I17I - Boa garota

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Com sua ordem fugi para o quarto mais rápido do que a boa ordem dos corajosos recomendava.

O primeiro sorriso que você me dedica e está banhando por medo. Não tem ideia do quanto isso é excitante para mim, Aysha.

Suas palavras voltaram a minha mente.

Sim, eu estava com medo, por mais que tivesse tentado manter minha compostura, minhas pernas ainda não tinham recuperado a consistência. A sensação de sua respiração em minha pele continuava desempenhando seu papel em me assombrar. Ele riu disso, riu do meu medo e de mim.

Grunhi, abrindo as portas do armário com força. Atirei a roupa 'especial' para fora e me encostei fechando as portas.

Uma parte do meu cérebro queria dizer: Sim, ria de mim enquanto pode Lobo! A outra era a mais urgente: Nunca mais me toque! Para a segunda ele diria algo como: Porque não posso tocar em minha noiva? E eu diria: Ao inferno, terei que desenhar ou algo do tipo para entender que não sou sua noiva?

Apanhei a roupa do chão e comecei a me vestir, olhando para porta com alguma paranoia.

Como tinha suposto a calça tinham o tamanho certo, pelo menos em comprimento, a blusa deixava a linha do meu umbigo descoberta, como se meus braços já não fossem suficiente. Calcei minhas velhas conhecidas botas, enfiando o comprimento da calça nelas. Eram botas de couro marrom, de cadarços e fivelas sobre os cadarços, com um pequeno calço de três dedos.

Andei pelo quarto tentando me acostumar com a sensação da roupa, ainda folgada o tecido parecia ter uma preferência em roçar minha pele enquanto me movia. Amarrei meu cabelo em um rabo de cavalo alto e me olhei no espelho. Minha aparência era um retrato do meu estado de espírito, os dois estavam horríveis.

Haviam manchas escuras abaixo dos meus olhos e céus, meu rosto estava pálido. Nada do que uma boa perda de sangue para deixa-la se sentir como uma merda. Comecei a desenrolar a atadura, precisava ver quão feio o estrago de Kohina tinha sido.

- Que o inferno coma sua alma vaca! – Praguejei, não havia um palavrão grande o suficiente para descrever a situação do meu pescoço.

As cinco perfurações eram maiores que a ponta do meu mindinho e ela só havia encostado. Um pouco mais para a direita e adeus vida, estaria exatamente sobre minha artéria. Mal consegui encostar a ponta dos dedos nos ferimentos, cobri tudo de volta e agradeci aos deuses por estar viva.

Abri minha porta e encontrei o Lobo, aguardando.

- Você parece bem. – Falou, me olhando dos pés a cabeça.

Toda a raiva daquela situação veio junta como um soco no meu estomago, não consegui me segurar. Esbofeteei seu rosto e sai pelo corredor antes que ele tivesse a chance de me repreender.

Não era uma fuga, apenas uma saída estratégica.

Cheguei à sala do piano mordendo com tanta força meu lábio inferior que tirei sangue. Meus olhos tinham começado a lacrimejar, os esfreguei e esperei o Lobo me alcançar.

- Então que trabalho é esse? – Perguntei, deixando uma dureza na voz esconder minha angustia.

Ele estava atrás de mim, podia sentir o calor ou a magia do seu corpo como quisesse chamar. Quando ele não falou me virei para ele.

- Vamos, estou tão ansiosa para iniciar o treinamento! Não vejo a hora de matar alguém e me tornar um monstro como você! – Falei cada palavra aumentando o tom de voz, até que estivesse as gritando em seu rosto.

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