Conhecendo o inimigo.

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Dizem que a bondade tem um preço, que ao fazermos o bem a alguém um dia esse "Bem" nos será devolvido, eu sempre pensei assim, até aquela noite... A noite em que em retribuição a um gesto de bondade eu tive a minha vida destruída para sempre. E mesmo agora, dez anos depois, sentada de frente para o espelho da minha penteadeira, se eu fechar os olhos, eu consigo reviver tudo, lembro perfeitamente... A casa silênciosa... Logo depois um choro de bebê e por fim um berço vazio junto a uma dor dilacerante ao ter uma parte sua sendo arrancada de você.

Selma Graymark, 18 anos atrás.

Nunca tive muitas ambições, tudo o que eu desejava era uma vida como a de todo mundo, uma casa, filhos e homem que me amava, por sorte, encontrei alguém que me proporcionou tudo isso, o nome dele era Luciano Graymark. Luciano e eu nos conhecemos no hospital em que trabalhávamos, eu tinha acabado de conseguir um emprego em uma das clínicas de cardiologia mais famosas de São Paulo, eu nem acreditei quando me ligaram e disseram que eu tinha conseguido o emprego, eu só tinha 20 anos na época, meus pais haviam morrido pouco depois que eu terminei o curso de enfermagem em um acidente de carro e o pouco dinheiro que eu ainda tinha depois de vender a nossa casa estava se acabando, mais aquela ligação foi minha salvação, graças a esse emprego eu consegui me estabilizar, paguei o aluguel do apartamento em que morava, quitei algumas dívidas e apesar da dor pela perda dos meus pais, eu estava bem.
Foi em um dia de chuva que o conheci... O trânsito estava horrível e eu ainda tinha perdido o primeiro ônibus, estava meia hora atrasada para o trabalho e por isso entrei correndo pela porta da frente do hospital, mais o que eu não esperava era que iria esbarrar no homem mais lindo que eu já tinha visto...
Quando olhei nos seus olhos castanhos e ele me deu um sorriso, soube que era ele...
Luciano era o novo cardiologista contratado do hospital e estava lá para conhecer o local em que iria trabalhar, ele me perguntou se eu poderia lhe mostrar as instalações e lhe dar algumas informações sobre horários e etc... Enquanto andávamos pelos corredores do hospital, acabei descobrindo que Luciano também havia perdido os pais, a mãe havia morrido no parto e o pai morrera ano passado por problemas cardíacos.
Sempre me perguntei se talvez não tenha sido a dor pela falta de nossos pais que acabou nos unindo.
Depois disso as coisas aconteceram muito rápido, dois anos depois já estávamos casados e eu grávida de cinco meses.
Havia parado de trabalhar assim que descobri que iria ter gêmeos, já que esse tipo de gestação requer mais cuidado e repouso, mais apesar disso eu nunca tinha estado tão feliz na minha vida.
Luciano havia se tornado um dos melhores médicos cardiologistas de São Paulo, moravamos em uma bela casa com vários quartos, varanda, escritório, sala de jantar... Digna de um homem em sua posição.
Tínhamos empregados para realizar todas as tarefas da casa e inclusive um motorista a nossa disposição.
Tínhamos uma vida ótima, eu tinha um homem que me amava ao meu lado e estava carregando as duas pessoas mais importantes da minha vida dentro de mim.
Tudo estava perfeito, até que deixou de ser.
Era uma manhã como todas as outras, nos dias de domingo eu gostava de tomar café da manhã na varanda, a rua ficava mais tranquila, não havia muitas pessoas nas ruas ou carros passando, adorava aquela paz, aquele silêncio misturado aos raios de sol que de vez enquando tocavam o meu rosto quando o vento soprava nas árvores... Geralmente eu tinha a companhia de Luciano, mais na noite anterior ele havia recebido uma ligação do hospital para fazer uma cirurgia de emergência e ainda não tinha voltado, ele tinha me ligado mais cedo avisando que provavelmente só iria conseguir voltar na hora do almoço, apesar de estar tudo bem com a gravidez ele estava preocupado porque Laura, a mulher que trabalhava na nossa casa me ajudando com a gravidez e me fazendo companhia tinha se demitido por questões pessoais e agora, apesar de ter outros empregados na casa, eu estava sozinha, tentei tranquilizá-lo dizendo que estava tudo bem e que iria ligar para a agência de empregos para encontrar outra pessoa.
Já estava terminando o meu café quando vi uma mulher sentada na calçada da minha casa, parecia que tinha a mesma idade que a minha, estava com um vestido florido um pouco largo para ela, com sapatos que pareciam gastos, seu cabelo liso bem acima dos ombros pareciam como se ela mesma os tivesse cortado, também estava com uma mala na mão, e apesar de estar um pouco distante consegui perceber que aquela mulher também estava grávida.
Não consegui evitar, deixei o meu café de lado, me levantei da cadeira e saí da varanda da qual tinha acesso pelo meu quarto.
Ao sair, passei pelo corredor, desci as escadas com cuidado me segurando no corrimão, passei pela nossa sala abrindo a porta que dava para a entrada da casa antes de finalmente conseguir chegar ao portão, ao abrir, eu me aproximei da mulher, ela estava de costas para o portão e se assustou quando eu perguntei. - Está tudo bem?
A mulher se levantou em um pulo, se virando rapidamente e deixando a mala cair no chão, não pude deixar de notar que seus olhos estavam vermelhos e que ela estava chorando.
-Me desculpe, senhora, já vou sair da frente da sua casa, eu só estava descansando um pouco.
-Não precisa se desculpar, afinal, eu não sou dona da rua - Falei - Eu vi você da minha varanda e resolvi vir até aqui para ver se estava tudo bem.
A mulher não respondeu, apenas começou a chorar novamente e, em um gesto automático, eu me aproximei mais e lhe dei um abraço.
-Não chore, nada é tão ruim que não possa ser consertado - Então eu me afastei dela e disse. - E pelo o que vejo, você está grávida, não vai lhe fazer bem ficar nesse estado.
Ela enxugou o rosto com a mão e assentiu.
-Porque não entra um pouco? - Sugeri - Eu estava terminando de tomar o meu café, se quiser, pode me fazer companhia, então você me conta o que está acontecendo e quem sabe eu não consigo te ajudar de alguma forma, hã?
- A senhora deixaria uma pessoa como eu entrar na sua casa? - Pela sua voz ela estava surpresa, algo me dizia que aquela mulher não havia encontrado pessoas boas ao longo de sua vida.
-Não vejo porque não, você não me parece bem e eu não posso deixá-la aqui fora nesse estado, ainda mais estando grávida, venha comigo.
Com isso, eu caminhei até o portão enquanto aquela mulher me seguia, ao entramos, pedi ao Pedro, nosso motorista, que fechasse o portão.
Pedro havia sido contratado ha um ano, ele morava na área da casa destinada para os empregados, ele também tinha um filho chamado Léo de dois anos que morava com a mãe, mais ficava com ele nos finais de semana, um garoto adorável, muito comportado, mais eu quase nunca o via, pois Pedro sempre o deixava na área dos empregados.
Enquanto sabíamos as escadas aproveitei para lhe perguntar.
-A propósito, como você se chama?
-Glória. - Ela respondeu ao chegarmos ao final das escadas. - E a senhora? Como se chama?
- Primeiro, nada de senhora, assim vai fazer eu sentir uma velha. - Disse e virei o pescoço e sorri para ela. - Segundo, me chamo Selma, Selma Graymark.
Passamos pelo corredor e chegamos a porta do meu quarto, quando entramos, seus olhos se arregalaram.
O quarto era o melhor de toda a casa, com móveis em madeira de marfim, uma imensa cama king box de casal no meio do quarto com edredons cor de vinho e travesseiros brancos, no lado direito do quarto ficava uma porta que dava acesso ao nosso enorme closet, entre a minha cama e a porta do closet ficava a minha penteadeira, ela era de madeira, com um espelho redondo e também tinha duas gavetas e minhas maquiagens ficavam em cima em embalagens também douradas junto com alguns frascos de perfumes importados. Já a cadeira que ficava em frente a penteadeira era bem elegante, em um formato vitoriano em um tom de um vermelho mais escuro quase vinho. Também haviam uma longa estante de livros que ficava na parede em frente ao criado mudo que ficava do lado esquerdo da minha cama e que tinha um abajur branco, na minha estante haviam não somente livros mais também uma infinidade de CDs e, é claro um aparelho de som bem no meio da estante. Realmente era um quarto luxuoso, pela forma como ela olhava o quarto, deduzi que ela nunca havia estado em um lugar assim.
- Vamos. - Disse e caminhei até uma porta de vidro aberta que ficava na parede um pouco depois da porta que dava ao closet, ela esboçou um pequeno sorriso e me seguiu de cabeça baixa. Senti um pequeno alívio por minha varanda ser um pouco mais simples do que o resto do quarto, não queria deixar Glória mais desconfortável do que já parecia estar. Minha varanda era de um formato retangular com uma mesa redonda branca de tamanho médio no canto esquerdo, ela tinha três cadeiras também brancas e alguns vasos de flores espalhados pelo chão que era de uma cerâmica branca que com as flores lavanda que davam um toque delicado ao lugar. E na mesa, é claro, havia uma vasta quantidade de comida, como uma jarra de suco de laranja, um pequeno bule com chá e outra com café, potes de açúcar e creme, xícaras e copos, bandeijas com frutas cortadas em cubinhos, com croissants e waffles. Já falei com as empregadas várias vezes e disse que não precisavam trazer essa quantidade de comida quando eu for tomar café da manhã sozinha, mais elas dizem que são ordens do sr: Graymark, que ele prefere que elas tragam um pouco de tudo, assim, se eu quiser comer alguma dessas coisas não precisarei pedir, pois já estará a minha disposição, ele é realmente um amor.
Me sentei na cadeira do lado esquerdo de onde havia avistado Glória e indiquei para que ela se sentasse a minha frente e foi o que ela fez. Como ela estava um pouco nervosa, optei por lhe servir uma xícara de chá, fiz menção de lhe servir um croassants mais ela recusou com um gesto de cabeça, depois que ela tomou um gole do chá eu começei a falar.
- Então Glória, porque você estava chorando daquele jeito?
-E uma longa história... - Ela disse e suspirou.
-Porque você nao me conta, talvez eu possa lhe ajudar. - Eu disse e ela suspirou novamente, e depois começou.
-Meu marido morreu faz uns dois meses, ele estava trabalhando como ajudante de obras em uma construção, pelo que fui informada pela impresa responsável pela obra, ele estava fazendo alguns reparos em uma parede e acabou caindo de uma altura muito alta e bateu a cabeça, chamaram uma ambulância mais infelizmente não haviam nada que pudesse ser feito. - Ela baixou a cabeça novamente e percebi que estava a ponto de começar a chorar novamente.
-Eu sinto muito. - Era tudo o que eu poderia dizer.
-Nós moravamos em uma pequena casa no subúrbio aqui mesmo de São Paulo, o aluguel já estava atrasado a dois meses e como eu não tinha como pagar, acabei sendo despejada. Hoje, para ser mais exata. Eu não conseguia acreditar, como alguém era capaz de jogar na rua uma mulher grávida? Existem muitas pessoas que não tem compaixão.
-Mais a empresa em que seu marido trabalhava não lhe deu nenhum dinheiro?
-Sim, mais muito pouco, meu marido trabalhava por conta própria, ele não havia assinado nenhum contrato. O pouco que me deram eu paguei os custos do enterro.
-E sua família? Não podem lhe ajudar até você ter o seu bebê e consegui se estabilizar? - Perguntei.
- Meus pais morreram a uns anos, tentei falar com os pais do meu marido, mais eles me mandaram embora, disseram que já tinham problemas suficientes e que não poderiam lidar com mais um. -Ela respondeu e começou a chorar de novo.
-Mais e as suas coisas? Digo, as que você tinha na sua casa?
-A dona da casa aonde eu estava ficou com elas pelo pagamento dos aluguéis atrasados, Nãoao era muita coisa, de qualquer forma. -Eu simplesmente não podia acreditar no que estava ouvindo. - Juntei algumas coisas como documentos e algumas roupas minha e do bebê em uma mala depois de ser escorraçada da casa dos meus sogros eu simplesmente saí andando pelas ruas sem rumo e acabei sentando na sua calçada para descansar.
Como podia existir pessoas que despresavam o próprio sangue? Afinal, aquela mulher carregava o neto daquelas pessoas e mesmo assim eles a despresaram. Ela estava sozinha, e eu conhecia perfeitamente aquela sensação, é claro que comigo foi bem diferente, mais eu me pergunto o que teria acontecido se eu não tivesse recebido aquela ligação para trabalhar naquele hospital. Será que eu estaria como ela? A vida tinha me dado uma chance, talvez tenha chegado a hora de retribuir.
-Glória, gostaria de lhe fazer uma proposta.- Disse e ela ergueu a cabeça e olhou para mim.
-Proposta?
-Sim. A senhora que me fazia companhia e me ajudava com a gravidez se demitiu, eu iria ligar hoje para uma agência de empregos para saber se eles tinham alguém disponível.- Eu sorri para ela que me olhava surpresa, já sabendo aonde eu estava querendo chegar.
-A senhora está me oferecendo um trabalho?- Sim, ela estava surpresa.
- Estou.
-Mesmo eu estando grávida de quatro meses?
-E porque não? Você não ira fazer muito esforço, terá apenas que me fazer companhia e me ajudar quando for subir as escadas e esse tipo de coisa. Já estou com cinco meses e como estou grávida de gêmeos a minha gravidez é mais complicada e exige um pouco mais de esforço. - expliquei.
-Está grávida de gêmeos?
-Sim, estou.- Sorri, sempre sorria ao falar dos meus filhos.
-A senhora daria emprego a uma desconhecida?- Ela simplesmente não conseguia acreditar.
-Sim, você está precisando e, pode não parecer, mais eu já estive em uma situação parecida com a sua, sei como é estar sozinha e se eu posso ajudar...
-Mais e o seu marido, acha que ele irá concordar?- Ainda não tinha pensado nessa parte.
-Deixe que dessa parte eu cuido. - Disse e lhe dei uma piscadinha.
-Eu realmente não sei o que dizer...- Ela estava emocionada.- Muito obrigada senhora.- Fanzi o cenho.
- Achei que já tínhamos conversado sobre me chamar de senhora.
-Desculpe, mais se eu realmente vou trabalhar aqui, gostaria de ter o mesmo tratamento de todos os outros empregados desta casa e acredito que todos a chamem assim.
-Bom, se você insiste. -Ela fez que sim com a cabeça. - Você vai receber um bom salário e poderá morar na área dos empregados que fica nos fundos da casa, e não se preocupe, quando a sua gravidez estiver mais avançada eu conseguirei alguém para ficar no seu lugar até que você possa voltar ao trabalho.
-Isso é mais do que eu poderia querer, muito obrigada, senhora...?
-Graymark, Selma Graymark.
-Obrigada senhora Graymark.
-De nada, Glória...?
-Meneses.- Ela respondeu e eu concordei com a cabeça.
Tomei um gole do meu café, peguei um waffles e dei uma mordida.
-Então Glória, pelo o que entendi, você está grávida de quatro meses.- Comentei mudando de assunto, afinal, já estava tudo resolvido sobre a questão do seu trabalho.
-Sim. - Ela respondeu e tomou um gole do seu chá, parecia mais aliviada agora.
-Então eu suponho que você já saiba o sexo do bebê.- Ela finalmente sorriu, é incrível não é, uma mãe sempre sorri ao falar do seu filho.
-Sim, vai ser um menino.- Ela olhou para a barriga e depois novamente para mim.- E você? Cinco meses, não é?- Também sorri e passei a mão na minha barriga.
-Isso mesmo. Estou esperando um menino e uma menina e eles estão em placentas diferentes, o que significa que eles não serão parecidos.- Estava com um sorriso enorme, meus bebês já me deixavam feliz antes mesmo de nascerem.
-Dizem que gravidez de gêmeos é realmente bem complicada, pois os bebês costumam brigar bastante.
-Pois acho que esses dois serão bem unidos, eles quase nem chutam.
-Mesmo?
-Sim. No último ultrassom que fiz o médico disse que apesar deles estarem em placentas diferentes, eles estavam bem juntinhos, parecia até que estavam abraçados.
-Você tem sorte, essa coisinha aqui quase não me deixa dormir.- Ela disse e riu- Acho que ele não vê a hora de vir para esse mundo.
-Bom, Linda e Simon parecem muito felizes em ficar aqui com a mamãe.
-Linda e Simon?
-Sim, esses serão os nomes dos meus filhos.
-Foi você que escolheu?
-O do menino sim, mais o da menina quem escolheu foi o Luciano.
-São os nomes de alguém da sua familia?
-Simon sim, era o nome do meu pai.
-Ele deve estar muito feliz com a homenagem.- Esse comentário me deixou triste e ela percebeu.- Falei algo errado senhora?
-De forma alguma, é que os meus pais morreram já faz algumas anos, mais eu ainda fico triste ao me lembrar deles.
-Eu sinto muito se a deixei triste.
-Imagina, não precisa se desculpar.- Falei e balancei a cabeça para deixar esse assunto de lado. - E quanto a você? Já escolheu o nome?
-Sim, ele vai se chamar Romeu.
Ergui uma sombrancelha.
-Eu sei, mais simplesmente não consigo evitar, além de amar muito a história de Romeu e Julieta, também foi o primeiro filme que eu e o meu marido assistimos juntos.
-Então de certa forma é meio que uma homenagem para ele. -Disse afirmando.
-Sim.- Seu olhar voltou a ficar triste e eu compreendia perfeitamente. Não conseguia nem imaginar como deve estar sendo difícil para ela, em poucos dias ela perdeu tudo, a sua casa, seus planos e o homem que amava, seu apoio, seu tudo, ainda mais estando esperando um filho dele. Eu não sei o que faria se algum dia perdesse o Luciano, ele tinha me dado o que eu sempre quis, estabilidade, compreensão, amor e acima de tudo, uma família. Então eu peguei em sua mão por cima da mesa.
-Eu realmente sinto muito, Glória.- Ela me deu um sorriso torto- Não posso ajudar em relação a dor no seu coração, essa você tera que cuidar sozinha, mais em relação ao resto, prometo que você e o seu filho teram uma vida boa e estável aqui.
-Obrigada outra vez e não se preocupe, isso é mais do que suficiente para mim.- Ela olhou para a sua barriga. - Para nós dois. Eu fiz que sim com a cabeça.
Naquele momento eu pensei que estava fazendo o certo ajudando alguém que precisava, mais se eu soubesse que aquele simples ato de bondade e de pura compaixão resultaria na pior dor que o futuro me aguardava eu nunca teria deixado aquela mulher entrar na minha casa. Aquela mulher que eu ajudei com todo o meu coração iria me roubar o que eu tinha de mais precioso, aquela mulher deixaria um buraco no meu coração impossível de ser preenchido. Aquela mulher iria destruir a minha família e com ela a minha felicidade.












Até Onde Você Iria Por Amor. Concluída. Onde histórias criam vida. Descubra agora