décimo quinto

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O som da maçã sendo esmagada por seus dentes cresceu pelo cômodo como o pior dos sons

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O som da maçã sendo esmagada por seus dentes cresceu pelo cômodo como o pior dos sons.

Lembrava de todas as faces que vieram ter contigo ao longo do tempo, todas as falas bem ensaiadas, o ímpeto desejo de uma confissão.

Tinha algo para confessar além de todo seu ódio e sede de vingança por aqueles que mataram os seus covardemente? Que mesmo depois de tudo continuavam tramando coisas pelas suas costas? Querendo uma vingança que havia sido paga por um preço justo?

Não faz sentido — podia até mesmo ouvir a voz suave de Erin surgindo — Você está me dizendo que eles mataram talvez uns quinze e você pegou dois? Não preciso ser um gênio da matemática para dizer que a conta não bate.

E não batia.

E foi justamente pego pelo desejo imoral de sempre ter a última palavra, o dono da porra toda que fazia o que queria com quem queria e, no final das contas de nada adiantou. Foi traído pelos seus próprios homens restando apenas a vergonha e a vontade insaciável de que Rick tivesse de fato o matado naquele momento.

Ah, Negan não tinha feito o que fez, chegado onde chegou para morrer como um cachorro abandonado em uma cela vazia, recebendo visitas semanais de um padre falido que jurava que ele teria seu momento de redenção.

Mas, sinceramente? Em todas as visitas de Gabriel, o ex-líder pensava apenas no que diabos teria acontecido caso tivesse matado todos naquela noite desgraçosa.

Claro que não matava crianças ou mulheres, mas o que caralho aquele pensamento lhe trouxe de bom? Além da maldita viúva? De Carl invadindo seu território e tentando atirar a todo momento?

Deveria ter matado Grimes quando teve a oportunidade e cacete, sua mente poderia facilmente o amaldiçoar com todas as boas chances que teve, mas do que adiantava? Smith gostava da sensação de adrenalina que a comunidade lhe dava, de sempre ter alguma merda para resolver porque os putos não abaixavam a cabeça.

E no fim de tudo, seu maldito orgulho mesclado com um ego do tamanho do mundo conseguiu foder com tudo que demorara anos para construir.

Era mesmo uma sensação fodida de ruim.

Irritado do jeito que estava, decidiu caminhar pelo perímetro para espairecer.

Encontrar os corredores vazios, o cheiro úmido e toda a poeira dos anos o deixou levemente embriagado, ainda mais ao encontrar o pátio principal onde tudo sempre acontecia.

Se fechasse os olhos por alguns segundos podia ouvir o som dos passos apressados, as vozes distantes discutindo qualquer coisa, o cheiro delicioso de uma refeição quente e fresca. Suspirou percebendo de uma vez por todas que seu reino era mesmo feito de papel.

O Santuário, que um dia fora palco de tantas conquistas, parecia ter se transformado em uma casa mal assombrada com pouca iluminação, o cheiro fúnebre que percorria cada um dos corredores extensos, o Sol que por alguma razão, não queria brilhar.

KILLING STRANGERS [NEGAN]Onde histórias criam vida. Descubra agora