Será possível encontramos o amor quando ainda nem mesmo sabemos o que essa palavra realmente significa? Quando ainda somos tão novos e inesperientes que nem conseguimos achar uma palavra que defina o que estamos sentindo dentro do nosso coração?
Sempre imaginei que o amor era como nos livros de contos de fadas que o meu pai lia para mim quando eu era criança, em que o príncipe aparecia e mudava para sempre a vida daquela princesa que estava presa em uma torre ou dormindo em um sono profundo ao qual só um beijo de amor verdadeiro a faria despertar do seu mundo de sonhos, eu acreditei cegamente nisso até os meus dez anos de idade, quando embora não soubesse que o que eu estava sentindo era amor, eu acreditava que o meu príncipe apareceria em um lindo cavalo branco e com uma bela coroa na cabeça, mais então eu descobri que o amor verdadeiro não era nada parecido com o que víamos nos livros de princesa, o amor não tinha um cavalo branco e muito menos uma coroa, o verdadeiro amor tinha um gosto doce, para ser mais exata, ele tinha gosto de biscoito de chocolate e eu sabia disso graças a um lindo garoto de olhos castanhos que com o seu beijo ganhou o meu coração e com as suas palavras conquistou a minha alma.Linda Graymark, Ainda 8 Anos Atrás.
Ele não me deu nem tempo de responder, apenas pegou na minha mão praticamente me arrastando até o alojamento das meninas, inclusive eu quase caí algumas vezes por conta do peso da minha mala que estava segurando com a outra mão, ele estava tão empolgado por eu ter me oferecido para ser a sua amiga que nem se lembrou desse detalhe, foi somente quando paramos em frente a porta do alojamento que ele olhou para a minha mão que estava um pouco vermelha devido ao peso da mala que eu havia carregado por todo o trajeto até chegarmos ao alojamento das meninas e depois olhou para mim meio sem graça.
- Desculpe, eu acabei me esquecendo da sua mala, deveria ter me oferido para trazer ela para você. - Sorri outra vez, era a segunda vez que tinha sorrido desde que havia chegado e pelo o que parecia, eu iria sorrir muitas vezes ainda e, em todas elas eu estaria com ele.
- Tudo bem, você estava muito animado para se lembrar.
- Está tão na cara assim?
- Sim. - Eu disse e nós começamos a rir. - Vou entrar para guardar as minhas coisas.
- Tudo bem, eu vou esperar aqui, garotos não podem entrar no alojamento das garotos. - Fiz que sim com a cabeça e entrei.
Olhei ao redor do quarto, ele era todo feito de madeira, até o piso. Havia quatro beliches espalhadas em cada canto do quarto e ao lado de cada beliche tinha um pequeno armário de quatro portas, também tinha algumas garotas em suas camas conversando umas com as outras, elas nem se quer me olharam quando entrei no quarto. Segui para a primeira cama vazia que avistei, me aproximei, coloquei a mala em cima da cama, abri e começei a guardar as minhas coisas no armário, eu não podia demorar porque Romeu estava me esperando do lado de fora do alojamento. Enquanto eu me abaixava para guardar as minhas roupas no armário, meu colar acabou saindo de dentro da minha camiseta, eu estava tão acostumada a usa-lo que as vezes eu acabava me esquecendo de que estava com ele. Quando eu tirei a última roupa da mala, encontrei um pequeno embrulho rosa com uma fita dourada e um bilhete preso nele escrito: De papai.
Me animei na mesma hora, não pensei duas vezes e abri, assim que vi o que era, fiquei surpresa, era um caderno com uma caixa de lápis de cor, ao que parecia, papai sabia do meu segredo e, pelo o seu presente, soube que eu tinha o seu apoio, meu pai... Ele sempre prestava atenção em mim, mesmo quando eu achava que estava escondendo algo dele, ele me surpreendia me mostrando que já sabia a tempos. Pensei por um estante se deveria levar o meu presente comigo, aqui com certeza teria várias coisas que eu poderia desenhar, inclusive Romeu era uma delas, eu nunca tinha desenhado pessoas antes, mais senti vontade de começar por ele, mais também eu não sabia aonde ele iria me levar, se fosse para o lago com certeza não seria uma boa idéia pois o caderno poderia acabar se molhando, resolvi levar de qualquer jeito, se seríamos amigos, ele deveria saber o que eu gosto de fazer.
Guardei a mala agora vazia embaixo da cama, peguei o caderno junto com a caixa de lápis e fui em direção a porta, já estava demorando demais e ele poderia acabar se cansando e indo embora, e eu ficaria muito triste se isso acontecesse. Quando abri a porta o vi sentado no batente com a cabeça apoiada nas mãos sobre os joelhos, sua cara desmonstrava que ele estava ficando impaciente, aquela cara emburrada dele era muito fofa.
- Desculpe a demora, acabei achando um presente do meu pai dentro da minha mala. - Disse fechando a porta enquando ele se levantava e se virava de frente para mim, a cara emburrada sendo substituída por seu sorriso que eu estava começando a gostar.
- Tudo bem. Esse foi o presente? - Ele disse apontando para o caderno e para a caixa de lápis na minha mão.
- Sim, eu adoro desenhar, vou ser uma artista quando crescer. - Falei orgulhosa.
- Eu gosto de arte, na casa aonde eu moro tem muitos quadros, um dia vou ter uma loja, quem sabe eu não vendo alguns dos seus desenhos lá. - Fiquei feliz com a idéia de nós dois trabalhando juntos. - O que é isso no seu pescoço? - Ele olhava para o meu colar agora.
- Meu colar, eu tenho ele desde que eu nasci, eu nunca tiro.
- Eu também tenho um. - Ele disse e colocou a mão por dentro da sua camisa puxando uma correntinha com um pirgente com a letra R. - Minha mãe me deu, ela disse que mandou fazer antes mesmo de eu nascer.
- A minha mãe também. - Eu me aproximei dele para ver melhor. - Nossa! Ele é bem parecido com o meu, só muda a letra, que no meu caso é um L. - Como eu estava perto dele, ele aproveitou para olhar o meu mais de perto.
- É verdade, vai ver as nossas mães compraram no mesmo lugar.
- Talvez. Aonde você mora? eu perguntei. -No Rio de Janeiro com a minha mãe, e você?
-Aqui mesmo em São Paulo com o meu pai e a minha mãe. - Respondi.
- Legal, eu não conheci o meu pai, minha mãe me disse que ele morreu antes de eu nascer. Deve ser legal morar com os dois.
- Não muito, já que a minha mãe não gosta muito de mim. - Falei meio triste.
- Porquê? - Ele parecia chocado.
- Eu não sei. - E esperava um dia descobrir.
- Bom, vem, vamos nos divertir. - Ele pegou a minha mão e a tristeza por causa da minha mãe foi embora na mesma hora.
- O que vamos fazer?
- Bom, eu queria levar você até o lago. - Ele respondeu é depois começou a coçar a cabeça. - Mais...
- O que foi? - Ele parecia com vergonha.
- É que como você disse que gosta de desenhar e eu queria saber... hã... Será que você poderia fazer um desenho meu? - Por acaso ele tinha o poder de ler os meus pensamentos? Como ele advinhou que eu estava louca para fazer isso?
- É claro que sim. - Seu rosto se iluminou. -Bom, eu nunca desenhei pessoas, mais posso tentar.
- Ótimo, vamos, eu conheço um lugar ótimo. - E com isso ele saiu me arrastando pela mão.
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Até Onde Você Iria Por Amor. Concluída.
RomanceLinda. Eu cresci entre o amor e o ódio. Minha mãe me odeia desde que eu nasci, ao olhar dela eu nunca fui merecedora de nenhum gesto de afeto, nenhum abraço, nenhuma palavra de carinho e muito menos do seu amor. Já meu pai, ele me ama muito. Consigo...