I40I - Decisão

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- E Senhora Mondavarius, imagino. - Acrescentou uma voz masculina, particularmente forte e grogue, sobre as demais. Resisti a curiosidade de ver o portador da voz quando lembrei do meu estado, jogada no ombro do 'Senhor Mondavarius' como um saco de batatas. 

- Edmon.- Raymond ralhou, quando usei uma de minhas mãos para  beliscar suas costas, se ele queria me manter naquela posição vergonhosa para sempre, eu faria que fosse o mais desconfortável possível. - Que surpresa, ainda não morreu. - Falou, e como resposta a minha provocação anterior, ele me sacolejou voltando a andar com passos largos.

- Não por faltas de tentativa, primo. - A voz respondeu, com uma risadinha baixa. 

- Primo? - Murmurei bobamente, pois nunca havia me ocorrido que o Lobo pudesse ter parentes. 

- Pela parte fraternal. - Respondeu para minha supressa, fui capaz de ver suas pernas e sapatos, quando atingimos a base de uma larga escadaria de degraus brancos com corrimões escuros. 

- Edmon. - Raymond chamou. - Espero que não esteja tendo dificuldades com os preparativos. 

- De forma alguma, como encarregado dessa cassa há vejamos...quatro anos... posso garantir que as diligencias a respeito do...

- É o suficiente. - Interrompeu, com uma ponta autoritária em sua voz. - Estarei em meus aposentos e não pretendo ser incomodado. 

 Ele terminou de subir o lance de escadas e eu pude finalmente ter um vislumbre do saguão de entrada, as vozes anteriores pertenciam a serviçais, eles tinha formado duas fileiras ao lado da porta de entrada, vestiam todos as mesmas cores de uniforme, tons de marrom e um laranja pardo. Ainda na base da escadaria, Edmon, seus olhos eram escuros, assim como o cabelo curto e volumoso, ostentava uma expressão despreocupada em seus traços finos e jovens. Perdi sua visão assim que viramos em um corredor, que para a minha decepção tinha paredes vermelhas e muitas portas, a porta do fim do corredor foi a escolhida. 

Para minha satisfação fui  finalmente posta no chão ou melhor jogada em uma cama dossel extremamente macia que fez minhas costas afundarem brevemente. Imediatamente me sentei, levando uma das mãos até minha testa quando uma súbita tontura tomou conta de meu corpo. 

- Muito simpático de sua parte finalmente me soltar. - Falei, deixando minha voz transparecer toda a ironia que eu tinha ao falar. 

- As apresentações podem ser feitas em uma hora mais apropriada. - Disse, sentando-se numa cadeira acolchoada para retirar suas botas.

- Então, essa é a sua casa? - Perguntei, olhando com interesse o quarto, era imenso, podia ter muito bem o tamanho da minha casa em Sweney Pines, além do quarto em si, haviam duas outras portas em seu interior, separadas por um aparador, imaginei que fossem um quarto de banho e pela evidente ausência de um armário, um quarto de vestir. 

- Sim. - Respondeu. - Está livre para andar pela propriedade, mas de forma alguma deve ir até a cidade desacompanhada. 

- Por que? - Perguntei de imediato, imaginando que a resposta estivesse nos estandartes e soldados nas ruas ou mais provavelmente em sua alegação de que possuía uma posição conturbada na cidade. Lembrei-me da sensação incomoda que tive quando cruzamos os portões da muralha. - Tem haver com o Mestre da Cidade, não é? Drivand? - Perguntei, ele apenas sustentou meu olhar com curiosidade. - O seu alvo? - Insisti.

- Sim e não. - Respondeu, explicando-me quando a confusão ficou obvia em meu rosto. - Lembra-se do Lican infiltrado em meu clã que a atacou? - Fiz que sim com a cabeça, não havia como esquecê-lo, 'De uma forma ou de outra só preciso levar seu coração' , ironicamente a única pessoa a ficar sem coração foi ele. - O Mestre Lican que o enviou para tomar seu coração foi o Mestre desta cidade. - Falou.

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