Entrando Em Desespero.

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Romeu Alcântara.

Eu entrei em choque assim que vi o pai de Linda, eu não sei como e nem mesmo porque mais eu senti naquele exato momento em que os meus olhos se fixaram naquele homem, que eu o conhecia, de alguma forma que eu não conseguia explicar, mais eu tinha certeza de que o conhecia e essa certeza me perturbava, porque da mesma forma que eu sabia que eu o conhecia, eu também sabia que eu nunca o tinha visto na minha vida. Como isso era possível? Não existia explicação para isso, pelo menos não para mim e, como se isso não bastasse, ainda tinha a forma como ele tinha me olhado quando a porta do elevador se fechou, era como se ele tivesse visto um fantasma, ali, bem na sua frente. E não foi por conta do beijo que ele tinha visto entre Linda e eu, porque nem mesmo quando ele nos viu o seu olhar havia ficado daquela maneira, eu fiquei com aquele pensamento na minha cabeça por horas e, se não fosse pela companhia de Linda eu provávelmente teria ficado com isso me incomodando a tarde inteira, ainda bem que eu tinha ela ao meu lado, estar com Linda me fazia esquecer de tudo, eu passei anos da minha vida desejando aquela paz que eu só sentia com ela, cada segundo ao lado dela era mágico, tudo nela me encantava, seu sorriso sincero, seus olhos castanhos que enxergavam a minha alma e principalmente a sua forma de ver o mundo.
Assim que nós entramos na minha primeira sala com os diversos quadros o rosto de Linda se iluminou e se iluminava mais a cada quadro novo em que os seus olhos paravam, eu simplesmente a fiquei seguindo em silêncio com um sorriso no meu rosto apreciando não a beleza dos quadros, mais sim a dela, ela parecia flutuar... Estava imersa naquele mundo mágico que só os amantes de arte conhecem, e eu, assim como ela, conhecia. Mesmo eu não era um artista como ela, eu amava estar cercado por arte, não somente a dos quadros, mais a arte que havia em todos os lugares, na música, nos livros... A verdadeira arte está em todo lugar, é só olharmos com atenção. Mais entre todos os tipos, as pinturas haviam me conquistado, um quadro em branco era como uma nova vida esperando para ser vivida, pelo menos era assim que eu via e, pelo o que eu via nos olhos de Linda, era assim para ela também.
Ficamos horas andando entre as salas da loja e depois que olhamos a última eu a levei para comermos alguma coisa e conversar, Linda comentou sobre a forma que o pai havia olhado para mim e, é claro, também perguntou porque eu tinha olhado para o pai dela daquela forma, por um momento eu pensei em não contar a verdade para ela, afinal, se aquilo era confuso para mim imagina como seria para ela, mais por fim eu acabei contando, não queria mentir para ela e nem esconder nada, mais acabou que não resultou em nada, porque nós não conseguimos chegar a nenhuma conclusão. Então resolvemos deixar esso para lá e começamos a conversar, Linda me contou sobre como adorou aquele lugar e me perguntou como eu o havia encontrado, ela ficou sem acreditar quando eu lhe disse que foi por acaso, contei a ela sobre como eu tinha ficado sem gasolina na moto ali por perto e como tive que deixar a moto na rua e ir caminhando a procura de um posto, mais eu nunca imaginei que no caminho eu iria encontrar essa loja incrível e que ela se tornaria o meu lugar favorito no Rio, eu perdi as contas de quantas vezes eu já tinha vindo aqui e, é claro, ela não perdeu a oportunidade para perguntar se em todas essas vezes que eu vim aqui, eu tinha vindo sozinho, eu rir e contei a ela que sim, ela fez uma cara séria mais eu sei que ela acreditou em mim, até porque, era verdade, mais eu gostava quando ela me perguntava essas coisas, isso significava que ela tinha ciúmes de mim e eu não vou negar que isso me agradava, apesar de que ela não precisava ter, eu nunca quis ninguém além dela e eu tinha certeza de que jamais iria querer.
Nós conversamos mais um pouco e, quando já estava perto das quatro da tarde eu disse a ela que era melhor nós irmos, ela concordou então eu paguei a conta e nós nos caminhamos em direção ao estacionamento da loja aonde eu tinha deixado a minha moto, mais durante a nossa curta caminhada até o estacionamento eu percebi que tinha algo estranho com ela e eu sabia exatamente o que era, Linda estava nervosa porque iria conhecer a minha mãe. Eu sei que era cedo demais, afinal, fazia menos de uma semana que nós tínhamos reencontrado e, para ser sincero, eu não planejei leva-la para conhecer a minha mãe hoje, eu tive essa idéia depois de conhecer o pai dela, tanto que a minha mãe nem mesmo estava em casa, ela tinha ido passar a tarde em um park aqui no Rio, pois o médico havia lhe indicado que ela saisse pelo menos uma vez por semana para caminhar e respirar ar fresco, porque seria bom para a sua saúde e depois que ela foi a esse park ela não quis mais ir para o outro lugar, por isso o mais provável era que ela só chegasse a noite, e ela também não sabia que eu iria levar Linda em nossa casa, eu só havia lhe dito que eu passaria a tarde fora, então vai ser uma surpresa para ela também. Talvez seja melhor eu contar isso a Linda, talvez ela finalmente posso soltar o ar que eu sei que está prendendo.
- Linda? - Eu falei assim que paramos ao lado da minha moto, ela finalmente olhou para mim e eu continuei. - Você precisa se preocupar, a minha mãe não está em casa, ela foi dar um passeio e só chegará a noite. - Assim como eu havia imaginado, Linda soltou todo o ar de seus pulmões e em seu rosto uma expressão de alívio apareceu e eu não pude deixar de sorrir ao ver essa expressão em seu rosto.
- Desculpe. - Falou. - Eu não quero que você pense que eu não quero ir mais... É a sua mãe e, para ser bem sincera eu não esperava conhece-la assim tão cedo. - Ela disse enquanto eu lhe entregava o seu capacete.
- Tudo bem, eu entendo. - Disse. - Eu também não esperava conhecer o seu pai hoje.
- Nem eu, ainda mais da forma que foi.
- Linda, se você não quiser ir eu vou entender...
- Não. - Ela disse me interrompendo. - Eu quero conhece-la e a sua casa também, estou curiosa quanto a isso, fora que você conheceu o meu pai e o lugar que eu moro, nada mais justo do que eu conhecer a sua mãe e o lugar em que você vive.
- Mais eu não quero que você se sinta na obrigação de ir só por causa disso. - Falei, então ela se aproximou de mim e me deu um beijo rápido.
- Romeu, eu quero ir. - Disse sorrindo. - E também eu vou ter um tempinho para me preparar para esse encontro, já que você disse que ela só chegará a noite.
- Só espero que ela não nos pegue no meio de um beijo assim como o seu pai. - Eu falei e nós dois caímos na risada com esse meu comentário.
- Vamos tomar cuidado para que isso não aconteça então. - Ela disse já subindo na moto depois de mim e entrelaçando os seus braços ao redor da minha cintura.
- Isso vai ser difícil, porque eu estou morrendo de vontade de te beijar e eu acho que vai demorar até eu matar toda essa vontade que eu estou. E com isso eu dei partida na moto enquanto ouvia a sua risadinha atrás de mim.

Até Onde Você Iria Por Amor. Concluída. Onde histórias criam vida. Descubra agora