Nick - Capítulo 32 - Só a água?

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Que adrenalina, nunca fiz uma trilha tão rápido, também não fazia muitas trilhas por aí, vou ser sincero. Eu estava imaginando a chuva vir e nós dois perdidos no meio do mato cheios de lama, ainda bem que chegamos fora da trilha antes dela cair. E nossa, que beijo foi aquele, sempre via em, filmes românticos isso acontecendo e eu sonhava em fazer isso com alguém, mas eu nunca tive esse alguém até Leo aparecer.

Chegamos na casa do Leo e paramos na varanda respirando fundo e olhando para a paisagem ao redor, estava uma neblina gigantesca, a chuva caia forte e o som dos trovões ecoavam, mal dava pra enxergar a serra de onde viemos, o dia ensolarado escureceu totalmente, e ainda era meio dia. A mãe de Leo abriu a porta e deu um grito.

- Você não sabe atender o telefone não?

- Desculpa, viemos correndo e eu não o ouvi tocar. - Respondeu Leo

- Entrem os dois, pro banho direto. - Falou ela

Ela nos empurrou sala adentro e nos arremessou para dentro do banheiro.

- Já trago roupas secas pros dois. - Ela disse batendo a porta

- Devo comentar sobre sua mãe ter nos colocado pra tomar banho juntos? - Eu falei

Léo passou por mim e trancou a porta.

- Só por precaução. - Falou ele

Tiramos nossas roupas encharcadas e as deixamos em um canto do box, é tipo, o box do banheiro da casa do Leo era bem grande, cabia mais três pessoas ali dentro com a gente. Ele abriu o choveiro.

- Vê se está bom. - Pediu ele

Coloquei meu braço, a água estava quentinha

- Uma delicia. - Respondi.

- Só a água? - Disse ele olhando para baixo

- Desculpa. - Falei meio embaraçado

- Tá tudo bem. - Ele respondeu pegando o sabonete

Ele começou a me ensaboar, passou o sabonete para a minha mão e eu fiz a mesma coisa, passando a mão sobre o corpo dele enquanto ele desenhava minha silhueta com as dele, nós perdemos no meio da ação e começarmos a nos beijar, encostei ele na parede enquanto minha mão descia. Então paramos com o barulho de um toque na porta.

- Deixei as roupas aqui fora. - Falou a mãe de Leo

- Tudo bem, Mãe! - Respondeu ele

Começamos a rir encostando uma testa na outra e só terminamos o banho normal. Eu tive que usar algumas roupas do Leo, ainda bem que vestimos o mesmo número, a chuva ainda caía forte lá fora.

- Venham comer. - Falou a mãe de Léo ao nos ver fora do banheiro

A mesa estava posta e eu sempre me impressionava com a quantidade de comida que eles faziam, afinal em minha casa a comida era pras duas pessoa, alí eram pra quatro, e especialmente hoje tinha mais um. O pai de Leo já estava sentado à mesa acompanhado de Olivia que abriu um grande sorriso para mim. Passamos todo o almoço descrevendo a subida e principalmente a descida da serra, claro, ocultando certos detalhes. E no fim ficamos na sala assistindo um filme juntos contando sobre tudo o que rolou de verdade para Olivia.

- Onde está o buquê? - Perguntou Ela

- Meu Deus! Acho que esqueci ele lá em cima antes de descermos - Falou Leo - Me desculpa!

- Tá tudo bem meu amor. - Eu o respondi

Mas estava mesmo preocupado com a hora, enquanto se aproximava a noite e a chuva não parava e fui bloqueado de sair de lá.

- Eu vou rapidinho, não precisa se preocupar. - Eu dizia tentando convencer Leo

- Claro que não, você fica aqui. - Ele respondeu

- Eu não tenho como. - Eu falei

- Porque não. - Perguntou ele cruzando os braços

- Vou pensar em um motivo e te respondo.

Ele emburrou a cara, e eu não consegui dizer não a ele.

- Tá bem.

Ele comemorou e me abraçou.

- Só vou ligar pra minha mãe avisando.

Ela concordou que era melhor eu ficar ali com aquele tempo horroroso, ela me prometeu que sobreviveria sem mim em casa, então eu fiquei mais tranquilo. A noite, no quarto do Léo foi o mesmo esquema da última, a mãe dele organizou um colchão no chão para eu dormir, e quando ela se foi juntamos tudo e dormimos na cama juntos, ficamos deitados de conchinha olhando a chuva cair na janela enquanto eu fazia carinho no cabelo dele.

- Nick!

- Hun!

- Vai ficar tudo bem.

- Isso é uma pergunta ou uma afirmação?

- Eu não sei. - Ele respondeu cabisbaixo

- Está tudo bem? - Perguntei

- Sim. - Ele respondeu - Só coisas da minha cabeça.

Ele se virou pra me encarar, me deu um beijo forte e intenso, do tipo que nunca tivemos, sorriu para mim e se virou novamente para dormir. Eu estava sem entender o que ele queria me dizer, eu pensei que, apesar da chuva, tinha sido um dia incrível, eu estava confuso e preocupado, mas me forcei a dormir.

Do Meu ao Seu InteriorOnde histórias criam vida. Descubra agora