34 - Um dia específico, num momento específico...

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penúltimo capítulo.

A realidade me atinge tão em cheio tempos mais tarde que eu nem me dou conta de onde estou até sentir aquele colchão macio que, com certeza, não é o meu

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A realidade me atinge tão em cheio tempos mais tarde que eu nem me dou conta de onde estou até sentir aquele colchão macio que, com certeza, não é o meu. Nem aquele teto, a coberta grossa ou o brilho de led em um tom roxo que dominava as paredes de ponta à outra.

A blusa que eu visto também não é minha. Nem o par de meias, nem os braços extras que circulam a minha cintura apertado.

Mas a consciência apertando e pesando minha mente, com toda certeza sim, porque... eu era uma idiota. Definitivamente idiota, por me deixar levar tão fácil. Mais que isso, por ter feito isso com consciência mesmo sabendo que não deveria. Não deveria mesmo, é o que repito para mim.

Idiota, Lyra. Isso que você é.

Repete e repete. Sinto meus olhos arderem por isso, em seguida minha garganta. Junto com o idiota, minha cabeça emana um perigo em vermelho néon quando me solto dos braços de Gabriel e cato minhas roupas pelo chão do quarto, agradecendo o fato de que ele não acorda e sentindo-me cada vez pior e mais sufocada dentro daquele quarto, perto dele, depois de tudo.

─── Lya?

O pouco resquício que me sobra de paz não dura muito, no entanto. A voz dele ainda soa da cama, baixa e rouca, talvez um pouco confusa, porém não tenho coragem de me virar para ver se sim ou se não. Ao contrário disso, arranco a camiseta pelo pescoço, cada vez menor e menor, um pouco mais idiota, com uma vontade tremenda de sumir.

─── O que você...

Ele pausa, em seguida entende. Há um movimento na cama. Eu ouço, mas não olho. De novo.

─── Lya... ─── usa aquele tom suave comigo. O mesmo que usava depois de uma briga ou desentendimento. O mesmo de quando queria que eu me acalmasse ou relaxasse um pouco.─── Lya, olha aqui para mim!

─── Já pedi para não me chamar assim, Gabriel. Por favor.. ─── Então eu uso o de quase súplica. ─── Eu... me desculpa, mas...

─── Você já se arrependeu...

Não é uma pergunta, então não me empenho em responder. Procuro cegamente os meus sapatos pelo quarto, com a visão turva pelas lágrimas e quando os acho, tenho que atravessa-lo até beirada da cama.

─── Isso não deveria ter acontecido. ─── Eu disse mais para mim do que para ele, ignorando sua presença mesmo quando me sentei na cama e tentei desfazer o nó do cadarço do meu tênis com as mãos trêmulas, respirando pesado.

Não deveria. Não deveria. Eu não podia ter. Não podia deixar, não tão fácil. Mas eu fácil demais para ele, certo? Sempre fui. Nunca precisei de muito. Uma ou duas palavras bonitas e eu já estava cedendo cegamente a tudo. E olha que houve um dia no qual eu pensei que o tempo tinha me deixado mais forte; Que eu nunca mais cairia nesse mesmo jogo, mas, no fim... eu era uma idiota caminhando para um armadilha perigosa. Uma da qual estive uma vez e por pouco não escapei.

𝚂𝙸𝙽𝙰 • bakOnde histórias criam vida. Descubra agora