#27

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pov's Sara

Após alguns dias trancada dentro de um quarto sem ver a luz do dia, finalmente recebo alta. Alguns enfermeiros me ajudam a descer da cama e me sentar em uma cadeira de rodas.

— Aeeh — Nicole comemora — Agora vai poder sair desse quarto!

— Graças a Deus! — Exclamo.

Graças a esse tempo em coma perdi parte dos movimentos das pernas e precisarei de um tempo fazendo terapia, Nicole acabou cedendo um lugar na sua casa até eu me recuperar, já que ela não achou seguro que eu ficasse sozinha em casa.

— O que vamos fazer agora? — Questiono.

— Vamos para minha casa — Nicole fala.

Não foi fácil perdoar Nicole, na verdade eu ainda não consegui perdoar totalmente, no entanto esse tempo deitada em uma cama sem poder fazer muita coisa me deu tempo para pensar melhor nas coisas. Aqui no hospital ela foi a única pessoa que veio me ver – além de Luige e as gêmeas que vieram algumas poucas vezes – e também se ofereceu para cuidar mim enquanto eu precisar.

Os papéis de alta são assinados e finalmente voltamos para "casa" – apartamento novo de Nicole na verdade –.

— Seja bem vida — Ela fala empurrando minha cadeira para dentro da sala.

— Obrigada — Agradeço — Cadê as crianças? — Questiono curiosa e doida para vê-los.

— Estão na casa da Gisele — Ela explica — Sabe a minha babá sofreu um acidente e eu tive que me virar sozinha.

Dou risada e me arrependo amargamente ao sentir uma pontada na barriga.

— Acho melhor eu não fazer graça, ok, entendido — Nicole fala séria — Bom, agora acho que você precisa descansar — Ela fala e vai para trás da cadeira e começa a empurrar.

— A vida é irônica, né? Tipo, nós nunca imaginamos que depois de anos eu iria trabalhar para minha ex mulher, e então sofrer um acidente e a minha ex mulher cuidar de mim.

— A vida é um mar de surpresas, você consegue ficar duas horas sozinhas?

— Aquela criança que você fica não sabe dirigir não? — Questiono sem pensar muito.

— Acho que nós duas temos inclinação para pegar mulheres mais novas, ou a Âmbar não conta? — Nicole questiona empurrando a cadeira até o quarto.

— Âmbar é só uma amiga — Afirmo revirando os olhos.

— Gisele também!

Então o silêncio predomina por alguns segundos até eu abrir a minha boca para alfinetar Nicole novamente.

— A questão é que eu sou solteira, né...

— Se você não calar a boca eu posso te jogar pela sacada.

— Como explicaria para o Luige que uma de suas mães está morta e a outra na cadeia?... Aqui é seu quarto? — Questiono.

— Gisele criaria ele como um filho nem sentiria sua falta e eu ele poderia visitar. E sim, só tem dois quartos e acho que você prefere dormir nesse ao invés de dividir um com três crianças que acordam muito cedo e nunca param quietas — Me responde.

— Não gosto da Gisele tão perto do meu filho e realmente prefiro não dividir um quarto com aqueles três — Brinco.

A cadeira é encostada na cama e Nicole me levanta e ajuda a deitar na cama.

— Gisele me ajudou muito Sara e você nem conhece ela para estar dizendo isso e aquilo — Ela fala séria.

A verdade é que eu tenho inveja, pelo que Nicole fala Gisele é tudo o que eu deveria ter sido para ela. Adora e cuida das crianças além de nesse tempo todo estar dando apoio e suporte emocional, além é claro de terem um caso.

O PASSADO SEMPRE VOLTAOnde histórias criam vida. Descubra agora