Nick - Capítulo 22 - Sabe o porquê de eu gostar tanto dos animais?

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 A viagem de volta para o sítio foi bem silenciosa, Olivia encostou sua cabeça no ombro de Leo e foi cochilando, enquanto ele segurava minha mão e a apertava forte, como se fosse para ter certeza de que eu não escaparia por entre seus dedos e fosse embora.

Chegamos na dele casa e Olivia foi levada com cuidado para seu quarto, onde a deixaram dormindo confortavelmente. Logo depois, a mãe do Leo arrumou uma cama no chão do quarto dele para mim e pediu que ele me emprestasse uma roupa confortável para dormir, mas assim que ela saiu do quarto ele trancou a porta e pegou todas as cobertas extras e o travesseiro e colocou junto a cama de solteiro dele, teríamos que nos espremer ali, mas valeria a pena. Ele deitou abraçado ao meu peito. Com a mão passando por trás da cabeça dele, eu fazia cafuné em seu cabelo cacheado, o que aconteceu para ele estar daquele jeito, tão emotivo?

- Obrigado por estar aqui. - Disse ele.

- Não há nenhum outro lugar no mundo que eu quisesse estar.

- Tem certeza? - Ele perguntou. - E no show do Nirvana?

- Poxa! Ai você tocou em um ponto sensível.

Ele soltou uma leve risada.

- Eu sabia!

- Mas, nenhum show seria legal se eu não tivesse você ao meu lado.

Ele levantou sua cabeça para me encarar, seus olhos estavam iluminados pela pouca luz que entrava da janela mas mesmo assim dava para vê-los brilhar olhando para mim.

- Eu estava apavorado. - Ele soltou no ar.

- Com o que aconteceu no hospital? - Ele concordou com a cabeça. - Mas você pareceu tão calmo.

- Aprendi a manter a calma em momentos assim. - Ele respondeu.

- Por que?

Ele virou o rosto para não me olhar, se levantou e sentou na beira da cama.

- Meu pai tinha problemas com bebidas, ele nunca bateu em mim ou na minha mãe, mas às vezes era agressivo com as palavras e tinha mania de quebrar a casa toda. Já perdi a conta de quantas vezes tivemos que mobiliar a cozinha.

- Eu não fazia ideia. - Eu sentei na cama, ao lado dele.

- Ele mudou, parou de beber. Mas, quando isso acontecia, meu cérebro travava em meio ao caos, meus sentimentos congelavam e eu só pensava em como sair dali e levar minha mãe comigo. Já houveram noites em que dormimos no carro para não ficar na mesma casa que ele.

Ele fez uma pausa, eu passei a mão em seu ombro lhe transmitindo força.

- Mas isso nunca deixou de ser desesperador, de me assustar.

Eu o abracei forte e ele retribuiu.

- Então! Obrigado por ter vindo pra cá hoje. - Ele disse.

Eu tombei para trás com ele ainda em meus braços e deitamos novamente na cama.

- Não precisa me agradecer. - Disse dando um beijo nele.

Depois disso fomos dormir, ambos estávamos exaustos e já era bem tarde. No dia seguinte, Leo acordou cedo, destrancou a porta e foi se aprontando. Eu acordei com o movimento dele no colchão, o agarrei por trás enquanto colocava a camisa e o puxei para a cama de novo.

- Porque tão cedo? - Perguntei. - Hoje é sábado.

- Cedo? Já são meio-dia. - Respondeu ele.

- E isso não é cedo?

Ele me tacou o travesseiro e se levantou.

- Já está na hora do almoço, e tenho que arrumar esse quarto para parecer que você dormiu no chão.

Do Meu ao Seu InteriorOnde histórias criam vida. Descubra agora