Somente Sua

Despedida (capítulo 17)

- Maraisa. - ela me chamou, senti seus passos mais pertos de mim.

- Sim?. - engulo seco sem encara-la.

Seria melhor, caso ela falasse algo que eu não fosse gostar. Ela pigarreou várias vezes, ela falaria algo importante, eu sabia disso.

- Tenha uma boa noite. - fecho meus olhos tentando controlar as lágrimas que insistiam em cair. Meus olhos estavam ardendo por isso.

- Obrigada, você tambem. - então eu vou para o meu quarto. Droga, o que eu estava esperando dela? Que ela falasse o que sentia por mim de verdade? Caramba, eu realmente esperava isso dela.

|• Marília •|

Peguei uma garrafa de whisky e bebi um pouco, não caía a ficha de tudo o que eu tinha dito para Maraísa. Finalmente contei que a conhecia e outras coisas que não imaginei contar tão cedo. Eu não estava bebendo por ter dito essas coisas, mas pelo fato de quase dizer algo, que pensei que nunca diria. Como ela se sentiria se eu dissesse que a amo? Ah, eu nem mesma tenho certeza disso, mas Naiara me disse umas coisas que me levam a acreditar nisso.
- Isso não pode ser verdade. - murmuro pra mim e bebo mais da bebida. Me levanto e volto para o meu quarto, abro a gaveta do criado-mudo ao lado da cama e retiro minha pasta que continha tudo sobre ela. Antes de abri-la papéis caíram no chão, os peguei. Ah, o contrato... eu nem tinha certeza de que ela assinaria, mas tenho a sensação de que ela não irá ficar, não depois de hoje... Eu queria um sim, mas irei aceitar e deixar ela ir completamente se for um não. Ouvi dizer que amar, é aceitar a partida do outro quando ele não quer mais ficar.

Guardo tudo de volta na gaveta e me deito na cama com os braços atrás da cabeça. - Que feitiço você jogou em mim Maraisa?. - Eu suspiro me deitando de lado e fechando os olhos. Eu continuo sendo a mesma, mas em minha vida, tudo mudou completamente depois que ela apareceu.

[ MANHÃ ]

|• Maraisa •|

- Posso conversar com você?. - indago para Marília assim que me sento junto à mesa com ela, para o café da manhã.

- Sim. - ela responde sem me olhar. Eu suspiro pensando em como dizer tudo a ela, tudo o que eu estava sentindo.

- Pode ser no seu escritório depois do café?. - Coloco café para mim e bebo tudo de uma vez.

- Sim.

- Ok. Obrigada. - ela não me respondeu.

Foi desconfortável estar ao seu lado, observando-a enquanto ela não estava dando a mínima se eu estava ali.

- Podemos ir?. - pela primeira vez ela me olhou enquanto se levantava.

- Sim. - respondo me levantando e a segui até seu escritório. Seria difícil.

- Então Maraisa?. - ela deu a volta pela mesa, sentando em sua cadeira.

Respiro fundo várias vezes antes de começar, fechei meus olhos brevemente e finalmente a encarei. Ela estava tão calma.

- Essa noite foi difícil pra mim, complicada demais. Pensei sobre tudo, e repensei várias vezes para não fazer algo que eu me arrependesse depois. - eu pauso e encaro minhas mãos. - queria te agradecer pelas coisas que você me proporcionou de cinco anos pra cá, me ajudou muito. O emprego que você me deu, me ajudou a cuidar da minha mãe com o seu tratamento, e não só me ajudou a manter a casa, mas também viver confortavelmente. Tudo o que conquistei foi por ter tido sua ajuda, eu realmente aprecio isso. Mas isso não pode continuar, digo. - eu mordo meu lábio e continuo. - Eu não quero ter mais nada ligado a você, então eu estou dizendo não para o emprego que você me ofereceu. Não só para isso, mas também estou dizendo não para você Marília. Eu não vou ficar, eu não vou assinar o contrato. Obrigada por esse tempo que passei com você, agora está na hora de ir. - Eu termino e limpo a solitária lágrima que escorreu pela minha bochecha.

Por que estava sendo difícil dizer isso a ela? Ir embora era o certo, mas estava doendo em mim deixá-la. Por que? Como é possível querer tanto ela, quando nos conhecemos menos de um mês? Eu não podia, definitivamente eu não podia estar apaixonada por ela.

- Eu sabia que você diria não e iria embora. Mas eu preciso saber o motivo, o verdadeiro motivo. Você pode me dizer?. - Ela se levantou e conforme ela se aproximava de mim, eu me afastava.

- Não. Eu só quero ir. - então eu me viro e corro, a deixando ali.

Entrei no quarto e apenas peguei minha bolsa, guardando meu celular dentro e desci rápido. Por algum motivo eu estava pensando que ela viria atrás de mim antes de eu ir embora. Ah se ela pedisse, eu possivelmente ficaria. Ligo para um táxi e assim que saio de casa, vejo rico em minha frente.

- Ótimo, precisava que você aparecesse. Não precisa me morder, já estou indo embora. - Me atrevo a passar a mão em sua cabeça e ele começou a me lamber.

Dou um passo atrás quando ele pula em mim. Temi que ele fosse me morder, mas não.

- Tchau rico. - faço um carinho e ando. Pego meu celular e disco o número da Luísa. No terceiro toque sou atendida. - Pronta para me receber de volta em casa?. - pergunto tentando parecer animada.

- O que aquela idiota fez?

- Estou indo embora porque simplesmente quero. - apesar de ser minha amiga, eu não poderia contar que estava apaixonada pela Mendonça, logo ela, que não ama ninguém além de si.

- Sabe que vou tirar a verdade de qualquer jeito. Estou te esperando amiga.

- Tchau. - encerro a ligação e agradeço pelo portão estar aberto. Não entendo porque ela tem uma casa à 1 hr daqui, essa já é afastada o bastante. Muitas árvores em todo canto e somente a sua casa. - Ela faz umas coisas desnecessárias. - murmuro me encostando em uma árvore. Eu não demorei para chegar aqui, mas estava parecendo que meu táxi estava demorando muito.

- Maraisa! - escuto seu grito e olho para o lado, vendo-a se aproximando de mim.

Respiro fundo, fechando meus olhos brevemente e assisto ela vindo. Assim que parou em minha frente, ela colocou suas mãos em meus braços e me puxou para ela, colando nossos corpos.

- Maraisa...- enquanto uma mão apertava minha cintura me prendendo, a outra estava em meu rosto.

- Marília...- sussurro seu nome e pego em sua mão que estava fazendo carinho no meu rosto. Tento tira-la mas ela continou ali. Ela encostou sua testa na minha, me olhando nos olhos.

- Não vá embora.

...

CONTINUA