Uma Chegada Difícil, Uma discussão Dolorosa E Uma Nova Esperança.

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Selma Graymark, Dias Atuais.

Ela está voltando, depois de anos longe, ela estava voltando, minha filha, a filha que eu havia mandado para longe de mim a muitos anos atrás, a filha que eu passei anos sem ver e sem ouvir a sua voz, a filha que eu amava mais que também era a causadora de uma grande dor no meu coração.
Por muito tempo eu evitei ter contato com ela, até antes mesmo dela ser mandada para o internato por mim, muitos podem pensar que eu fiz isso porque a odiava ou porque eu só pensei em mim, mais a verdade é que eu fiz isso por ela, sim, eu a afastei de mim para protege-la, para protege-la de mim mesma. Quando eu perdi o meu filho, o meu mundo desabou, eu caí em um abismo ao qual eu não conseguia sair, nem mesmo a ajuda de Luciano, dos médicos e das pessoas que eu tinha ao meu redor foram suficientes para me ajudar a me erguer de volta desse abismo ao qual eu cai.
Quando eu me dei conta todos os pertences do meu menino foram trancados em um quarto e o seu nome parou de ser mencionado, já o meu marido que devia amar os nossos filhos e protege-los, resolveu esquecer um deles e amar o outro, e isso me feriu profundamente.
Como ele pode parar de procurar pelo nosso menino? como ele pode esquece-lo assim tão fácil? Era como se para ele a perda de um filho não fosse importante já que ele tinha outro, e foi nesse momento que tudo começou, uma raiva começou a crescer dentro de mim mesmo contra a minha vontade, uma raiva por aquela menina, aquela menina que eu tinha carregado nove meses dentro de mim e que eu amava, eu começei a olhar para ela e pensar que se ambos tivessem sido levados ou se ela, a filha que ele tanto amava tivesse sido levada no lugar do meu outro filho, talvez se fosse assim ele não teria parado de procurar e talvez hoje eu estivese com os meus dois filhos comigo.
Eu sabia que aquele sentimento não era certo, tanto que eu repetia isso para mim todos os dias, mais não adiantava, aquele sentimento continuava a crescer dentro de mim, não importava o que eu fizesse para afasta-lo, e as coisas começaram a piorar porque o meu marido começou a me cobrar para dar mais atenção aquela menina, que eu deveria esquecer do meu menino e dar todo o meu amor a ela, mais como poderia uma mãe esquecer de seu filho? Ainda mais quando o seu coração gritava que um dia eu iria encontra-lo, as coisas estavam ficando cada vez piores e o meu ódio por aquela menina começou a aumentar, porque como se não bastasse tudo o que já estava acontecendo por causa dela, agora o meu marido estava brigando comigo por causa dela, eu o estava perdendo também, tudo por causa dela, mesmo uma parte de mim gritando que não era nada disso. As coisas não podiam ficar assim, eu precisava manda-la para longe, afasta-la de mim antes que eu fizesse uma besteira maior do que só trata-la com desprezo, então tive a idéia de manda-la estudar fora, afinal, seria bom para ela e talvez com o passar dos anos eu poderia me curar daquele ódio que existia dentro de mim.
Nesses oito anos que se passaram eu fiquei sozinha, Luciano havia me deixado e ido embora para o Rio de Janeiro, ele vinha aqui as veses para ver como eu estava, fazia ligações regulares e pagava todas as contas da casa e ainda depositava dinheiro na minha conta para os meus gastos, até aonde eu sabia, ele estava vivendo bem sem mim e eu, estava bem vivendo do meu jeito, passando horas no jardim cuidando das flores que a mnha filha tanto amava e pensando quando toda aquela raiva iria sair de dentro de mim, mais eu também entrava naquele quarto aonde os meus dois filhos dormiam e aonde todas as coisas do meu menino haviam sido colocadas, inclusive o colar que eu tinha comprado para ele com a letra S ainda estava lá, esticado sobre o berço e ao entrar naquele lugar eu também me perguntava quando voltaria a ver o meu filho e, eu não sei porque, mais nos últimos dias eu estava sentindo algo no meu coração, como se o meu menino estivesse perto de mim, mais talvez eu só estivesse me sentindo assim porque o aniversário dele estava chegando. Eu ainda estava perdida nesses pensamentos quando escutei uma batida leve na porta.
- Senhora Graymark? - Era Rosa, a única empregada da casa, como eu morava sozinha, não achava necessário ter vários empregados na casa, então tinha apenas uma emprega que fazia as refeições e a limpeza da casa e o meu motorista, que Luciano insistia em manter, talvez por causa de Linda, já que ela gostava dele, então pelo menos uma única vez, eu havia cedido e feito a vontade dele, até porque eu também precisava de alguém para me levar aos lugares quando eu precisasse sair.
- Sim Rosa, pode falar. - Ela entrou no quarto cautelosa como sempre, eu estava terminando de prender o meu cabelo em um coque em frente a peteadeira.
- Vim avisar que o seu marido e a sua filha já chegaram, eles estão lá embaixo e o senhor Graymark me pediu para chama-la. - Então eles finalmente chegaram.
- Avise-os que eu já estou decendo. - Disse.
- Sim senhora. - Ela respondeu e se retirou fechando a porta atrás de si.
Eu me levantei e me olhei no espelho da penteadeira. cabelos presos, vestido de seda preto de mangas curtas e sapatos de salto vermelhos no estilo scarpans. Apesar de tudo o que havia acontecido, eu me recusava a deixar de me vestir de forma elegante. Respirei fundo e me virei caminhando em direção a porta pensando em como estaria a minha filha depois de tantos anos e no que eu sentiria ao vê-la novamente.
***

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