#13

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pov's Nicole

Chego em casa e sou recebida pelo silêncio e a calmaria, meu marido provavelmente já saiu para a viagem, Pietra já deve estar em casa a horas, os outros empregados não vem aos domingos, e as crianças devem ter sido levadas por Algusto a casa de Gisele.

O sol do fim do dia entra pela vidraçaria da sala, iluminando o chão. Paro por um momento na frente da porta, observo a sala e me questiono, quando eu escolhi isso?

São anos morando nessa casa e nunca me senti pertencente, parece que aqui não é meu lugar, acho que esse é um dos motivos pelo qual quero sempre estar longe.

Fecho a porta atrás de mim e vou em direção as escadas, subo para o segundo andar e depois para o terceiro. Abro a porta do ateliê que parece abandonado, quando estava grávida de Luige a maior parte do meu tempo era passado aqui dentro e no cinema que fica na sala ao lado.

Largo minha bolsa sobre uma das poltronas dispostas ao lado da porta e caminho em direção aos enormes armários de madeira e vidro. As portas que são inteiramente de madeira abro para ver o que tem dentro e as com vidro olho somente por fora, procuro pelo meu baú de madeira, quando finalmente o encontro agradeço ao universo. Me lembro de ter escondido uma das chave do cadeado em uma das teclas do antigo piano. Largo a caixa sobre o chão e vou até o piano, puxo a lençol que o cobre e procuro por uma tecla frouxa, quando finalmente a encontro, pego a chave e vou abrir o baú.

A primeira coisa que vejo é uma foto minha e de Sara, um dos meus braços passam por sua cintura, ela segura um macacãozinho rosa e eu um documento dizendo que o procedimento foi realizado.

Sinto meus olhos se encherem de lágrimas, pego a foto e acaricio com cuidado, foi tirada na nossa primeira tentativa de engravidar, estavamos tão felizes.

— Não sei aonde nos perdemos - Sussurro acariciando Sara.

Mexo nas outras coisas da caixa, várias e várias lembranças, penso no que faria caso Sara tivesse voltando antes.

pov's Sara

Parada no sinal vermelho um chuvisco começa e percebo graças aos pingos no vidro. Assim que o sinal abre dirijo até o shopping, faço as coisas que devo fazer e quando estou voltando para o carro o chuvisco vira uma chuva um pouco mais forte. Adentro o veículo e vou em direção a mansão Paollin.

— Pelo amor, Nicole! - Reclamo apertando a campainha da casa.

Penso em usar a chave que tenho mas acho inadequado, não estou no meu horário de trabalho.

— Desculpa - Escuto sua voz assim que a porta começa a se abrir.

— Por que demorou tanto? - Questiono cansada.

— Entra - Ela pede.

— Sério Nicole, eu só vim te entregar isso, estou morta de cansada.

— Eu estou sozinha - Ela fala séria.

Abro um sorriso malicioso e falo.

— Não achei que me perdoaria fácil assim - Insinuo brincando com um tom de malícia.

Vejo o rosto de Nicole continuar sério e então percebo as bochechas rubras e os olhos inchados, ela estava chorando?

— Tudo bem - Falo passando por ela e entrando na sala.

— Vem aqui - Ela pega minha mão e me puxa em direção a escada.

Subimos até o segundo andar e então o terceiro, aonde eu nunca ousei vir.

— Aonde está me levando? - Questiono curiosa e com medo.

Ela não responde, só me puxa mais um pouco e abre uma porta que dá uma espécie de ateliê de arte.

— Uau - Exclamo antrando atrás dela.

— Aqui - Ela me puxa mais um pouco e só para quando chegamos perto de uma caixa de madeira fechada no chão.

— Abre - Ela pede.

Me questiono se devo mesmo fazer isso, então decido, me abaixo e abro a caixa, a primeira coisa que vejo me surpreende... Ela guardou.

Nossas coisas... - Sussurro.

Eu teria te perdoado - Ela fala depois de alguns segundos.

— O que? - Questiono perdida, ainda pensando nas coisas que tem no baú.

— Sobre o que você disse de não ter direito de voltar para a minha vida, eu teria te perdoado.

— Você estava namorando... Noiva, sei lá - Aponto.

Pego as coisas de dentro da caixa e vou olhando uma por uma.

— Eu voltava para você - Ela fala — Eu teria voltado...

— Você estava grávida dele - Falo e engulo em seco — E o que isso muda agora? - Questiono a olhando nos olhos.

Ela fica em silêncio, suspiro e me levanto ficando de frente para ela.

— Eu acho que vou voltar para casa - Anúncio a olhando nos olhos.

Vejo uma dúvida se acender em suas pupilas.

— Você nem viu tudo as coisas - Ela fala e eu entendo, ela acha que irei voltar para o apartamento.

— Não, eu vou sair da cidade - Explico melhor.

— Então por que veio? - Ela questiona e eu vejo o fogo de dúvida se tornar rebelde.

Ela está com raiva e eu não posso culpa-la.

— Meu objetivo era claro, vir para cá, reencontrar você e me explicar e conhecer... - A palavra fica presa em minha garganta.

O fogo continua aceso, mas eu não consigo entende-lo, parece tão perdido quanto eu e lutando para não apagar.

Sem ao menos perceber, a maciez de seus lábios precionados aos meus me faz voltar para quando tínhamos 17 anos e uma casa somente nossa.

Empurro Nicole contra a parede e a beijo com mais veemência, meus sentidos ultrapassam a razão. Sinto o desespero do seu beijo, suas mãos se enroscam nos meus fios, as minhas posam em seu rosto no intuito de sentir e relembrar meu corpo como é tê-la depois de anos.

Seus lábios soltam os meus e finalmente percebo que precisava respirar, seus olhos colam nos meus e eu preciso de controle sobre mim mesma para sair daqui, no entanto quando sinto que consigo me despedir e dizer que tudo foi um erro, seus lábios voltam a pressionar os meus.

Sara não faça... Meu cérebro grita, em determinado momento estou tão absorta em Nicole que nem o escuto mais.

Seus lábios descem para o meu queixo e então o pescoço, trocamos de posição e agora eu estou encurralada a parede. O perfume de seus cabelos invadem minhas narinas, sua boca suga meu pescoço e o morde, certamente deixará bem marcado. Uma das mãos sai de meus cabelos e repousa sobre meu seio direito o precionado, não consigo, nem tento segurar, um gemido baixo e rouco saí de minha boca sem permissão.

Nicole se afasta e me olha nos olhos, parece ter saído de um transe, mas então sinto seus lábios novamente nos meus.

— Uma despedida - Ela sussurra entre o beijo.

Para! Você está estragando a vida dela aqui, se o marido descobrir a família que ela construiu virará pó! Meu cérebro me repreende, mas eu ignoro, estou a tantos anos longe dos seus toques, preciso senti-los novamente para saber que estou viva.

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