#17

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— Desculpa Samantha, mas eu não podia deixar a escola agir desse jeito com uma criança! — Falo entrando no carro.

— E precisava dar um show na diretoria por isso e o pior, usando o nome da dona Nicole!? — Ela fala passando o cinto de segurança.

— Eu errei, tá bom! Mas eu sofri bullying na escola e eu sei que isso só faz a criança sofrer — Falo fechando a porta — Eu sei que a Nicole vai me entender, e se não entender também foda-se.

— Eu sou a sua patroa Sara — Ela me olha séria — E nesse exato momento estou considerando se você é uma boa influência para essas crianças, então ou você para de falar o que não deve agora ou provavelmente não vai ter mais crianças para proteger, entendeu? — Ela questiona.

Engulo em seco e fico em silêncio, o único barulho ouvido dentro do carro é o de Luige batendo os pés e o do motor do carro.

Fico observando o mundo passando do lado de fora e acabo pensando no que fiz, fiquei com tanta raiva e quis tanto proteger o Luige fiz as coisas sem pensar muito.

Assim que chegamos na casa, levei Luige para o quarto e o ajudei a trocar de roupa.

— Vamos sair um pouco — Conto enquanto passo a blusa por sua cabeça.

— Pa onde? — Ele questiona curioso.

— Ainda não sei, vamos andar um pouco pelo condomínio. Tudo bem?

— Aham — Ele responde abrindo um sorriso banguela.

— O que é isso? — Aponto para a boca dele — Tá tão velho assim que já tá caindo os dentes? — Brinco com ele.

— Caiu ontem de noite — Ela fala animado.

— Nossa! Deixa eu ver mais direito — Peço e ele abre a boca — Meu deus, agora vou te chamar de seu Luige.

— Eu não gosto desse — Ele fala rindo.

— Seu Luige, não seja tão ranzinza — Brinco e faço cócegas nele.

Termino de vesti-lo, ajeito seu cabelo e finalmente podemos sair um pouco. Já fora de casa, sinto um vento fresco soprar, descidirmos andar aonde tem sol para nos aquecer-mos do frio da manhã.

— Quero ir no parquinho — Ele fala.

— Aonde fica esse parquinho? — Pergunto.

— Por aqui — Ele me puxa.

Andamos por algumas ruas, até que finalmente de longe vejo algo como uma praça. Luige solta a minha mão e corre na direção do parquinho.

— Não corra — Falo alto o suficiente para ele escutar.

O menino rapidamente obedece e volta a andar. Sigo logo atrás dele, quando chego na praça me sento em um dos bancos de frente para o parquinho quase vazio a não ser por uma menininha brincando sozinha e claro, Luige.

Fico observando Luige e pensando em como seria se meu filho estivesse vivo, se ele seria parecido com o irmão ou não, as vezes acontece algumas coisas que fazem eu pensar que Luige pode ser o meu filho, mas aí eu penso melhor e chego a conclusão que é minha mente tentando me sabotar.

Luige tem a pele escura como a minha e os cabelos cacheados como os meus, os olhos cinzas também são iguais, o que é bem curioso, pelo fato de Nicole e Algusto serem brancos, Algusto ainda tem o cabelo escuro e os olhos claros, isso justifica boa parte...

Fico tão avoada pensando que nem percebo o tempo passar, acabo estranho o calor e então olho em meu relógio, são quase 12:30.

— Luige vamos! — Grito em direção ao menino brincando sozinho no balanço.

O PASSADO SEMPRE VOLTAOnde histórias criam vida. Descubra agora