Nick - Capítulo 28 - Que desperdício de conhecimento.

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 Algumas regras foram estabelecidas sobre nossa presença na festa: A primeira era que nem Leo, Olivia ou Luana (Que caiu de gaiato nessa história também) poderiam me deixar sozinho na festa. A segunda, se algo me incomodar, os quatro iriam embora da festa na hora, sem retrucar ou discordar, apenas vazar de lá.

Um fato curioso sobre as festas de Nathan, elas eram feitas do dia pra noite, então basicamente, a festa era na segunda-feira, o dia seguinte do dia em que recebemos a mensagem. Nathan sempre teve a filosofia de que nada planejado por muito tempo dava certo, as melhores coisas eram feitas na hora, não é atoa que ele vai virar pai.

Mas eu só topei ir mesmo porque sei que não vou sofrer junto, Luana não gostava nem um pouco de Nathan (embora ela disfarce melhor que eu), mas ela não deixaria Olivia sozinha em uma festa com ele. E Olívia também tem suas pendências e desconfianças de Nathan, no final de tudo aquela festa poderia se tornar uma grande cobrança de contas ao anfitrião, e eu não perderia a chance de cobrar a minha taxa.

E para não esbarrar de cara com o sujeito, nos encontramos na frente da casa de Luana, eu cheguei cedo e fiquei reclamando com ela o quanto aquilo era uma má ideia e ela passou todo esse tempo concordando comigo. Até um momento em que a porta da casa dela abriu e o irmão dela e a namorada saíram arrumados.

- Huuuuuu! Aonde vão tão arrumados assim? - Perguntou Luana

- Vamos a festa com vocês - Respondeu Elis

Eu e Luana estávamos sem entender nada e, muito provavelmente, com cara de tacho para eles.

- Vocês realmente acharam que eu ia deixar vocês entrarem na toca do lobo sem reforços? - Perguntou Gus

Eu não sabia se ficava aliviado ou preocupado, Gus era o dobro do tamanho de Natan, na verdade Gus era o dobro do tamanho de qualquer pessoa que eu conheço, o cara era realmente alto, daria um ótimo jogador de basquete se quisesse. Mas caso estoura-se uma briga, ele seria a melhor defesa que teríamos, convenhamos, eu e Leo estamos totalmente fora de forma, estávamos levando uma grávida e Luana não tem cara de que se envolve em muitas brigas. Após alguns segundos, sério foi bem rápido, Leo e Olívia chegaram ao nosso encontro.

- Oi gente! - Disse ele - Ue? Vocês também foram convidados?

- Não. - Respondeu Gus - Mas meu coração ficou partido por não receber o convite e vamos mesmo assim.

Leo me olhou com uma cara de "Isso me cheira ideia sua", e eu o respondi com minha cara de "Não tenho nada haver com isso".

- Como você está? - Perguntou Elis a Olivia

- Estou bem, me alimentei antes de sair de casa. - Respondeu ela - Dessa vez não acontecerá nenhum imprevisto.

Estava um clima meio tenso ali, Luana e Olivia nem se olharam, elas tiveram uma briga feia da última vez que se viram, pelo que Leo me contou. E aparentemente quem convenceu Luana a ir hoje foi Leo, e pelo visto ela pediu ao irmão para que fosse também.

- Então vamos? - Disse Gus - Não quero chegar atrasado, as melhores bebidas acabam no começo.

...

Um pequeno detalhe sobre as festas de Nathan: Elas são insanas. Já começamos pelo fato de que sempre tem um tema bem específico, e as pessoas vêm fantasiadas com ele, dessa vez tinha um bando de adolescentes parecendo que saíram da novela mexicana Rebelde.

- Era pra gente ter vindo vestido assim também? - Perguntou Elis

- Eu não usaria uma roupa dessas. - Falou Luana

- Que isso! Você ficaria uma gracinha com uma mini saia dessas. - Caçoou Gus

Todos rimos daquilo, mas a felicidade durou pouco, Nathan já havia nos visto e vinha em nossa direção. Eu respirei fundo, Leo me encarava passando confiança, ele tocou minha mão de leve, mostrando que queria estar segurando ela, mas sabíamos que ainda não era a hora.

- E ai galera! - Falou ele se aproximando - Que bom que vocês vieram, podem ficar à vontade, tem bastante bebida. Eu volto já, tenho que resolver um problema com o gelo.

Ele atravessou o nosso grupo ao meio, e surpreendentemente dessa vez ele não esbarrou em ninguém no caminho. Nós nos entreolhamos por um tempo esperando chegar-mos a uma conclusão.

- Eu não vou negar cerveja de graça. - Disse Gus passando a frente de todos e entrando na casa

Elis foi atrás dele e por fim entramos todos, a casa estava a bagunça de sempre, lixo por todo chão, adolescentes se pegando em todo canto, a fila do banheiro já estava lotada, pelo menos parecia ter novas pichações nas paredes desda ultima vez que vim aqui. A churrasqueira na varanda de trás estava acesa, era uma fogueira de queima dos materiais escolares, livros e cadernos eram jogados toda hora para alimentar o fogo.

- Que desperdício de conhecimento. - Comentou Leo

- Que conhecimento? Você acha mesmo que eles copiavam alguma coisa nesses cadernos? - Comentei

Leo abriu um sorriso bobo para mim, ele deveria estar aliviado por eu não ter transformado aquilo em uma disputa de ofensas até Nathan partir para uma disputa de quantos socos eu aguento sem perder a consciência. Gus e Elis apareceram novamente já com seus copos cheios.

- Vocês já viram a pista de dança? - Disse ele - Até que está tocando música boa.

A "pista de dança" nada mais era que um dos cômodos da casa (provavelmente um quarto) com um som alto, luzes piscantes e playlists ressuscitadas dos MP3. Tocava pop enquanto um monte de gente alternava entre dançar, beber, fumar e se beijar.

- Bora! - Falou Gus puxando Elis para o meio

Luana, Olivia, Leo e eu nos entreolhamos, sorrimos e fomos para o meio da sala dançar também. Era tão incrível estar ali, com as pessoas que eu gostava, estava tudo tão bom que por um segundo eu ousei beijar o Leo ali mesmo, mas logo em seguida me afastei dele assustado.

- Me desculpa. - Eu dizia

Leo olhou para os lados, não parecia que ninguém havia notado, estávamos na parede de fundo do cômodo, ele sorriu para mim e me puxou para mais um beijo.

- Eu também não aguento ficar longe de você por muito tempo. - Ele falou em meu ouvido

E se afastou novamente para dançar, eu o acompanhei na dança em meio a passos improvisados com Olivia, Luana, Gus e Elis. Até uma mão tocar meu ombro e eu parar.

- Podemos conversar por um minuto? - Pediu Natan em meu ouvido.

Do Meu ao Seu InteriorOnde histórias criam vida. Descubra agora