Capítulo 33 - Invasora De Sonhos

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Indo dormir na metade do dia, meu corpo despertou na metade da noite, olhei para o lado e vi que Celeste dormia como um anjo, tentei repetir com ela o que havia feito com Rudi no deserto. Me concentrei no seu rosto adormecido, semblante tranquilo, feição angelical, imaginei nós duas naquele mesmo quarto, de pé, uma de frente para a outra.

A minha mente pareceu viajar, como se meu corpo e minha cabeça estivessem em lugares diferentes, tinha certeza de que estava sentada na cama, mas também estava de pé e minha amiga estava bem na minha frente, sem saber que eu me infiltrara no sonho dela, uma invasora de sonhos.

- Ayra! Senti saudade! - ela me abraçou.

- Eu também. - devolvi o abraço.

Ela desfez o abraço e segurou minhas mãos.

- Fiquei muito preocupada, queria poder contar pra vocês que eu permiti que Sirius me beijasse. - os olhos dela brilharam – Foi bom, ele foi um fofo comigo.

Achei melhor revelar a procedência do sonho, não era justo que ela me contasse coisas sem saber que estava realmente contando.

- Celeste, você está dormindo, mas eu não. Isto é um sonho induzido, quando acordar eu saberei tudo o que está me contando.

Ela parou e pensou.

- Você descobriu uma nova habilidade? - tinha o rosto sério.

- Sim. - balancei a cabeça, séria como ela.

Celeste ficou visivelmente triste. - Parece que este mundo deu algo de extraordinário para todos, menos para mim.

Foi a primeira vez que vi Celeste se lamentar por ser a menos agraciada por magia entre nós, ela parecia levar a questão com muita normalidade, no entanto, vendo a reação à descoberta da minha nova habilidade, percebi que era algo delicado para ela. Senti-me mal por não poder ajudar, a magia parecia ter seus preferidos, mesmo que em alguns casos, como o meu, ela trouxesse dor e destruição.

- Não fique triste, – apertei as duas mãos dela. - você não precisa de magia para ser extraordinária, você já é, nasceu pra ser a criatura mais linda e amável de todos os mundos. Não lamente por possuir pouca magia, às vezes ela vem como um castigo. - fui firme, minha amiga balançou a cabeça parecendo concordar, deu um meio sorriso que passou longe da felicidade. - Agora, me conte sobre Sirius.

O rosto dela se acendeu de novo. - Ele é fofo, - as bochechas ficaram rosadas. - todo dia de manhã me dá uma flor comestível, todas as noites me acompanha até a porta da cabana e me dá um beijo de boa noite na testa.

- Vocês está namorando? - perguntei animada, ela parecia feliz.

- Não. - sorriu fazendo o rosado das bochechas se intensificarem. - Estamos nos conhecendo. Há duas noites permiti que ele me beijasse e senti que foi incrível... ele me faz bem. - alargou o sorriso. - As borboletas do meu estômago voam por ele.

- Você merece muito ser feliz! - sorri permitindo que a felicidade dela me contagiasse. - Aproveite cada momento, cada beijo, cada borboleta. - abracei-a com carinho – Bom sono.

Me desfiz daquele sonho, permiti que Celeste voltasse para seu descanso enquanto a minha mente voltou para o meu corpo que permaneceu sentado na cama. Queria testar com outras pessoas, sem olhar para elas.

Levantei da cama e me dirigi para o centro da aldeia, todos dormiam, o silêncio tomava conta do ambiente e apenas os habituais animais da floresta contavam a melodia da noite. Olhei ao redor para todas as cabanas, exceto para a de Rudi, não queria conversar com ele naquele momento.

Sebastian, tentei imaginar o rosto dele, a forma como falava, como sorria, lembrei da primeira vez que o vi, lembrei de quando ele me ajudou com o treinamento com a dor, lembrei dele na reunião do dia anterior... nada aconteceu, eu não conseguia chegar até ele. Não perdi tempo.

A Mesa E O MarOnde histórias criam vida. Descubra agora