28 - Minha parede amarela em branco

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    oi, desculpa a demora nenéns. Boa leituraa♡

 Eu sempre gostei da ideia d'o mesmo'

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 Eu sempre gostei da ideia d'o mesmo'.

Havia uma zona de conforto muito grande em ter/estar e continuar tendo e estado com as mesmas coisas, os mesmos lugares, os mesmos pontos de partidas e, no fim, saber que por mais que o mundo ao redor pudesse mudar constantemente, aquelas coisas continuariam ali, do mesmo jeito que deixei sempre que eu voltasse à noite.

  Quando eu visitei o apartamento que eu dividiria com Eduarda pela primeira vez, a primeira coisa que eu lembro de ter gostado, além do enorme balcão da cozinha, foi a parede em um tom amarelo pastel onde a cabeceira da cama se apoiava. Ela não tinha nada demais, realmente, afinal o que uma parede amarela poderia ter de tão especial? Mas... Naquele quarto ainda vazio que em breve seria meu, aquela parede me deu a sensação de conforto que eu precisava para decidir que era ali que queria ficar e que bem ali mesmo eu construiria meu mundo particular.

E foi o que eu fiz. E...

Eu gostava daquela parede. Eu gostava do seu tom. De chegar em casa à noite, olhar para cima e ela estar lá. Gostava da cor amarela nada espetacular, talvez envelhecida demais e, ainda assim, a única coisa que destacava no quarto totalmente branco e dos quadros que eu coloquei para enfeita-la ainda mais.

Duda dizia que era sem graça, que pintaria se pudesse, mas aquela era a minha parede e eu não queria que ela mudasse ou fosse pintada, bem como não queria outros quadros além dos que ja tinha e odiava qualquer coisa que pudesse tirar seu vislumbre. Afinal, e daí ela fosse sem graça ou mal acabada? Que a tintura fosse velha e sem destaque? Aquela ainda era a minha parede e eu gostava dela e do jeito que estava.

Você entende? Ela não devia ser tocada. Ninguém deveria tirar o que lhe deixava comum mas estranhamente bonita. Ela tinha que ter ficado exatamente como estava, porque ela, daquele jeito, já me bastava. Era p suficiente. Eu gostava da minha parede daquele jeito, sem intervenções. Por que alguém iria querer mudar uma coiza minha que, por si só, já era o suficiente? Eu não sabia a resposta mas... mas quando menos esperei, alguém mudou.

Mudaram a minha parede. Entraram porta à dentro, pintaram ela de branco e agora ela não passava de uma parede comum existindo naquele quarto. O pior de tudo era saber que eu deixei que mudassem a minha parede, talvez até a culpa dela ter mudado fosse minha, mas isso aconteceu antes que eu percebesse e agora... agora ela não era mais a minha parede amarela. Era só uma parede, como qualquer outra e eu odiava paredes iguais as outras ── pelo menos costumava não gostar.

E sentia falta dela daquele jeito, daquela cor e de quando não havia intervenção nenhuma, mas agora tudo estava perdido e, por mais que eu olhasse para ela hoje e quisesse comprar a primeira tinta amarela pastel que achasse para pintá-la novamente, sabia que esse tom jamais seria igual ao que tinha lá antes e que aquela parede nunca mais seria a mesma. Tinta nenhuma faria ela ser como antes. Pintar de amarelo não era a mesma coisa ── jamais seria ──  e minha parede amarela não me traria mais o mesmo conforto e, se trouxesse, seria um totalmente ilusório, porque ela não era mais a minha parede amarela e sim uma parede branca mascarada de amarela.

𝚂𝙸𝙽𝙰 • bakOnde histórias criam vida. Descubra agora