●Quinta-feira
>> Luke
> 15:00Dizem que existem cinco fases para o luto.
A primeira é a negação. "Isso não pode estar acontecendo, não com ela, não tirando ela de mim". É exatamente sobre querer negar a qualquer custo que isso tenha acontecido, justo com nós, justo com ela.
A segunda é a raiva. "Por que ela?", "ela era boa, minha amiga, minha avó, cuidava de mim e me aconselhava", e então se revolta por não achar motivos. Por isso, de novo e de novo, "por que ela?".
A terceira é a da barganha. Uma questão de negociar consigo mesma ou com os outros para que isso aconteça. Uma tentativa de adiar os temores diante da situação. Buscamos firmar "acordos" que teriam o poder de mudar. Nos culpamos e achamos que poderíamos ter feito algo para mudar o inevitável.
A quarta é a depressão. Onde sentimos o verdadeiro impacto da perda.
A quinta, e última, é a aceitação. Sentimos falta, mas aceitamos que a perda é algo inevitável.
Acho, apenas, que devia existir uma fase 4.5, que seria a busca por um escape. Onde queremos qualquer coisa que nos faça esquecer da dor que sentimos.
Bella não teve tudo isso separadamente, muito menos em ordem, mas passou por todos um pouco e rapidamente. Ficou reclusa, teve raiva, se perguntava o porquê, até agora... Onde ela está na fase sugerida por mim.
Segundos atrás entrei em seu quarto e ao deitar no lado dela, enxerguei a tela do celular e as mensagens que ali contiam.
"E se eu quisesse mais do que uns amassos?"
Era o que ela tinha mandado. Para vários.
A primeira tela da lista de mensagens tinha apenas garotos, e tudo bem se ela sempre fosse assim. Mas o problema é exatamente a questão de que não era.
Sempre havia um ou dois garotos, mas os 7 primeiros com a mesma mensagem é algo nada normal. Por isso fico quase assustado quando vejo.
Eu- o que você está fazendo? - puxo o celular da sua mão rapidamente e levanto, esticando o braço para o alto onde seus pulos não alcançam.
Desse jeito, com apenas uma mão, consigo apagar esse tipo de mensagem de todos para quem ela mandou antes de visualizarem.
Eu- sem celular pra ti hoje - coloco em cima do bidê ao lado de sua cama e seguro ela para que não consiga pegar - para com isso, Bella.
Bella- por que você está fazendo isso, porra?! - ela esbraveja e me surpreendo com isso.
Eu- Bella... - Faço força para mantê-la no lugar, e faço força para que ela se sente na cama e role para o lado da parede. Onde ela desiste de lutar, cruza os braços na altura do peito e vira as costas para mim.
Me deito ao seu lado, solto um suspiro longo de cançado.
Eu- não quero mais te forçar a nada, então por favor, só me escuta quando eu pedir algo.
Bella- então devolva meu celular - sussurra.
Eu- você estava... - contenho a raiva antes de dizer a ela sobre isso com palavras duras, opto por uma frase mais curta - eu te conheço, Bella, e não adianta negar. Você não mandaria nada daquilo, pelo menos não para qualquer um e muito menos para vários.
Ela resmunga algo que sou incapaz de escutar. Fico minutos quieto, pensando em algo para dizer mas tudo me parece pouco.
Eu- conversa comigo, por favor - eu sussurro - você está agindo assim agora por raiva, ou seila o que está sentindo exatamente, mas não precisa fazer nada, se conversar talvez a agonia que está sentindo possa passar.
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Os Herdeiros
Teen Fiction"Carioca- eu só.. não é só contigo. Vocês todos, não quero que cresçam rápido demais. Luiza- nessa vida é inevitável não crescermos rápido demais." Nossas crianças cresceram, alguns como futuros herdeiros. Todos na fase de superar dificulda...