Leo - Capítulo 9 - Cuide dela, por favor

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Passar a noite conversando me fez acordar tarde no sábado. E, quando digo tarde, quero dizer às 13h. Quando desci do meu quarto a mesa do almoço já estava posta e meus pais estavam sentados, comendo.

- Pensei que não ia mais acordar. - Caçoou meu pai. - Quase liguei para o IML e pedi para levarem o corpo.

- Senta, filho! - Disse minha mãe, serena como sempre.

Sentei-me entre os dois, ainda com a cara amarrotada, o cabelo desgrenhado e embaraçado.

- Como foi com seu amigo? - Perguntou a minha mãe, oferecendo a jarra de suco de laranja. - Ficou praticamente o dia todo na rua ontem.

- Ele tem depressão, não estava se sentindo bem, havia sumido da escola por três dias. Então achei melhor ir vê-lo.

- E ele está se sentindo melhor? - Perguntou meu pai.

- Sim. - Respondi. - Conversamos a noite toda pelo celular, eu acredito que tenha melhorado, pela forma que estava me respondendo.

- Com você como amigo, ele com certeza irá melhorar. - Respondeu minha mãe.

- O que quer dizer com isso? - Questionei.

- Você tem uma aura de paz e tem tanta bondade dentro de você... Se passar 25% do que exala para ele, ficará bem em instantes. - Ela sorriu para mim ao dizer aquelas palavras.

Naquele momento, entendi de onde vinha toda a paz que ela disse que eu emanava, era dela. Tudo vinha dela, meu pedaço de paz na terra conturbada e barulhenta. O resto do almoço foi silencioso. Após terminar, retiramos a mesa e, dessa vez, era minha vez de lavar a louça.

Uma mensagem do Nick chegou no celular, mas com a mão molhada não pude ver o que era. Alguns minutos depois ele ligou.

- Desculpa, eu estava ocupado e não consegui ver sua mensagem. - Respondi ao atender.

- Eu preciso de ajuda. - Respondeu ele, do outro lado da linha.

- Aconteceu algo?

- Consegue vir aqui? - Perguntou ele.

- Quem é? - Perguntou minha mãe, me vendo ao celular.

- É o Nick, eu posso ir vê-lo? - Respondi.

- É claro. - Respondeu ela.

- Estou a caminho. - Respondi a ele.

- Sabe onde Olivia mora? - Perguntou ele.

- Sim.

- Então, me encontra na frente da casa dela. - Ele respondeu.

- Ok.

Peguei a bicicleta e saí em disparada.

- Onde vai? - Perguntou meu pai ao me ver passar na velocidade de uma bala.

- Acho que aconteceu algo...

- Então vai! - Ele me interrompeu. - Coloquei óleo nas correntes, ela vai estar a todo vapor.

- Obrigado, pai.

Subi nela e acelerei como nunca antes, a velocidade fazia subir uma nuvem de poeira da estrada de terra seca. Em alguns minutos eu já havia chegado ao asfalto, e me vi seguindo em direção à casa da Olivia, na mesma velocidade. Já havia os visto de longe, Nick e Olivia estavam sentados na calçada, conversando. Enquanto eu me aproximava, notei que Nick estava com o cabelo preso, usando tênis, uma bermuda preta e uma camiseta azul-escura da adidas, na qual estava escrito "just do it". Ele estava com os fones pendurados no pescoço e plugados ao celular, que estava em seu bolso. Olivia estava vestida da forma habitual, com uma bermuda jeans e uma camisa amarela. Porém, seu rosto estava inchado, de tanto chorar. Havia uma mala e uma mochila atrás dela. Nick parecia fazer de tudo para acalmá-la, e quando me viu se aproximando, ele se levantou para me recepcionar.

Do Meu ao Seu InteriorOnde histórias criam vida. Descubra agora