02 - Quando duas galáxias se chocam

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oii
Boa leitura

Daqui à mais ou menos quatro bilhões de anos, a Via Láctea (galáxia onde nosso sistema solar está localizado) vai se chocar com a Andrômeda, a galáxia mais próxima localizada a aproximadamente dois bilhões e meio de anos luz de nós.

Os cientistas explicam que isso vai acontecer graças a força da gravidade que age entre os corpos, que faz com que elas sejam atraidas uma para a outra, o que vai causar o impacto.

É irônico saber como, mesmo que isso não vá acontecer tão rápido nos próximos anos, elas não podem se controlar. Uma força, nesse exato momento, está puxando elas para a colisão, prontas para fundirem duas em uma só. Não dá para evitar. Não dá para lutar contra. Não dá para mudar isso.

Eu acreditava que era assim que as pessoas estavam destinadas a se conhecer. Cada um era a sua própria galáxia, o seu próprio sistema e enquanto viajava no espaço, se colidiam com outras. Às vezes uma engolia a outra, às vezes, duas viravam uma só, mas sempre resultava em algo. Às vezes bom, outras talvez não tanto.

Mesmo que isso fosse acontecer em alguns anos, existia uma força que te levaria à colisão com alguém um dia. Uma força maior que você mesmo, que te puxaria para ela, sem que você pudesse impedir.

─── Não, pera Lyra! ─── Téo encolheu os olhos, apoiando os braços em cima da mesa em um tom acusatório. Reencostei-me na minha cadeira de novo, já cansada dessa história. ─── Você me dizendo que ele subiu no colchão de tênis? Ele. Subiu. Lá. Com. Um. Maldito. Tênis?

Eu abri a boca, chocada com a observação, antes de soltar um riso nervoso. Passei a mão na lateral do cabelo, ignorando o meu copo de café fumaçando na minha frente e apontei o dedo para ele.

─── Eu acabei de dizer que despenquei de três metros de altura, depois de supostamente encontrar o cara desconhecido com quem sonho consecutivamente todas as noites há três anos e tudo o que você repara é no único detalhe não importante nessa história, que é o fato dele ter subido no colchão de tênis?

Téo repetiu o mesmo movimento que eu. Às vezes eu achava que a gente dividia o mesmo neurônio. Acho que era por isso que dávamos tão certo.

─── Eu deveria me preocupar com o quê, então? Você viva, aparentemente sem nenhum arranhão e, além disso, se fosse eu subindo lá você arrancaria minhas bolas fora.

─── Claro, você não me paga para aturar isso.

─── Ele também não.

Encolhi os olhos.

─── Mas a mãe dele sim. ─── Respondi. ─── Além disso, eu tinha acabado de quase morrer na frente dele. Acha mesmo que o tênis no colchão aqui seria a maior preocupação?

─── Seria para mim, porque no momento em que eu pisasse lá assim você, mesmo que tivesse machucada, ia levantar só para acabar comigo.

Daquela vez eu não pude deixar de rir baixinho. Era verdade.

─── Mas enfim, o que eu quero dizer é que isso tudo é tão estranho...

Olhei para a fumaça subindo distraidamente enquanto um silêncio cercava nós dois. Eu tinha pensando sobre esse assunto o fim de semana inteiro. Claro que podia ser apenas coincidência, mas ainda assim... os sonhos... eles sempre eram tão intensos, tão reais..

Não sabia ao certo o que achar sobre isso.

─── Será que ele também lembra de você? ─── Téo questionou, pouco tempo depois. Ergui minha atenção para ele, dando de ombros. ─── Quer dizer, se realmente for ele, né? Você também pode ter se confundido ou achado parecido. Tem bilhões de garotos com os olhos castanhos por aí. Essa não é uma característica incomum.

𝚂𝙸𝙽𝙰 • bakOnde histórias criam vida. Descubra agora