para me cobrir, do contrário eu estaria em sérios problemas. – Porque fez isso? – Questionei, espremendo a água da confusão que tinha se tornado meu cabelo.

Era isso que eu ganhava por tentar ajuda-lo uma única vez? Bom, não haveria uma segunda.

- É uma punição. – Disse, sentando-se ao lado da margem de pedra.

- Punição?! Perder tanto sangue deve ter ferrado sua cabeça. – Falei furiosa, agarrando-me a margem para sair do lago, a água fria estava trazendo calafrios para meu corpo.

- Punição por ter se machucado tanto, o que vou fazer com uma noiva cheia de cicatrizes? – Perguntou, tirando suas botas. – Ademais se não a jogasse na água, eu não poderia fazer isso. – Disse, entrando no lago.

- Se você queria nadar não precisava ter me empurrado, eu não teria tentado te impedir. Na verdade se já esta bom para nadar, não precisa mais de ajuda. – Falei, erguendo meu corpo para sair do lago quando ele me puxou.

Sua mão estava reconfortantemente quente, bem diferente de minutos atrás. Isso tomou minha atenção para ver seu tórax, a água tinha levado boa parte do sangue recente e o ferimento parecia menor, quatro simples linhas rosadas com exceção da grande perfuração do seu ombro. Aquilo me incomodou, apesar de saber que não deveria, que tinha sido mais que merecido, não pude deixar de me sentir mal.

- Salvou minha vida, senhorita Nowak. – Falou sério. Apesar de eu não achar que tinha sido para tanto. – Se não tivesse o distraído até que a toxina estivesse fora do meu corpo, estaríamos ambos mortos. – Disse, movimentando sua outra mão para meu ombro, me encolhi quando seus dedos tocaram os arranhões em meus braços. – Então me permita fazer algo por você, afinal deve ter sido uma escolha difícil, salvar alguém que odeia.

Sim, eu o odiava. Odiava pelas coisas que tinha feito, pelo seu egoísmo e suas meias repostas. Mas eu não tinha feito aquilo para salvá-lo...

Dei um sorriso sem humor.

- O que, por exemplo? – Falei o encarando, bastava de me sentir intimidada. – Contar o que é um Dominante e o que isso tem haver comigo? Contar quem é o seu alvo? Me libertar? Qual dessas coisas você estaria disposto a fazer, todas ou nenhuma? – Falei firme, o desafiando, eu podia estar ferida fisicamente e esgotada mentalmente, minha caixinha estava a um ponto de se despedaçar, mas eu nunca seguiria seu jogo sem questionar. – Não preciso que me engane mais, Lobo. Só quero que me deixe ir, preciso descansar, nem todos tem um corpo mágico como o seu. - Concluo, vendo a engenhosidade por trás dos seus olhos infernais trabalhar.

Infernais. Um termo que melhor se aplicaria a versão vermelho sangue que eu tinha visto eles tomarem mais cedo, quando o Lobo havia inesperadamente chegado a cela. Por que haviam mudado, senti vontade de perguntar, porque sua transformação beirava a sombras e não apenas um clarão de luz como a de Elikham? Precito. O quê essa palavra queria dizer e onde eu tinha a ouvido antes? Minha mente pregava divagações e para minha surpresa ele respondeu.

- Dominância, essa é a razão pela qual não posso simplesmente marca-la ou trata-la como um objeto, é o poder de em termos mais simples não se curvar perante ninguém, o poder de um Mestre. E você Aysha, é puro poder. – Respondeu cautelosamente, escolhendo as palavras. – Drivand, esse é o nome do meu alvo, ele não é um humano se isso é o que a preocupa e muito menos alguém que não mereça a morte. A libertar... – Ele fez uma pausa, como se cogitasse a ideia. – Se você fosse livre para onde iria, voltar a sua vila que tanto despreza ou para a promessa de uma vila que não conhece? Não posso liberta-la, que noivo deixaria sua amada no meio de estranhos? 

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