#20

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pov's Nicole

Como o voou é internacional, cheguei em casa umas cinco horas antes, ajeitei algumas últimas coisas e quando estava saindo do closet me deparei com uma camisa jogada no chão, debaixo da cama, quase imperceptível.

— Algusto! - Vocifero e me abaixo para pegar.

Assim que pego percebo que não é dele, é uma camisa que Sara esta procurando a alguns dias. Penso imediatamente em levar para ela no quarto, mas em seguida me lembro que ela levou as crianças para a aula de espanhol.

Volto para o closet e coloco junto de minhas camisetas, embolada em um canto, marco mentalmente que devo avisá-la assim que chegar.

Desço para o primeiro andar e vou até o escritório, assim que abro a porta me deparo com Samantha sentada mexendo no computador.

— Vim pegar as passagens — Informo.

— Já vou imprimi-las — Ela diz sem desviar os olhos da tela do computador.

Samantha é o pilar principal dessa casa, sinceramente eu não sei o que seria da minha vida sem ela – ela deposita o pagamento dos funcionários, paga as contas da casa, garante que tudo fique perfeito sem que nós precise-mos nos preocupar –.

— Obrigada — Agradeço assim que ela estica as passagens em minha direção.

— De nada — Ela responde.

— Ainda não — Escuto a voz de Sara ao longe.

Saio do escritório e a vejo entrar na sala, o celular perto da orelha indica que está conversando com alguém. Me aproximo e falo sem emitir som que estou subindo para o seu quarto, ela abre um pequeno sorriso e acena com a cabeça em positivo.

Subo para o segundo andar e vou até seu quarto – aonde antes era um dos quartos de visitas –. Me sento na cama e depois de alguns minutos a porta se abre e eu vejo a mulher negra passar por ela.

— Só quero me despedir — Falo me levantando.

— Pensei que nem te veria mais — Ela fala com um sorriso de lado — Boa viajem.

— Obrigado, eu também tenho que te avisar, aquela camisa que você tava procurando tá no meu closet, não esquece de pegar.

— Tava procurando ela a um tempão, por que não me avisou antes? — Ela pergunta se direcionando até uma mochila encima da poltrona.

— Só vi ela hoje, nem sabia que tava lá — Respondo e um silêncio se instaura por alguns segundos — O que aconteceu? — Questiono.

São anos mas ela ainda é a mesma pessoa, sabe máscarar seus sentimentos como ninguém e eu sei desvenda-los como ninguém.

— Eu tô tranquila — Ela responde.

— Tá chateada — Afirmo — Com o que? — Questiono.

— Não é nada sério e nem do seu interesse — Ela fala.

— Eu te conheço — Falo cruzando os braços — Se não fosse comigo, você estaria normal e caso eu pergunta-se você responderia com "tudo certo" ou algo do gênero.

— Para! — Ela vocifera.

— Se você não falar não tem como te ajudar!

Ela fica em silêncio por um tempo guardando algumas coisas na mala, quando desisto e estou prestes a sair do quarto ela descide falar.

— Eu não suporto as suas brigas, só isso... Caralho ele te faz sofrer e eu não suporto isso.

— Ironicamente, você também me fez sofrer muito e olha hoje... — Eu falo parada em frente a porta — Eu posso não estar feliz, mas antes quem eu não amo me machucando do que quem eu amo.

O PASSADO SEMPRE VOLTAOnde histórias criam vida. Descubra agora