Nick - Capítulo 2 - Eu pensei que era uma festa

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Bem, como toda história tem duas ou mais versões, com essa não poderia ser diferente. Assim, vou recomeçar esse relato pela minha perspectiva.

Oi! Eu sou o Nick, ou como fui batizado, Nicolas. Mas vamos manter "Nick", é mais legal. Eu tenho 18 anos e também moro nesse mesmo município do RJ, Serra Grande. Outubro para mim já estava uma merda, primeiro eu briguei com meu melhor amigo e ele fez com que todo meu grupo de amigos parasse de falar comigo. Me matava ser completamente ignorado por eles nos corredores da escola. Eu os conhecia desde que éramos crianças e eles eram os únicos amigos que eu havia conhecido desde então. Ter que lidar com sua distância era aterrorizante e eu estava muito mal com a situação, me sentia sozinho e perdido.

Passei a primeira semana daquele mês trancado em meu quarto, sem sequer me importar com a perda das aulas. Mas com o tempo, minha mãe me incentivou a voltar. Resolvi voltar para a escola na quarta-feira da segunda semana, e logo de cara, encontrei com eles no portão de entrada. Saudei-os com um "Oi" meio tímido, que foi ignorado. Embora já fosse esperado, aquela atitude doeu como uma facada. Passei o resto do dia mal, novamente sem querer sair do quarto, mas resolvi tentar ir novamente na quinta e, dessa vez, eles preferiram se afastar todas as vezes que me viam. E cada afastamento doía ainda mais. Foi naquela sexta-feira, que ouvi o burburinho sobre a festa no corredor.

- Qual fantasia pretende usar para a festa do Natan? - Perguntou a menina magra de cabelos na altura dos ombros.

- Vou de diabinha. - Respondeu a outra menina de cabelos black com as laterais raspadas (Devo admitir que esse cabelo caia muito bem nela).

- Com licença. - Me intrometi na conversa. - Eu perdi meu celular e estou sem as informações da festa, mas eu já consegui um novo, você pode me mandar o convite de novo?

- Claro! - Respondeu a menina de Black. - Qual o seu número? - Passei meu número a ela. - Qual seu nome?

- Nick. - Respondi sorridente. - vocês vão?

- Sim, vai ser bem divertido. - Respondeu a outra menina. - pelo jeito você também vai, né?

- Sim. - A mensagem chegou ao meu celular. - Chegou o convite, obrigado.

- De nada, mano! - Respondeu a menina.

- Nos vemos na festa! - Falou a outra menina.

Fui até o lado de fora e peguei minha bicicleta que estava no estacionamento e fui para minha casa. Durante o percurso eu fiquei me perguntando o que caralhos eu ia fazer? Eu não tinha nenhum plano, ia simplesmente entrar de penetra na festa dele e tentar resolver as coisas? Bom, em algum momento, conseguiria bolar um plano.

Ao chegar em casa minha mãe me recepcionou com um olhar preocupado. Nos últimos dias ela havia começado a ficar apreensiva me vendo do jeito que eu estava. Ela é a mulher mais forte que eu conheço, mas ver o filho triste deve partir o coração de qualquer mãe.

- Como foi a escola filho?

- Normal. - Respondi ainda pensativo sobre as atitudes que eu deveria (ou, mais provavelmente, não) tomar - Acho que vou a uma festa essa noite.

- Que evolução! - Ela afrouxou um sorriso no rosto. - Vamos almoçar e conversar sobre isso.

A mesa já estava posta, era macarronada e eu amava. Na casa vivíamos minha mãe e eu. Meu pai nos deixou quando eu era mais novo e minha mãe cuidou de tudo como pôde. Ela trabalhava num regime de meio período em uma loja e por isso podíamos almoçar juntos. Sentei à mesa, que era consideravelmente pequena, com ela a minha frente colocando a comida.

- Que festa é essa?

Eu olhei a arte no celular, terrivelmente poluída e exagerada, com personagens de filmes de Terror. Era bem a cara deles fazer algo assim.

Do Meu ao Seu InteriorOnde histórias criam vida. Descubra agora