primeiro

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Puta que pariu

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Puta que pariu. Filho da puta. Desgraçado de merda.

Naquele momento tão fodido de ruim, o rei dos salvadores teve a certeza que deveria ter estourado a cara de Rick quando teve a oportunidade.

De pensar que aquele maldito tinha colocado fogo em Lucille! Apenas o pensamento fazia Negan querer matar Deus e o mundo.

Fechou seus olhos por alguns instantes tentando recuperar todo fôlego perdido pelo esforço e, quando soltou todo ar de seus pulmões, sentiu o canto da boca tremendo pelo nervosismo e dor.

E era uma puta de uma horda que vinha em sua direção, o ranger do piso de madeira ia fazendo seu percurso de forma grotesca, o arrastar de pés, o cheiro fétido que invadia suas narinas e toda a vibração do que um dia fora uma voz.

Negan apertou o pedaço de ferro entre os dedos, descarregando todo sentimento de ódio em golpes mal articulados. A putrefação ia sendo dilacerada, o sangue escuro esguichava pelos arredores, o grunhir irritante dos errantes que o fazia xingar tanto.

Como caralho foi se deixar perder Lucille?

Engoliu a seco ao passo que seu corpo ia se movendo em novos golpes, que a dor de uma queda invadia cada centímetro de seu organismo, que gritava para espantar.

— Vamos lá, seus cretinos fedidos.

Aconteceu que, quanto mais matava, mais apareciam.

Mas que porra. Aquele estava mesmo sendo um dia de merda.

O rei dos salvadores olhou para cima encontrando as vigas de madeira, deu um chute em um dos errantes e sorriu um tanto animado, toda a temperatura elevada consumindo seu corpo de dentro para fora.

Com os olhos tão fixos em seu objetivo, Negan subiu na pequena pilha de corpos com tanta cautela, ergueu os braços para ver se alcançava, mas nada que um pulo não resolvesse.

Tão logo sentiu o desconforto dos dedos ao carregar todo seu peso, a multidão faminta que se aproximava, o cretino que tentava lhe agarrar as botas. Deu-lhe um chute e mais outro, o maldito errante cambaleando, mas não cedia por nada.

Aquele era um daqueles momentos únicos onde um passo em falso, podia foder com tudo.

Na terceira tentativa, os braços se soltaram e ele ficou livre por uma fração de segundos, essa que deveria ser o necessário para que pudesse se balançar o suficiente, que as pernas teriam que encontrar uma forma de se entrelaçar sobre a viga. Fora nesse momento, onde sentiu a pequena satisfação lhe corroendo as veias, ele quase gargalhou.

O odor de putrefação ia consumindo suas narinas, as mãos erguidas e o grunhido desesperado que eles emitiam, toda a cautela em ir se movendo pela madeira velha, que do jeito fodido que as coisas iam, Negan não ficaria surpreso caso ela quebrasse.

KILLING STRANGERS [NEGAN]Onde histórias criam vida. Descubra agora