Leo - Capítulo 11 - Estou uma bagunça de novo.

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 O resto do dia fora tranquilo, em partes. Olivia chegou na minha casa, recebeu um abraço dos meus pais, foi para o banho e depois adormeceu em sua nova cama. Eu aproveitei para explicar a situação toda para os meus pais, contando-os sobre o problema da mãe dela com a depressão, o padrasto abusivo, o namoro com a Luana, o rolo com o Natan e a nova bomba, sua gravidez.

A reação deles foi menos pior do que o esperado, após um tempo de conversa, Olivia acordou e desceu para a sala, tivemos mais um longo diálogo, todos juntos desta vez, e, por fim, foi decidido que ela permaneceria conosco pelo tempo que precisasse, até ajeitar as coisas. Ela estava melancólica, provavelmente se sentia culpada. Estava calada de mais, e isso me incomodava. Então, eu resolvi fazer uma sessão pipoca, para ver se isso a alegrava.

Estava anoitecendo, e na TV passava "A Garota da Capa Vermelha", que havia acabado de sair dos cinemas. Mas, enquanto o filme corria, eu conversava com o Nick por mensagem. Ele estava estranho, desde a conversa sobre a faculdade (sim, eu podia perceber isso por uma simples mensagem de texto).

- Quais são os seus planos para quando terminar o ensino médio? - Perguntei avulso.

Olivia me encarou, meio perdida, e então, eu percebi que talvez nenhum plano que ela tenha feito pudesse vir a se concretizar, devido a situação pela qual ela estava passando.

- Eu não sei. - Disse ela, cabisbaixa.

- Desculpa, não tive a intenção de...

- Eu sei. - Ela me interrompeu. - Só não sei o que vai ser de mim daqui para frente. Talvez eu devesse largar a escola e arrumar um emprego, para conseguir uma casa e sustentar a minha filha.

- Já estamos perto de terminar o terceiro ano, só mais algumas semanas. Não é melhor terminar tudo e depois focar no seu filho?

- Meu filho é meu foco agora, independentemente de tudo. - Respondeu ela, alisando a barriga, que ainda era pequena e sem formato. - Mas, você tem razão, eu aguento mais algumas semanas para, pelo menos, terminar o ensino médio.

- E quanto ao Natan? - Perguntei, meio receoso. - Pretende contar a ele?

- Não. - Ela respondeu, sem olhar para mim. - Mas, isso vai chegar até ele, de um jeito ou de outro.

- E você vai fazer o quê?

- Eu não sei... - Ela começou a chorar do meu lado.

Eu a abracei e a amparei no meu ombro por um tempo, depois ela parou e foi ao banheiro. Um grito do lado de fora da casa me assustou, alguém me chamou. Mas, àquela hora, quem seria? Abri a porta e no meu quintal estava o Nick, de bicicleta e com um violão na mão.

- O que você está fazendo aqui? - Perguntei a ele.

- Puxa, ainda bem que eu acertei a casa. - Disse ele. - Aqui não tem sinal e eu não conseguia falar com você.

- Acho que você não tinha muita opção de casas por aqui. - Respondi.

Nesse meio tempo, a Olivia apareceu por trás de mim, para ver o que estava acontecendo.

- O que ele faz aqui a essa hora? - Perguntou ela, observando-o.

- Bom! - Ele abriu um sorriso ao vê-la - o Leo falou que você estava meio para baixo ainda, e uma vez ele comentou que as estrelas daqui são muito melhores do que as de qualquer lugar na cidade. Então, eu aproveitei para visitar vocês e fazermos um luau, para ver se isso anima os nossos ânimos.

Um sorriso se instalou no rosto de Olivia, era uma oferta que não dava para recusar. Avisei aos meus pais o que iríamos fazer. Minha mãe aproveitou para olhar pela janela e ver como Nick era, sem ser nem um pouco discreta. Peguei um lençol para cobrir o chão, estava calor pois já estávamos chegando no verão (como se o Rio de Janeiro precisasse de um verão para fazer calor). Fomos até o morro que tinha ao lado da minha casa, ele tinha uma vista mais limpa das estrelas e o gramado era mais confortável. Olivia e eu estendemos o lençol no chão e sentamos com as cabeças para cima, olhando as estrelas.

Do Meu ao Seu InteriorOnde histórias criam vida. Descubra agora