Capítulo 12 - Centauralis

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Pela manhã, durante o café da manhã com Celeste e Helen fiquei sabendo que Rudi visitaria outra aldeia a procura de novos integrantes para o exército e resolvi que seria uma boa ideia ir junto, talvez pudesse ajudar da mesma forma que fizera com o menino fauno, assim as pessoas teriam um bom motivo para lutarem por nossa causa, além do desgosto com a atual monárquica.

Bati a porta da cabana dele, uma batida e ele não atendeu, duas batidas e ele não atendeu, três batidas e ele apareceu vestindo apenas calça jeans surrada na minha frente, o abdômen perfeitamente trabalhado, braços fortes, cabelo molhado jogado para trás e um rosto de predador safado, rosto de quem sabia bem quem era e o que podia fazer, na caçada e na cama.

- Bom... Bom dia – falei tentando desviar o olhar daquele corpo escultural – fiquei sabendo que irá a uma aldeia de centauros para chamar mais integrantes para o exército – meus olhos se mostraram perfeitos traidores - gostaria de ir junto.

- Podemos conversar? - ele abriu espaço para que eu passasse pela porta.

Entrei na cabana como se estivesse entrando num território perigoso, um espaço pertencente a ele, com o cheiro dele, as marcas dele, sob total domínio dele. A cama de casal posicionada no meio do quarto, me perguntei quem além dele já estivera naquela cama, com um guarda-roupa à direita e uma mesa cheia de livros e papéis à esquerda, uma pequena tigela no meio dos livros com uma planta desconhecida por mim me chamou a atenção, andei até a mesa a fim de ter uma visão melhor do conteúdo da tigela.

- Isso é Xisla, os lobos costumam comer para caçar.

- Posso ver? - olhei para ele.

- Fique à vontade, mas não recomendo que coma.

Peguei a tigela e senti um cheiro semelhante a Kiwi, o ramo possuía pequenas folhas, verdes de um lado e roxas do outro.

- Por que não posso comer?

Ele se sentou na cama parecendo confortável com a minha presença no seu território.

- Os lobos comem essa planta para caçar, quando as substâncias dela se misturam com a nossa saliva o conjunto vira uma arma, paralisa as presas menores e retarda as maiores, impede a cicatrização fazendo com que deixem um rastro de sangue para seguirmos e assim elas ficam cada vez mais fracas. - ele explicou – não sei que efeitos poderia fazer no seu organismo, mas já ouvi falar que criaturas que foram mordidas e sobreviveram tiveram febre e alucinações.

- Não é mesmo uma boa ideia – devolvi a tigela para o mesmo espaço onde estava – prefiro as flores.

- Você quer ir para a aldeia dos centauros? - não foi um convite.

- Sim. - me apoiei na mesa tendo uma ótima visão dele – acho que posso ajudar, posso mostrar que somos bons.

- Ayra, ficar se expondo assim é perigoso. Ravena tem espiões por toda a parte e histórias sobre alguém fazendo o bem com poderes incomuns se espalham mais do que alguém formando um exército.

- Podemos ser cautelosos, eu posso fazer a minha parte somente quando tivermos certeza de que é seguro. - peguei a cadeira e sentei de frente pra ele, a poucos centímentros da cama – imagine quantas pessoas por aí precisam de alguém como eu... e quantas outras precisam de um exército como o seu. - acrescentei um sorriso ao argumento.

Ele passou a mão pelos cabelos, respirou fundo e me olhou vencido pelas minhas palavras. - está bem... mas por favor, tome cuidado, não abuse desta habilidade e não se exponha.

Sorri concordando com as recomendações.

- Sairemos em duas horas. Não precisa levar muita coisa, a aldeia fica nesta montanha.

A Mesa E O MarOnde histórias criam vida. Descubra agora