O resto da tarde foi ótimo, assistimos aos filmes, comemos pipoca e conversamos bastante tentando evitar um pouco o que aconteceu com Luana. Na hora de ir embora tivemos que passar na escola para pegar a bicicleta do Leo.
- Perdeu uma tarde inteira de leitura. – Comentou ele.
- Tudo bem, valeu muito a pena.
Ele me respondeu com um sorriso. Chegamos ao estacionamento da escola e ele soltou a bicicleta.
- Já vou indo, está ficando tarde. – Falou ele, subindo na bicicleta. – Onde está a sua?
- Eu vim andando. Tava precisando esfriar a cabeça pra não explodir com você.
- E funcionou? – Perguntou ele.
- Não na caminhada... – Respondi.
Ele riu da insinuação.
- Tchau, Nick.
- Tchau, Leo.
Ele se foi e eu iniciei minha caminhada até em casa. Após alguns minutos andando, reparei uma pessoa sentada na calçada chorando muito. Não gosto de ver ninguém mal, e tinha a impressão de que a conhecia de algum lugar. Olhando melhor, percebi quem era. Me sentei ao seu lado na calçada sem aviso prévio e ela se assustou.
- O que faz aqui? – Perguntou ela.
- Eu te pergunto o mesmo, o que faz aqui?
- Eu moro aqui. – Respondeu ela, com os olhos vermelhos.
- Nessa casa aqui? – Perguntei apontando para a casa atrás de nós.
- Sim... e você? O que faz aqui?
- Estava caminhando, te vi aqui e resolvi dar um oi. Oi!
- Oi! - ela respondeu sorrindo.
- Sou o Nick. – Estendi minha mão para ela.
- Sou Olivia. – Ela apertou minha mão.
- Que merda o que aconteceu, hem!
- Você já sabe? – Ela perguntou espantada.
- Não gosto de me meter nesses assuntos, já me ferrei muito por conta disso, então fico quieto. E também não acho que sou capaz de julgar ninguém.
- Você fala igual ao Leo. – Ela comentou.
Eu soltei um sorriso, essa comparação era muito estranha. Imagina que loucura, pensar que alguém tão foda como ele poderia ter algo em comum comigo.
- Leo é um cara bacana.
- O conhece? – Ela perguntou surpresa.
- Somos amigos.
Ela esboçou um olhar de segundas intenções.
- O que foi? – Perguntei.
- Nada... – Ela deu um sorriso malicioso.
- Tudo bem... eu só vim até aqui porque não gosto de ver pessoas tristes. Você sabe, né?! Sou o palhaço da turma.
Ela riu disso, mas logo voltou à tristeza olhando para a rua.
- To vendo que as coisas não estão tão bem assim. – Comentei. – Quer falar algo?
Ela olhou pra mim com surpresa.
- Eu sei como é, parece que o mundo todo está desmoronando a sua volta e você não sabe o que fazer em seguida, olha para o lado e não encontra ninguém que pareça se importar com você. Isso faz você se sufocar com as palavras por ter tanto a dizer, mas ninguém para ouvir.
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Do Meu ao Seu Interior
RomanceLeo e Nick são dois jovens cursando o último ano do ensino médio em uma cidade do interior do Rio de Janeiro. Leo mora na parte mais abastada do município, numa fazenda acessível apenas pela longa estrada de terra que delimita os limites da cidade...