vigésimo terceiro

224 28 3
                                    

Mesmo que sua situação estivesse parcialmente estável, Erin não conseguia dormir

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Mesmo que sua situação estivesse parcialmente estável, Erin não conseguia dormir.

A claridade convidativa de uma noite de lua cheia fazia com que a mulher pudesse ver seus amigos deitados ao chão, encolhendo-se do jeito que dava com seus casacos por cima do corpo, alguns sentados outros com a cabeça apoiada no colo de alguém, a respiração pesada.

Todos aqueles anos e ela ainda não tinha tido uma boa noite de sono. Por conta disso sempre pegava os turnos noturnos, onde ficava com sua garrafa de café e os próprios pensamentos, que vez ou outra usava o arco para erradicar algum caminhante intruso.

As orbes azuladas deram de cara com um Negan encostado sobre uma das cadeiras velhas, braços cruzados e a cabeça apoiada na parede de rocha, semblante de quem estava fodidamente cansado. O filho de uma puta tinha feito tudo que pôde para deixá-la segura, incluindo não dormir.

Com cautela, se levantou sentindo a breve ardência sobre o sofrimento, praguejou em silêncio e foi caminhando para fora dali, onde abriu a porta de madeira com muito cuidado, encontrando os vigias da vez.

— Você realmente não consegue dormir, não é? — Judy enlargueceu um sorriso enquanto falava, abrindo espaço para que a morena pudesse sentar em um dos troncos próximo à fogueira — Ryan foi ao "banheiro".

Ficaram ali conversando sobre qualquer coisa ao som de um grilo próximo, onde tudo era fodidamente calmo e atrativo. Em algum momento, Erin fora capaz de ver a dança de cores diante de seus próprios olhos, onde tudo ia saindo do azul intenso e se transformando no roxo, as pontadas de laranja surgindo entrelinhas, assim como um pedacinho do Sol, indicando o início de um novo dia.

Respirou fundo e levantou-se, espreguiçando-se ao máximo enquanto encarava os corpos adormecidos dos vigias, o que a fez sorrir um tanto. Gostava da sensação de paz que aquele grupo lhe trazia, que tinha sido seu porto seguro quando esteve em seu pior momento e, era justamente por conta deles que Lucille Campbell estava viva.

Lembrava-se da dor dilacerante de um parto, das pequenas alucinações por conta da febre intensa, do suor e do sabor metálico que surgia na língua, dos gritos de desespero. Poderiam ter a deixado para trás, entregado uma mochila com alguns suprimentos e um "boa sorte", mas não o fizeram.

Lucy tinha nascido em uma noite fria, chuvosa e cheia de errantes por conta do barulho. Seus gritos ecoavam por toda a comunidade, os lençóis estavam úmidos assim como a face tão cheia de lágrimas frescas, onde ela dizia repetidamente que não conseguia, que iria morrer e levar todo mundo junto consigo. Pedia desculpas pelo transtorno.

Enquanto ela tentava dar a luz a esperança de High Harbour, todos os homens e mulheres estavam nos portões e nas cercas ao redor, lutando ferozmente contra todos os caminhantes que tentavam invadir, tão atraídos pelo cheiro de sangue fresco e os malditos vociferos da mulher.

Um súbito arrepio de frio a dominou na pior das coisas, onde o espasmo fez seu corpo se mover e a obrigar a se encolher sobre o casaco, cruzando os braços.

KILLING STRANGERS [NEGAN]Onde histórias criam vida. Descubra agora