#28

436 39 5
                                    

pov's Sara

Deitada no sofá da sala de Nicole, espero por sua chegada, a noite já chegou a algum tempo e ela ainda não chegou. Pelo vidro da porta da varanda dou uma olhada na rua, pouco movimentado e nem um dos carros que vejo se parecem com o de Nicole.

Escuto o barulho de um trinco sendo aberto, olho para a porta esperando que seja a vizinha, fico feliz e surpresa ao ver Nicole e Luige logo atrás.

— Caixinhos — Chamo e ele corre em minha direção.

— Sara! — Ele corre até mim.

— Como você tá? — Abraç9 ele com jeito para não me machucar.

— Bem! — Ele fala animado — Nós dormimos na casa da tia Gisele e foi divertido, sabia? — Ele conta animado.

— Que legal — Afirmo animada — O que vocês fizeram?

— Ontem a gente montou uma barraca para dormir na sala!

— Nossa, isso parece ser muito divertido — Falo animada com seu jeito de falar.

— Luige vai tomar banho que você tá sujo! — Nicole manda e o menino em segundos se levanta do sofá e corre para o corredor.

Olho para mulher e vejo que parece pensativa e tristonha olhando para o nada.

— O que aconteceu? E cadê as meninas? — Pergunto preocupada.

Nicole finalmente parece me ver ali, então se aproxima e senta ao meu lado.

— Eu tive que deixar as gêmeas com o Algusto, eu não sei... Nunca quis separar ele das filhas, mas o jeito de agir dele me assusta e eu tenho medo — Confessa.

— Você não tem a guarda unilateral até o fim do processo de separação? — Pergunto surpresa.

— Parece que ele recorreu em segredo e conseguiu uma ordem — Ela conta observando a tv desligada — Incluía Luige também, mas eu não aceitei deixá-lo.

— Ele não tem direito nem um sobre o nosso filho! — Falo e a vejo suspirar e então se encostar no sofá.

— O menino é registrado como filho dele — Ela fala — Disseram que caso eu pegasse as crianças seria enquadrado como sequestro. Só que o Luige é uma excessão, meus advogados disseram que já foi entrado com um processo alegando que ele oferece risco ao Luige.

— Mamã? — Luige grita.

— Eu vou lá, daqui a pouco venho fazer algo para a janta, você deve estar com fome — Disse se levantando.

Enquanto a vejo se afastar e então entrar no corredor e sumir por ele, fico pensando em como está sofrendo e com medo. Acabo me perdendo nos pensamentos e quando volto para a realidade a voz de Luige já se faz presente perto de mim.

— Minhas irmãs choraram quando a gente veio pra casa, elas queria vir também — O menino começa a contar — E a mamã também chorou.

— Sabe de uma coisa? — Questiono.

— Que? — Ele pergunta curioso.

— Acho que a mamãe está um pouco triste, que tal fazermos biscoitos da felicidade, em?

— Eu nunca comi! — Ele fala animado.

— Nicole? — Chamo seu nome — Eu e o Luige tivemos uma ideia — Falo para a mulher na cozinha — Vamos fazer meus biscoitos da felicidade.

Ela se vira em nossa direção e me olha com um brilho nostálgico, como se visse algo que a muito tempo não vê.

— Tem certeza? Acho melhor você ficar quieta pra recuperação ser mais rápida — Ela fala séria.

- Eu não vou morrer por assar uns biscoitos — Rebato.

— Mamã deixa! — Luige insiste.

— Tudo bem, ok — Ela concorda.

Gastamos pouco mais de uma hora fazendo a massa e depois o recheio e a cobertura, conseguimos até fazer Nicole rir, se alguém nos visse de fora poderia nos identificar como uma família passando um tempo juntos.

— Agora é só assar — Nicole informa abrindo o forno — Em 20 minutos fica pronto, então nós recheamos e passamos na cobertura.

— Eu quero muito, muito provar esses biscoitos — O menino fala animado olhando para o forno.

— Agora nós vamos jantar e depois comer os biscoitos, ok? — Nicole fala com o menino.

— Tá bom mamã — O pequeno concorda e se afasta do forno.

Após isso servimos nossos pratos e nos sentamos ao redor da mesa, durante todo o jantar conversamos sobre como as coisas estão, mas nada muito sério já que Luige acompanhava tudo.

— Terminei! — Anúncia o menino empurrando o prato para longe — Posso pegar os biscoitos agora? — Ele pergunta animado.

— Espera! — Falo me levantando da mesa e indo até o forno.

Tiro os biscoitos e os ponho sobre a bancada para esfriarem de forma mais rápida.

— Filho pega o recheio e a cobertura na geladeira — Peço.

— Tá bom — Ele concorda e rapidamente pega tudo na geladeira e trás até mim.

— Deixa eu ajudar —Nicole se oferece e logo a vejo pegando talheres e manteiga.

Então começamos a rechear e passar cobertura nos biscoitos e depois de bastante minutos finalmente estão todos completamente prontos – tirando os que foram comidos durante o preparo.

— Agora vamos comer! — Luige comemora.

— Vamos comer na sala — Nicole informa.

Nos sentamos no sofá, ligamos a tv e comemos todos os biscoitos em menos de meia hora, entre conversas e risadas.

Desde de criança minha avó fazia os biscoitos, eu sempre acreditei que eles eram mágicos, porquê eu sempre ficava feliz. Depois de anos eu fui perceber que os biscoitos embora muito gostosos eram só biscoitos, o que me deixava feliz era o processo, minha avó falava "biscoitos da felicidade tem fazer dando risada e sorrindo, se fizer de cara feia viram biscoitos da tristeza".

— Luige? — Chamo o menino que enfia o resto de um biscoito na boca.

— Que? — Ele pergunta de boca cheia.

— Não fala de boca cheia — Nicole ralha com ele.

Faço sinal para ele se aproximar e sussurro baixinho como um segredo.

— Vou te contar uma coisa.

— O que? — Ele pergunta com os olhos brilhando de curiosidade.

— Esses biscoitos são mágicos, minha avó me ensinou a faze-los e ela dizia que só funcionavam caso fosse feito entre sorrisos e risadas, se não dava efeito contrário e viravam biscoitos da tristeza — Conto e vejo seu rosto cheio de surpresa para mim — Não conta nada para a mamãe, tá? Sempre que alguém estiver triste a gente faz ele juntos, ok?

— Isso! — O menino concorda.

Puxo ele para mim e o abraço enchendo de beijos e fazendo cócegas, me questionando como vivi tanto tempo sem sentir esse amor. Em meio a suas risadas e gritos de "para!" sinto meus olhos se encherem d'água e seco rapidamente para que ele não veja.

O PASSADO SEMPRE VOLTAOnde histórias criam vida. Descubra agora