Uma Preocupação Excessiva.

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Romeu Alcântara.

Depois de deixar Linda em casa eu fui direto para casa, rindo comigo mesmo das últimas palavras dela fazendo referência ao meu nome.
Ao longo da minha vida eu já tinha ouvido bastante piadinhas e indiretas sobre o meu nome, quando eu era criança isso passava despercebido na maioria das vezes, mais quando eu cheguei na adolescência esse tipo de coisa se tornou mais frequente, as piadinhas pelos meus colegas e principalmente pelo Sam, o meu melhor amigo e, as indiretas, pelas garotas, essas sim eram muitas.
A coisa toda era ainda pior porque eu não saia com ninguém, Sam me dizia que elas viviam atrás de mim por esse motivo, que na cabeça delas eu era tipo um badboy ou sei lá, Sam ainda dizia mais, falava eu deveria sair com alguém e pronto, que fazendo isso esse "assédio" das garotas pararia, mais eu não podia, não só por causa da promessa que eu havia feito para Linda, que apesar do meu amigo falar que isso era uma bobagem já que eu nem se quer mantinha nenhum contado com ela e que provavelmente ela nem se quer se lembrava mais mim, mais porque, vai parecer meio piegas o que eu vou dizer, mais a verdade é que depois que eu conheçi Linda todas as outras garotas perderam a graça, não que já tivessem tido algum dia porque, para ser sincero, nem mesmo antes de conhece-la eu não ligava para essas coisas, mais quando eu a conheci tudo mudou, Linda tinha algo... Era como se as nossas almas fossem metades separadas a muito tempo e quando eu finalmente a conheci, elas se juntaram e ficaram inteiras novamente.
Nem consigo por em palavras o que eu senti naquele momento em que nós nos separamos.
Com Linda ao meu lado aquela sensação de estar longe de casa simplesmente desaparecia, eu não sei porque, mais ela tem algo que me faz sentir em casa de uma forma que eu nunca me senti antes.
Mais o que importa é que agora nós estamos juntos, e nada vai nos separar outra vez.
Abri o portão automático com o mini controle que eu carregava no mesmo chaveiro da chave da moto e da casa, entrei e passei pelo portão, depois desliguei a moto e desci, mais antes de entrar em casa eu peguei o meu celular e mandei uma mensagem para Linda, eu tinha colocado "namorada" nos meus contatos e "namorado" no dela, nós trocamos algumas mensagens, mais uma vez ela fez uma "piadinha" sobre o meu nome, mais pela primeira eu não me importei com isso, para ser sincero, eu até que gostei, nós também combinamos de nos vermos amanhã depois que eu saísse do meu trabalho, com isso, eu resolvi deixa-la descansar, afinal, seu dia havia sido longo, então eu lhe mandei uma mensagem de boa noite e, por fim, entrei em casa, estava fechando a porta quando ouvi a voz da minha mãe.
- Que bom que você chegou meu filho, eu já ia ligar para você. - Disse a minha mãe entrando na sala vindo da conzinha. Nós não havíamos mudado praticamente nada na casa, ela continuava quase igual, cerâmica branca e paredes azuis, uma escada branca no meio da sala que levava aos quartos que seguia para a direita, enfrente as escadas tinha dois sofás, a direita da sala ficava a entrada para a cozinha, do lado esquerdo uma mesa de jantar com uma enorme janela de vidro com vista para o jardim e a frente da mesa uma porta que lhe dava acesso e, é claro, coisas para decorar o ambiente como estantes, mesas de centro e esse tipo de coisa, a única coisa que havia mudado fora os quartos, o da minha mãe e o de hóspedes que havia sido fechado, já que agora a minha mãe dormia no quarto que era de dona Lucina, fora isso, tudo permanecia igual. - Se for passar o dia fora precisa avisar a sua pobre mãe, sabe muito bem o quanto eu me preocupo com você. - Disse, então eu segui em direcao a ela e lhe dei um beijo no rosto.
- Mamae, nao precisa se preocupar tanto comigo, afinal, eu não sou mais uma criança, não é? - Eu respondi.
- Não peça a uma mãe para deixar de se preocupar com o seu filho, mocinho. - Disse me repreendendo, eu não pude deixar de sorrir ao ver a sua tentativa de ficar brava comigo, ainda mais porque ela nunca conseguiu. - E não ouse vir com esse sorrizinho para mim.
- Desculpe mamãe, mais é inevitávei, afinal, a senhora nunca consegue ficar brava comigo, nem mesmo quando eu era criança a senhora nunca conseguia.
- Isso é porque eu amo você. - Disse.
- Eu sei disso mamãe e tambem amo você, a senhora sabe, mais também sabe que eu sempre achei essa sua preocupação uma pouco exagerada demais. - Minha mãe sempre foi uma mãe super protetora, eu achava que era porque eu era criança e que conforme eu fosse ficando mais velho essa super proteção diminuiria, mais foi o contrário, com o tempo ela apenas foi ficando maior.
- E você tambem sabe que eu não acho exagero coisa nenhuma. - Ela cruzou os braços como uma criança mimada e eu sabia que essa era a minha deixa para levantar bandeira branca.
- Tudo bem mamãe, vamos encerrar esse assunto ok? - Eu disse. - Pode deixar que da próxima vez eu aviso, está bem assim? - Ela fez que sim com a cabeça. - No momento eu só quero saber o que a minha maravilhosa mãe fez para o jantar, pois eu estou morrendo de fome. - Minha mãe insistia em conzinhar, eu vivia pedindo que ela deixasse Olga, nossa emprega cuidar disso, mas ela nunca dava ouvidos, então eu simplesmente desisti de tentar convence-la.
- Fiz aquela carne assada que você adora, embora hoje você não esteja merecendo muito. - Suspirei e fui até ela pegando em sua mão já a levando para cazinha, como era somente nós dois, nós raramente usavamos a mesa de jantar, comiamos um de frente para o outro nos bancos do balcão da cozinha. Eu me sentei em um dos bancos enquanto ela nos servia, nossa cozinha não era tão grande, o chão era de um azulejo em um tom de creme, assim como as paredes, tinha um armário e os eletrodomésticos necessários, tudo de um ótimo gosto, simples mais elegante, como dona Lucinda costumava dizer.
- Então... - Começou a minha mãe enquanto se sentava para comer comigo. - Porque você chegou tão tarde? - Eu pensei por um momento, eu não tinha falado com Linda a respeito se eu poderia ou não falar sobre ela para a minha mãe, mais como nós só havíamos combinado de manter o nosso namoro em segredo, então eu deduzi que não havia problema em contar sobre ela.
- Estava com uma amiga, fomos para a praia depois do trabalho. - Essa simples frase fez a minha mãe sorrir, afinal, ela sempre quis que eu arrumasse uma namorada e, como eu nunca havia lhe contado sobre Linda, ela nunca entendeu porque eu não saia com ninguém, mesmo eu usando a desculpa que estava focado nos estudos, tenho certeza de que ela nunca engoliu essa histouria.
- Humm, uma amiga é? - Disse em um tom de insinuação. - E será que eu posso saber o que essa moça fez para conseguir o milagre de ter a sua companhia ao lado dela? - Revirei os olhos.
- Não exagere mamãe. - Com isso ela soltou uma gargalhada.
- Ha, mais sobre isso não é exagero meu coisa nenhuma meu filho e voyce sabe muito bem disso, afinal, você nunca saiu com garota nenhuma, pelo menos que eu saiba. - O pior é que ela estava certa.
- Tudo bem, a senhora tem razão. - Disse.
- E então? - Insistiu.
- Bom, para ser honesto, eu a conheci quando era criança, mais tínhamos perdido contato e, hoje por coincidência, nós nos reencontramos na loja. - O que não era mentira, na verdade.
- Humm, amiga da escola então?
- Mais ou menos isso. - Disse.
- E, por acaso, ela tem namorado? - Disse com as sombrancelhas arqueadas.
- Para falar a verdade, tem sim. - Respondi com um sorriso enquanto observava o seu semblante desanimar.
- Ha Romeu, quando eu finalmente penso que você irá dar um pouco de alegria para a sua pobre mãe, você me da uma notícia dessas. - Eu rir do drama dela.
- Não se preocupe mamãe, se o fato de que eu arrumar uma namorada vai trazer alegria para a sua vida, prometo que vou cuidar disso, tudo bem? - Ela suspirou.
- Não é o fato de vocye ter uma namorada ou não filho, mais sim o fato de que eu quero ver o meu filho feliz.
- Eu sou feliz mãe, quem disse a senhora que eu não sou?
- Eu sou sua mãe e por mais que eu saiba que sim, você é feliz, sinto que você não é totalmente. - Disse. - As vezes eu olho para você e o vejo quieto, como se estivesse com o seu pensamento longe. - Minha mãe está certa, muitas vezes quando estamos comendo, vendo tv ou coisas assim eu fico tentando entender de onde vem essa sensação, de que eu deveria estar em outro lugar, mais como explicar para a minha mãe algo que eu não consigo explicar nem mesmo para mim mesmo?
- Mãe, olhe para mim, será que a senhora não consegue ver a felicidade em meus olhos? - Ela espreitou mais o seu olhar olhando dentro dos meus olhos.
- Sim, tem algo aí, um brilho diferente, que nunca tinha visto antes. - Era incrível o que Linda conseguia fazer comigo, até a minha mãe percebeu que ha algo diferente em mim.
- Então não se preocupe mais, certo?
- Certo, mais com uma condição.
- Que seria...
- Quero conhecer essa sua amiga, por favor, quando tiver tempo a traga aqui para tomar um café. - Confesso que essa idéia me deixou feliz.
- Pode deixar, agora vamos terminar de jantar, porque o seu filho está morto e a senhora precisa descansar, o médico disse que a senhora precisa dormir cedo. - Com isso encerramos a conversa e terminamos de jantar.

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