CONCLUÍDA ✔
A primeira vez que Lyra viu Gabriel, estava pendurada de cabeça para baixo há mais de seis metros do chão. Ainda assim, o peso daquele olhar castanho sob o seu nos três segundos que eles se encontraram fez com que os cabelos da sua nuca...
ninguem ia prever que eu voltaria tão cedo, ne? kkkk (nem eu) boa leitura ♡
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Um ano. Trezentos e sessenta e cinco dias inteiros. Oito mil setecentos e sessenta horas, mais de quinhentos mil minutos ou trinta milhões de segundos. Encaro o relógio na parede, o tic repetitivo e ele não para. Ao contrário, ele conta mais um segundo. E outro. E outro. E mais outro.
Fecho os olhos não suportando nada. O silêncio, as lembranças, a saudade. Repito incansavelmente que superei. É mentira. Ao contrário disso, é o seu sorriso que preenche todas as minhas memórias mais dolorosas ao deitar na cama, no único segundo que eu me permito descansar depois da rotina exaustiva que aprendi a criar para te tirar na minha cabeça.
Em vão.
Viro-me para todos os lados e quando tento pensar em outra coisa, me vêm os teus olhos na mente. Quando consigo dormir, você está presente em todos os meus sonhos e, ao acordar, sentir falta da tua presença ao meu lado é rotineiro.
Eu tive a chance de te ter ao meu lado ao acordar poucas vezes a vida, mas ainda assim..
A saudade está em tudo e você também. Em cada pessoa, cada lugar, em tudo que eu faço, nos olhinhos castanhos brilhantes que me seguem em cada canto que eu vá, te sinto comigo. É como se não houvesse um único momento do qual eu conseguisse te afastar de mim, como se você fosse minha parte mais importante e ideal mesmo que não estivesse mais aqui.
Você é, afinal. E mesmo que não fosse, seria a mais feliz e avassaladora de todas, para sempre, apesar das circunstâncias e aos fins que isso nos levou.
Nem tudo que remete a você vem acompanhado de algo bom, presente em minhas memórias mais vivas e bem guardadas, porém ainda assim eu sinto falta. E, às vezes, é impossível não me pegar pensando em como nós estaríamos agora ou no que supostamente você estaria fazendo se tudo tivesse dado certo. Às vezes eu me pego em meio a um sorriso, talvez porque eu lembro como era fácil ser feliz com você, como era fácil ser eu com você.
Tem hora que meu coração martela, bombeia e então eu me lembro as circunstâncias que as coisas haviam tomado. Dói, não me arrependo, mas sinto. Você consegue entender?
A morte é mais dolorosa para quem fica, lembro de alguém dizer.
E todos os momentos em que eu surto coração apertado e o choro entalado na garganta comprovando a frase, me lembro das suas últimas palavras, antes de deixar de ser um devaneio meu meses atrás, dizendo que agora eu teria um motivo para viver, mesmo que não quisesse.
Meu motivo era como você, em cada fragmento, desde o sorriso até os olhos castanhos. Como se não fosse minha também, apenas um plágio seu, para me lembrar mais ainda do que era impossível esquecer e então entendo, respiro, e me acalmo. Nada era em vão e viver por ela não seria. Eu podia aguentar tudo. Por ela, por mim, por você, eu seguraria o mundo inteiro nos meus ombros sem hesitar.
