Leo - Capítulo 21 - Eu já disse que estou bem. Eu não preciso de caridade

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 Depois da linda vista da roda gigante, nós passamos o resto da noite indo em brinquedos que não envolvessem altura, a não ser pela montanha-russa em que foram Luana, Nick, Gus e Elis. Eu e Olivia ficamos de fora, fazendo um lanche.

- Como foi o passeio na roda gigante? - Perguntou ela, colocando um punhado de batatas frita na boca.

- Foi legal, apesar do medo de altura, foi tranquilo.

Ela sorriu para mim como se estivesse olhando filhotes de cachorros brincando.

- E você e a Luana? - Me atrevi a perguntar. - Como estão?

Ela se calou por um tempo, molhou a boca com refrigerante, tomou um ar e respondeu:

- Nos acostumando a ser só amigas. Aparentemente é mais difícil para ela, o que torna difícil para mim, também.

Se colocar no lugar de outra pessoa nunca foi uma dificuldade para mim, eu era acostumado com interpretação de texto e exemplos complexos dos livros de investigação criminal que eu lia. Então eu imaginei isso acontecendo comigo e com o Nick. É claro que era uma balança totalmente desregulada, Luana e Olivia passaram meses juntas, enquanto eu e Nick estávamos juntos há apenas duas semanas. Mas, mesmo assim, era fácil de entender a relutância de Luana e a dificuldade de Olívia para serem só amigas.

- Posso me sentar aqui? - Perguntou uma voz, interrompendo meu raciocínio e as batatinhas de Olívia.

Era Nathan com toda a cara de pau do mundo e um cachorro-quente na mão.

- Sim. - Respondeu ela, após um breve tempo em silêncio.

Ele sentou entre Olivia e eu, estávamos em uma daquelas mesas quadradas de bar que tinham quatro cadeiras, uma em cada extremidade, eu estava sentado em uma ponta e Olívia em outra, para ficarmos de frente um para o outro e conversarmos olho-no-olho. Ele pegou a cadeira de um dos lados, sentou e ficou em silêncio por um tempo, a torta de climão estava servida à mesa.

- Estão animados para as férias de verão? - Perguntou ele, quebrando o gelo.

Eu balancei a cabeça respondendo que sim, eu realmente tinha um grande pé atrás com ele por todas as histórias que já escutei de Olívia e Nick. Eu deveria odiá-lo? Provavelmente sim, mas não poderia tomar minha decisão final sobre uma pessoa com base no que outras pessoas me disseram. Minha ideia sobre ele deveria ser formada pelo nosso convívio, e ele havia me tratado bem, em todas as ocasiões em que estivemos juntos. Mas é claro que alguns lobos se vestem de cordeiro no começo da história, e eu não era ingênuo também, tinha uma noção do terreno em que estava pisando e vi uma chance de avaliar esse indivíduo.

- O que pretende fazer agora que terminou o ensino médio? - Perguntei a ele.

- Iniciarei meus estudos em uma faculdade de matemática. - Respondeu ele, sem pensar duas vezes.

- Que escolha interessante. - Eu falei.

- Por quê? - Perguntou ele confuso.

- Você tem porte atlético, sempre o vejo no campo jogando futebol, imaginei que se interressaria por algo mais voltado para educação física.

- Não se pode julgar o livro pela capa. - Falou ele, em meio a uma risada.

Olívia estava calada, devorando suas batatinhas, talvez imaginando o que aconteceria quando os outros voltassem da montanha-russa.

- E o que você pretende fazer? - Ele me perguntou.

- Literatura, na PUC.

- Uau, espero que consiga nota para isso.

Do Meu ao Seu InteriorOnde histórias criam vida. Descubra agora