#26

464 34 0
                                    

pov's Nicole

Entro no hospital, a ansiedade me consumindo por dentro e minha cabeça fazendo mil questionamentos por segundo. A umas duas horas atrás recebi uma ligação do hospital informando que ouve uma evolução no quadro clínico de Sara e ela pode vir a acordar a qualquer momento e eu quero estar aqui quando isso acontecer.

Entro no quarto a vejo deitada "dormindo", suspiro não sei se frustrada por não a encontrar acordada ou aliviada por ter chegado a tempo de vê-la acordando.

Me aproximo um pouco da cama e observo seu corpo frágil ali deitado, pego uma de suas mãos e beijo.

— Você tá melhorando — Falo para ela — Fica boa logo, eu e nosso filho precisamos de você — Falo e deposito um beijo nos seus dedos.

Respiro fundo segurando para não chorar, coloco sua mão de volta ao seu lado e vou me sentar no sofá que fica do outro lado do quarto.

— Desculpa por não ter trazido o cachinhos hoje, é que agora está muito cedo — Tento me explicar.

Fico um bom tempo falando com ela até que acabo pegando no sono.

Com certeza alguém desse hospital me acha louca por conversar com Sara, mas eu tenho a sensação que ela me escuta e o fato de estar no mesmo ambiente que ela em silêncio é estranho, nunca ficavamos em silêncio quando estávamos juntas. Eu só tento sentir que realmente estou aqui com ela e não só com seu corpo, afinal ela não está morta...

— Olha pode acordar hora que quiser, beleza? — Falo despertando do sono.

Bocejo, dou uma olhada em volta e então vou até a mesinha com uma jarra de água e alguns porta retratos, em alguns tem fotos e em outros desenhos feitos pelas crianças. Encho um copo com água e enquanto o bebo reparo no último desenho que Luige trouxe, pego ele na mão e acabo sorrindo. Ele desenhou eu com uma barriga de grávida e a Sara do meu lado, uma casinha, nuvens e sol no céu, aqueles famosos desenhos de criança.

Fico olhando por um tempo até que escuto um barulho alto como um sinal de escola, largo tudo sobre a mesa e me aproximo de Sara. Tento ao máximo manter a calma para não assusta-la, assim que a vejo abrir os olhos vejo o desespero no fundo deles e digo.

— Calma!

Ela tenta falar mas acho que a dor a impede, uma enfermeira logo chega e aplica algo para a dor e em poucos minutos ela caí num sono profundo.

— Obrigado — Sussurro pegando sua mão — Obrigado por aguentar.

Passo toda a manhã com ela, a tarde rapidamente chega e ela não demora a acordar.

— Como você está? — Pergunto ao vê-la acordada com os olhos abertos observando o teto.

Ela me olha meio desnorteada e não responde, suponho que seja por conta do remédio.

— Eu tenho que ir embora, mas amanhã eu volto — Me explico — Bem, tchau.

— Trás o Luige — Ela pede com voz fraca — Eu quero ver o meu filho.

— Vou ver se consigo — Respondo e saio do quarto.

Mordo o lábio inferior e vou embora do hospital, a caminho de Boas Venturas paro em um restaurante para almoçar.

— Boa tarde, já sabe o que pedir ou deseja o cardápio? — Um garçom chega em mim.

— Boa tarde, o cardápio por favor — Peço — E uma água.

— Ótimo, já trago sua água. — Ele me entrega o cardápio — Quando já tiver decidido o que pedir faça um sinal com a mão em direção ao balcão que um de nós vai vir atendê-la. — Ele orienta e se afasta.

O PASSADO SEMPRE VOLTAOnde histórias criam vida. Descubra agora