Namoradas (capítulo 11)

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Depois de comer elas trabalhavam, eu até tentei ajudar,mas fui rejeitada por elas dizendo que se a Marilia soubesse, não iria gostar. Então fiquei conversando um pouco ali.

- Ela vem almoçar?

- Geralmente não. - Vera me respondeu.

- Hum. E ela vem hoje?

- Não sei senhorita.

- Me chame só de Maraisa. - peço descendo do balcão.

[...]

Vesti uma roupa confortável e fui para academia dali, foda-se o papo de que somente ela usa. Subo na esteira, a ligo,começando devagar. Liguei o meu celular pela primeira vez desde que cheguei aqui. Várias mensagens e ligações perdidas da Luiza,ela vai me matar quando me ver. Abri primeiro as da Júlia, merda! Era pra mim ter entregado a matéria este domingo para ser publicada na segunda. Resolvi ligar em vez de mandar mensagem.

- Finalmente Maraisa! Por onde você andou? Eu estava que nem louca te ligando e mandando mensagens. Cadê a matéria?

- Desculpa Julia, eu estava com problemas pessoais. - o que não é mentira, Marília é um grande problema pra mim.

- Que tipo de problemas? Antes era sua mãe, e agora? Maraisa, você não tem ninguém além da sua irmã Maiara. - fechei meus olhos e parei a esteira. Eu realmente não tinha ninguém além da Maiara e da Luísa. Mas mesmo assim me chateia ao ouvir isso. É tão recente, faz quatro anos, mas é como se fosse ontem que eu perdi minha mãe.

- Minha amiga e...outras coisas, é complicado Júlia, podemos conversar outra hora e pessoalmente? Te mando a matéria hoje.

- Tudo bem, quero você amanhã Maraisa. - eu nunca havia sido irresponsável no meu trabalho. Ela não iria me demitir então, certo?

- Ok, estarei aí. - respondo encerrando a ligação.

Como eu desconfiava, Marília chegou para almoçar. Ela me chamou, mas eu a ignorei completamente e continuei sentada no sofá.

- Maraisa, estou te chamando para almoçar, vamos. - ergui meu olhar e a fitei.

- Não estou com fome.

- Não se pode desperdiçar comida. Vamos Maraisa. - eu cruzei meus braços e fechei meus olhos. Suas mãos pegaram em meu braço, me puxando do sofá.

- Mas que coisa, me deixa!

- Precisamos conversar. Vamos ao meu escritório. - sem me soltar, ela me puxou até lá. Entramos e ela fechou a porta. Me joguei na cadeira. - Você leu os seus deveres?. - perguntou dando a volta e encostando na mesa, em minha frente.

- Sim. - respondi rindo e ela ergueu as sobrancelhas, mantendo a pose de séria.

- Qual a graça Maraisa?

- A parte da chefe, quer realmente que eu te chame assim?. - me levantei, agora estávamos tão perto.

- Quero. - ela pegou uma mecha do meu cabelo e a enrolou, colocando-a atrás da minha orelha em seguida. - É o certo. - seu olhar desceu para minha boca e eu encarei a sua. Pela primeira vez eu realmente queria beija-la. Afinal, por que ainda não nos beijamos?

- Por que você nunca me beijou?. - a pergunta saiu sem que eu me desse conta.

- Beijos são desnecessários. - então ela se afastou de mim indo para as estantes dos livros.

- Não são, beijos são bons.

- Beijos devem acontecer quando apenas tem sentimento envolvido.

- Então... você não vai me...beijar?. - pergunto gaguejando.

- Não Maraisa. Eu não vou beijar você, vamos almoçar?. - ah claro, ela não sente nada por mim e nunca vai sentir. Ela foi para a porta e eu finalmente disse algo

- Era só isso que queria conversar Mendonça?. - meus olhos estavam lacrimejando e porcaria, eu nem sequer sabia o motivo dessa merda estar acontecendo.

- Na verdade tem outras duas coisas, importantes na verdade.

- O que?

- Quando você quiser ir embora definitivamente da minha vida é só dizer uma palavra, diga renegada.

- E por que disso?.- devo confessar que falar essa palavra está sendo muito tentador.

- Foi sempre eu que terminei minhas relações com as outras que já tive. Ou ela acabava saindo e tendo que fazer algo por mim, é o que está no contrato, você verá. Acontece que acho que você não merece isso.

- Obrigada Mendonça. Vou comer agora. - eu não estava com fome, mas queria sair dali. Passei por ela que não disse nada, apenas veio atrás.

Sentamos na mesa e comemos em silêncio, terminei antes dela e quando estava saindo, ela me chama.

- Não quero que fique chateada comigo de certa forma.

- Eu não estou. - falei de costas pra ela.

- Ótimo. A noite terá um motorista à sua espera. Teremos uma festa na empresa. Até mais Maraisa. - ela passou por mim e eu suspirei. Mais uma festa, mais uma vez sendo amiga pra ela e mais uma vez me sentindo um peixe fora d'água.

[...]

Eu estava tendo complicações para fechar o zíper do meu vestido, saí do quarto à procura de Vera ou Vânia.

- Vera!.- grito andando e segurando o vestido.

- Precisa de ajuda?. - droga, Marília.

Me virei para vê-la. Ela estava perfeitamente arrumada e como sempre um vestido preto, muito elegante.

- Você não iria ficar na empresa? Eu achei.

- E ficar sem tomar banho antes de uma festa? Eu precisava vim. E eu pensei em outra coisa.

- Que coisa?

- Chegar com você. - ela se aproximou, e parou atrás de mim.

- Por que?

- Para te apresentar a todos. - ela fechou o zíper do vestido, mas continuo atrás de mim. Tocou em meus braços e beijou meu pescoço, me fazendo arrepiar.

- Nossa, não sabia que você fazia tanta questão de mostrar suas amigas.

- Você não é minha amiga. Mas sim agora, minha namorada!

- O quê?

Se eu estivesse bebendo algo, o líquido já estaria longe, e que sorte a minha eu estar de costas pra ela. Pois eu estava surpresa, mas com um sorriso pequeno que estava aumentando, foi involuntariamente.

...

CONTINUA

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