CONCLUÍDA ✔
A primeira vez que Lyra viu Gabriel, estava pendurada de cabeça para baixo há mais de seis metros do chão. Ainda assim, o peso daquele olhar castanho sob o seu nos três segundos que eles se encontraram fez com que os cabelos da sua nuca...
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Eu levo Lyra para casa na segunda de manhã tão cedo que passo o caminho todo me questionando se eu realmente estava acordado ou não. A gente até que tinha dormido cedo ontem depois de passar o dia assistindo série ou brincando com Nalu, mas o fato de que só nesse fim de semana eu dormi melhor do que na minha vida inteira fez com que eu me perguntasse se umas horinhas a mais seriam suficiente para mim.
Claro que não era, mas eu estava bem. Bem como nunca tive antes só pelo fato de que agora meu corpo não era 100% feito de cansaço, insônias, pesadelos e noites mal dormidas.
Depois de deixá-la em casa já que tem que se arrumar, eu volto para minha e volto a tentar dormir pelo menos mais um pouco, porém é impossível. Ainda assim, a visão dos remédios na mesa ao lado da minha cama é insatisfatoria demais a ponto de eu conseguir tomá-lo.
Eu não faria isso a menos que fosse impossível, tinha prometido a mim mesmo. Sabia de todos os efeitos colaterais e do fato de que eu provavelmente não acordaria tão cedo quanto queria, o que atrapalharia meu dia cheio.
O restante dele é tudo igual. Treino, reuniões, mais treino enquanto procurávamos o encaixe perfeito do time para finalmente poder aliviar a tensão que existia em meus ombros. Desde a criação dos Crias e eu não sabia o que era relaxar. A instabilidade do time entre ir bem e mal estava além da minha capacidade de entendimento, Já que literalmente depois de uma seleção detalhada e escolher a dedo alguns dos melhores do cenário, algo não parecia encaixar.
Não estávamos vindo do melhor momento e a torcida exercia bem o seu papel em fazer pressão. Não os julgava por isso, mas o fato era que eu estava tentando pra caralho e dessa vez, pelo menos, podia ter esperanças de que a fórmula da nossa melhor versão estava quase pronta. Para isso, tive que me desfazer de muitas coisas, abrir mão de grande parte do elenco em prol de um bem comum maior. A torcida estava cansada de ver o resultado mais abaixo do que o esperado e eu, no fundo, também.
De noite tudo volta e eu estou longe, sonhando, mais uma vez. Às duas acordo com um com uma dor martelando na cabeça como se eu tivesse mesmo batido ela como sonhei. Às duas e meia, depois de rolar de um lado para o outro, cedo as vontades do meu corpo, engolindo a cápsula no seco mesmo e espero o remédio fazer efeito.
E ele faz. A sensação falsa de descanso me acorda no dia seguinte tarde demais. Nem se quer consigo olhar qualquer notificação que possa ter no meu celular, porque vejo que estou atrasado demais para a terapia,, então apenas tomo um banho rápido, escovo os dentes e saio em disparada até o consultório.
─── E então Gabriel, como foi essa última semana?─── Ela sorri quando me manda ir para o lugar de sempre, sentando-se no seu lugar de sempre, sempre do mesmo jeito.─── Você parece mais relaxado...
Eu sorri, balançando a cabeça.
─── É porque estou. Acho que depois de anos eu nunca tinha tido uma sequência tão boa de sono assim.
