CONCLUÍDA ✔
A primeira vez que Lyra viu Gabriel, estava pendurada de cabeça para baixo há mais de seis metros do chão. Ainda assim, o peso daquele olhar castanho sob o seu nos três segundos que eles se encontraram fez com que os cabelos da sua nuca...
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─── Então.. O quê você achou?─── Pergunto a Gabriel enquanto saíamos do teatro.
Seu corpo estaca perto e por um momento eu senti meu rosto quente. Eu não era o tipo de pessoa tímida - estava longe disso - mas havia algo nele que me deixava tão sem jeito quanto curiosa. Parecendo notar, Gabriel me encarou de lado antes de acariciar minha mão com o polegar levemente.
─── É novo, nunca tinha assistido algo assim. Não é muito a minha praia, mas eu gostei até. ─── murmurou. ─── O que me deixa curioso sobre uma coisa...
─── O que?
Perguntei de volta, encontrando brevemente sua atenção.
─── Que além de se pendurar no ar, você também canta, dança e isso tudo enquanto atua? O que mais você sabe fazer, Lyra?
Não pude conter o riso, passando a mão pelo rosto.
─── Eu sou muito boa em cozinhar, sei fazer malabarismo com laranjas e tenho um ótimo sexto sentido. ─── murmuro, enumerando com os dedos.
─── Eu gostaria de ver um dia.
─── Eu cozinhando, fazendo malabarismo ou adivinhando alguma coisa com meu sexto sentido?
Franzi a testa. O garoto ao meu lado riu, arqueando o olhar.
─── Você atuando.─── Respondeu. ─── Eu não conseguia ter uma imagem sobre como seria e depois de hoje eu ainda não tenho uma direito, mas confesso que isso me deixou mais curioso sobre como seria com você estando lá.
─── Ah...
Respondi, rindo baixo. De alguma forma, o fato de ouvi-lo querendo me ver nos palcos apenas me deixava ainda mais nervosa, como se eu tivesse algum tipo de obrigação de soar perfeita para seus olhos.
Isso não era comum. Eu tinha crescido em volta dos olhares das pessoas e nunca tinha tido essa sensação. Desde pequena, as atenções do público sempre estiveram em mim, independente do papel que eu desempenhava no circo e eu estava acostumada a lidar com elas, com os aplausos e elogios.
Ainda assim, tudo que dizia respeito ao garoto ao meu lado, quem eu mal conhecia direito, era diferente de tudo que eu estava acostumada. Não sabia dizer o porquê, se era bom ou ruim.
Deus, acho que quero beijá-lo de novo.
Ouvi outra risada.
─── O quê?
─── Nada, é só estranho pracaralho te ver sem jeito. Tu não parece ser alguém que fica assim facilmente.
─── Pra ser sincera, na maioria das vezes não fico mesmo. ─── admiti. Essa era outra qualidade (ou defeito meu); eu gostava de ser sincera. ─── Mas, de alguma forma, eu fico perto de você. Nervosa e curiosas, são as palavras certas para descrever. É estranho...
