#22

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pov's Nicole

Depois que Sara saiu, eu subi para o terceiro andar, me tranquei no cinema e desabei lá dentro, sentada em uma das poltronas confortáveis, chorando sem saber bem pelo que.

Logo que ela saiu, eu senti um aperto no peito, algo dizendo que eu deveria ceder e ir atrás dela e a impedir de sair dessa casa, mas eu não o fiz, meu orgulho foi muito maior que isso.

pov's Sara

Não sei a quanto tempo estou dirigindo sem rumo, chorando e xingando Nicole e todos que me irritam no trânsito. Em determinado momento sinto um impacto forte as luzes piscando um estilhaço sobre mim uma dor dilacerante e tudo ficando preto.

Acordo e escuto um barulho alto, ainda de olhos fechados sei que estou em um lugar muito claro, deitada em uma cama confortável e com algo em meu rosto – como uma máscara –. Uma dor horrível me faz querer voltar a dormi e esquece-la, escuto uma voz conhecida e descido abrir os olhos.

— Calma — A voz baixa e cautelosa de Nicole diz.

Imediatamente tenho flashs da nossa briga e sinto um ódio enorme por ela, abro a boca para xinga-la mas a dor em meu abdômen me faz mudar de ideia.

— Fica quieta. Alguém já deve estar vindo — Ela fala e anda para longe do meu campo de visão.

Tento me mexer o mínimo possível para não sentir mais dor, sinto um monte de agulhas e outras coisas em mim, percorro o quarto com os olhos e percebo ser um quarto privado.

Claro que ela não te deixaria em um hospital público! Meu cérebro responde meu questionamento.

— Bom dia — Uma mulher baixinha, corpo médio, pele clara e cabelos escuros adentra o quarto uniformizada — Vou aplicar um remédio para dor, ok? Você pode acabar sentindo sono, tá bom? Pode dormir — Ela informa mexe em alguma coisa que faz a cama se mexer e começar a subir um pouco.

Na cânula do soro ela aplica uma injeção e então saí do quarto, deixando somente eu e Nicole com um rosto preocupado, ficamos por um bom tempo em silêncio até que descido falar.

— O que faz aqui? — Pergunto baixo com a voz rouca ainda sentindo muita dor na região da barriga.

— Você não tem família — Ela me informa — E eles entraram em contato comigo.

Murmuro algo e olho para ela curiosa, me questiono a quanto tempo fiquei inconciente.

— Quanto tempo? — Minha voz saí fina e baixa.

— Melhor você descansar — Ela se aproxima — Luige veio te ver, ele e as meninas estão com saudades — Ela fala e sinto meus olhos se encherem de lágrimas.

Meu filho? Eu preciso ver ele e falar pra ele e...

— Eu quero ver ele — Uso um restinho de força para falar.

— Você vai! Antes você precisa descansar para quando ele vier aqui você esteja acordada e consiga conversar um pouco — Ela fala ajeitando meu travesseiro.

Tenho vontade de me afastar dela, mas como não posso só observo seus olhos pousados nos meus por alguns segundos.

— Você me assustou, eu achei que te perderia — Ela fala e se afasta um pouco — Descansa... — Sua mão toca meu rosto suavemente e em algum momento acabo adormecendo.

pov's Nicole

Eu acabei dormindo na poltrona do cinema, não foi a melhor das noites, pesadelo atrás de pesadelo, acordei diversas vezes e demorei a voltar dormir de novo. Pela manhã eu acordei escutando alguém me chamar diversas vezes, então saí do cinema e fui atrás da voz de Samantha.

O PASSADO SEMPRE VOLTAOnde histórias criam vida. Descubra agora