Capítulo 6 - Vida Longa À Rainha

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Depois da aula fomos à feira do castelo para comprarmos comidas, temperos e livros novos. Quando chegamos a feira estava cheia, barracas velhas e quebradas se sustentavam por puro milagre enquanto diversos tipos de criaturas caminhavam de um lado para o outro. Um corredor formado por barracas montadas de costas para o castelo e do lado oposto as barracas montadas de costas para o rio que cortava o reino. Procuramos por cartazes com objetos para achar, não havia nada que nos interessasse.

Caminhando ao lado de Safira reparei que o rio que deveria ser protegido pelas ninfas nunca tinha ninfas, o rio corria em direção ao mar e estava sempre vazio.

- Uma vez vocês disseram que o rio que corta o reino é protegido pelas ninfas. Por quê nunca vi nenhuma?

Safira respondeu – Depois do que aconteceu com a ninfa que Ravena amaldiçoou as outras ficaram com medo, elas não vêm nesse ponto do rio.

As ninfas não eram como nós, monstros, elas eram delicadas e tinham o poder ligado a cura, seria mesmo sensato da parte delas ficarem longe da rainha. Elas conseguiam retirar substâncias do corpo sem causar dor ao paciente, graças a essa habilidade vendiam sangue, geralmente tendo vampiros como clientes, adrenalina, assim algumas criaturas se tornavam viciadas, entre outras, inclusive o soro com poder de cura muito usado em casos de doenças e acidentes sérios. Não eram criaturas que mereciam ser machucadas.

- Já compramos tudo – disse Maria para nós três – podemos voltar pra casa.

Fazendo o caminho de volta pelo corredor da feira fomos interrompidas pelos guardas do castelo, na sua maioria eram gárgulas com alguns poucos centauros. Usavam armadura de ferro, espada, escudo e capacete.

As portas largas e altas do castelo se abriram, uma linha de frente de quatro gárgulas muito fortes, altos e com asas enormes saíram abrindo espaço para uma figura pequena. Uma mulher linda, baixa, com cabelo ruivo alaranjado na altura do ombro, a pele branca como a neve e os olhos verdes como folhas caminhou para fora, de cima da escadaria que levava ao castelo ela olhava para o povo com arrogância. Um dos gárgulas passou a frente descendo o primeiro degrau, esticou a mão para ela demonstrando cavalheirismo, ela apoiou a mão sobre a dele sem tirar os olhos da feira, que de um segundo para o outro foi tomada por um silêncio medonho.

Enquanto ela descia a escada com elegância observei na minha frente quando um casal de centauros se moveu milímetro por milímetro para tapar uma pequena centauro fêmea que estava atrás deles. Os guardas empurraram as criaturas da frente fazendo com que abrissem espaço criando um corredor de seres amedrontados.

A rainha se posicionou no início do corredor, levantou a mão direita com a palma estendida e todos se ajoelharam. A xinguei mentalmente por me fazer sujar meus joelhos com a lama.

Com dois gárgulas à frente e dois centauros atrás ela caminhou para dentro da feira, olhando cada criatura, talvez a procura da próxima vítima.

Quando ela passou por mim pude notar que o pano do vestido verde escuro que ela usava era o pano mais bonito que já havia visto em toda minha vida, o salto bem alto todo desenhado com folhas e ramos de ouro subindo até o tornozelo. Ela podia ser má, mas tinha um ótimo gosto para roupas e sapatos.

Um homem ajoelhado com uma garrafa de bebida mal conseguia se equilibrar sobre os dois joelhos. Ravena se aproximou dele com uma cara de pena, passou a mão pelos cabelos do homem e fez com que ele levantasse a cabeça para olhá-la.

- Cadê seu alfa que não cuida de você? Será que vou ter que matar mais um de vocês pra ele aprender a segurar os cachorros na coleira?

- Não, senhora. - respondeu o homem, completamente humilhado.

A Mesa E O MarOnde histórias criam vida. Descubra agora