Uma Grande Perda.

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Eu senti, naquele momento eu senti a dor que ela estava sentindo pela perda do seu filho, eu tentei ajudar, juro que fiz tudo que estava ao meu alcance para que ela e o filho ficassem bem, mais infelizmente não foi o suficiente.
Muitas vezes, por mais que você se esforce, por mais que dê o seu melhor, por mais que tente de tudo, não adianta.
Me pergunto se eu deveria ter lhe contado a verdade, se deveria tê-la preparado para o que poderia acontecer, mais infelizmente não se pode mudar o passado, a única coisa que podemos fazer e nos torturar com a dúvida do que aconteceria se tivessemos feito diferente, mais naquele momento, eu fiz o que achei que era o certo, achei que a estava protegendo, mais talvez estivesse criando uma nova ferida que a levaria a tomar uma atitude, uma atitude contra mim.

Selma Graymark, Ainda 18 Anos Atras.

- Então, o que voce acha?- Perguntei enquanto Luciano analizava o resultado do exame de Glória.
Depois que eu lhe dei o presente, nós seguimos com o restante do dia como de costume, Glória me fez companhia até o meu marido chegar, então, depois que terminamos o jantar que eu fazia questão de que Glória comesse junto conosco, disse que ela estava dispensada e que poderia ir descansar.
Então subi para o quarto com o meu marido e lhe pedi que desse uma olhada no exame que Glória havia recebido do nosso médico, ele já estava analisando a uns vinte minutos...
- Querido?- Ele deu uma batidinha na cama para que eu me sentesse ao seu lado, então eu fiz o que ele me pediu, e soube assim que ele me olhou que algo estava errado.
- Eu não gostaria de falar nada até ver mais alguns exames mais precisos, mais sei que se não lhe dar alguma informação, você ficará mais preocupada do que já está. - Realmente ele me conhecia bem. - Pelo o que estou vendo, Glória tem um problema relacionado a sua pressão, na verdade, ela já tem esse problema a um tempo e, como não sabia sobre isso não tomava os cuidados necessários e por esse motivo, quando as contrações do parto começarem, provavelmente a sua pressão irá subir, colocando em risco a vida dela e do bebê.
Fiquei branca e comecei a tremer. Eu tinha esperança de que não fosse nada muito grave e que talvez nosso médico tivesse exagerado, afinal, ele era obstetra e não cardiologista. Luciano, percebendo que eu estava nervosa, se levantou, foi até a nossa mesinha de cabeceira e serviu um pouco de água de uma jarra em um copo e trouxe para mim, assim que peguei o copo ele se sentou novamente ao meu lado e segurou a minha outra mão que estava livre.
- Selma, você precisa se acalmar, esse nervossismo não vai lhe fazer bem, lembre-se que você já está com sete meses. - Ele estava certo, eu precisava me acalmar, pense nos seus filhos, Selma, disse a mim mesma, vamos, respire. - Isso querida, respire.
- Você acha... Que o bebê pode morrer? - Ele estava com receio de falar, talvez com medo de que eu realmente passasse mal. - Luciano, você sabe que se não me contar a verdade será pior, pois ficarei pensando nesse assunto o tempo todo e acabarei ficando ainda mais preocupada, então, por favor, me responda. Existe essa possibilidade? - Ele respirou fundo.
- Sim, mais não é só isso. - Ele me olhou bastante sério.
- Luciano?- Ele pegou o copo de água que ainda estava na minha mão e esticou o braço para coloca-lo de volta na mesa, depois pegou a minha outra mão, segurando as duas com força e olhou bem no fundo dos meus olhos antes de falar algo que deixou o meu coração em pedaços. - Já vi casos como esse e, na maioria, só um dos dois sobrevive, a mãe ou o bebê. - E com essas palavras eu o abracei e deixei as lágrimas rolarem pelo meu rosto. Como eu iria dizer isso a Glória? Eu simplesmente não poderia e não iria, talvez esse tenha sido o meu primeiro erro, não ter lhe contado a verdade.

****

Glória havia me perguntado várias vezes se realmente estava tudo bem e todas as vezes eu havia lhe dito que Luciano apenas disse que ela não deveria fazer muito esforço, o que não era de todo mentira, já que ele realmente tinha dito que isso ajudaria. Também fez uma receita com medicamentos para controlar a pressão, que eu dava para Glória escondido no suco ou no chá que tomavamos todas as manhãs, estava fazendo isso por ela, não queria que se preocupasse, fora isso limitei os nossos passeios e comprei o restante das coisas que faltava como berço, armários e esse tipo de coisa online, assim não nos cansariamos andando por aí, estava tudo dando certo, tanto meus filhos como o de Glória já tinham tudo o que precisavam, agora só precisavamos esperar pela hora em que finalmente teremos os nossos filhos nos nossos braços.
Apesar da minha casa ter vários quartos, optei por deixar Linda e Simon no mesmo quarto, pelo menos enquanto eles fossem bebyes, isso iria facilitar bastante na hora de cuidar dos dois.
O quarto havia ficado lindo, tínhamos colocado um berço em cada parte da parede e cada uma delas estava pintada de uma cor diferente, a de Linda, é claro, de um tom de rosa bebê e, a de Simon, em um azul anil. Tínhamos comprados tamubem duas poltronas na cor branca e cada uma delas estava perto de um berço, no teto, fiz questão de mandar fazer desenhos de estrelas com um céu azul escuro, também tinha comprado armários das cores correspondentes a cada lado do quarto para colocar as roupinhas deles, além disso, havia uma prateleira na parede que já estava lotada de brinquedos e ursos de pelúcia. Tentei convencer Glória a nos deixar fazer um comodo extra em seu quarto para fazer o quarto do bebê, mais ela era muito orgulhosa, disse que Romeu só iria ter o que ela pudesse lhe dar, então ela apenas comprou um berço e uma pequena comoda aonde guardava as coisas que havia comprado, como roupas, fraldas e etc.
Estava tudo perfeito, até aquela manhã... A manhã em que os nossos bebês decidiram que iriam nascer no mesmo dia.

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