KILLING STRANGERS [NEGAN]

oitavo

— O que fazemos agora? — ela lhe perguntou.

Negan respirou fundo pegando impulso para ficar de pé, pois em alguns momentos, o ferimento insistia em coçar ou ainda, doer.

— Tem um carro abandonado mais à frente, nós vamos pegar os pneus de lá e trazer — quando terminou de falar, notou que estava cansado demais.

Aquilo estava durante muito mais tempo do que havia planejado e, naquela altura do campeonato, Grimes e sua trupe de arrombado já deviam estar tramando alguma coisa grande, isso se os mesmos já não o tivessem feito.

Mas nada o deixava mais puto do que a ideia do Santuário não ter ido atrás de si. Tampouco acreditava que aqueles seis o procuravam, na verdade, deveria ser um dos vários carros que tinham ficado para trás na confusão.

— Preciso me retirar por alguns momentos — Erin começou a dizer ao descruzar os braços — Volto em uns dez minutos, aquele peixe não me fez muito bem.

— Certo. Quando voltar você vem comigo.

— Combinado, chefia — e saiu fazendo uma reverência.

Aquele era o momento que o mais velho estava esperando acontecer e, agora que finalmente estava sozinho, podia agir.

Imediatamente, Negan correu para dentro do trailer, atropelando tudo na frente, tirando os sapatos e subindo na cama, abrindo armários.

Recolheu o álbum de fotos e encarou a janela rapidamente, a fim de ver se a barra estava limpa.

Sentou-se de perna cruzada, folheando cada fotografia atentamente. O garotinho da primeira foto era uma coisa magricela de cabelos pretos, olhos castanhos e lábios rosadinhos por causa de um pirulito.

O homem franziu as sobrancelhas e passou para próxima página, dessa vez o garotinho era baixinho e rechonchudo, sardas na face e cabelos ondulados, na seguinte já tinha a pele mais bronzeada, olhos azuis e lábios finos, cabelo num tom de avelã.

Fechou seus olhos por um instante, sentindo uma quentura subindo das costas em direção a nuca, num puto de um desconforto.

Quando ouviu o som de passos tão próximos, se levantou, depositando o álbum abaixo do colchão.

— Voltou a dormir? — indagou aos ventos, procurando o mais velho pelo trailer e, quando o viu saindo do quarto, saltou de susto — puta merda.

— Tá devendo? — a provocou com nada mais que uma sobrancelha arqueada.

E então, partiram.

Fora estranho caminhar lado a lado no silêncio, nos passos úmidos pela grama que demorara tanto para secar.

O mais velho carregava Lucille apoiada nos ombros como costume e, a pistola estava guardada na bainha do cinto.

A mulher por sua vez ia despreocupada, saltando de todos os galhos caídos pela tempestade de outrora e, quando encontraram o carro abandonado, Erin franziu a sobrancelha.