vigésimo nono

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O arrastar de pés tornou-se mais constante e Negan teve certeza que estavam fodidos até o talo. Tentou enxergar alguma coisa pela branda fresta da porta, o Sol devia estar alto e o ar se tornava cada vez mais sufocante. Como se já não fosse ruim o bastante, bebeu quase toda água enquanto Erin dormia.

Erin Campbell sempre foi sinônimo de problema e ele deveria saber que estar ao lado da desgraçada apenas atrapalharia a sua vida. Bufou, impaciente. Olhou ao redor com cautela e observou uma pequena caixinha em uma das prateleiras. Cuidadoso, a puxou e abriu. Uma chave de carro e dois cigarros. Porra, Negan nem fumava, mas naquela situação do caralho em que se encontrava, se tivesse um fosforo ou isqueiro por perto, certamente o acenderia. Guardou a chave no bolso da calça. O sangue e vísceras do macacão estava seco o bastante para acabar com o disfarce. Puta que pariu! Tinha como piorar?

O corpo da tatuada moveu-se, devagarinho, e um resmungar se alastrou pelo local pequeno. Fez cara feia e coçou os olhos, sentou com delicadeza.

— Alguma mudança?

— Não que eu tenha notado. — Num suspiro, entregou a última garrafa de água para ela.

Negan puxou duas bananas também. Até pensou em um trocadilho, mas antes que pudesse pensar em provocá-la como bem adorava fazer, a maçaneta foi girada freneticamente.

— Que droga! — Alguém bradou.

Um choro de criança reverberou, e Erin, sem perder tempo, foi até a pesada porta, pronta para puxar as lanças de madeiras, mas Negan foi mais ágil e a puxou pelo braço com força.

— Tá maluca, porra? — murmurou para ela.

— Tem uma criança lá fora!

— E?

Campbell soltou seu braço das garras do ex-salvador. Ex-salvador é o caralho! Quem se intitulava daquela maneira não deveria sequer pensar em deixar uma família ser devorada.

— É uma criança.

Fechou os olhos e cerrou os punhos. Por que caralho não a largou em Alexandria e foi viver sua vida em qualquer outro lugar? De preferência bem longe dela? Mas que caralho!

— Dentro dessa sua cabecinha linda, jaz um cerébro? Pelo amor de Deus, mulher! — Aproximou o bastante dela para causar desconforto. — Lembra o que aconteceu da última vez que nos escondemos em uma maldita cidade?

Desvencilhou-se, puta da cara, e tratou de vestir o macacão. O grunhido grotesco dos errantes tornou-se maior, assim como o barulho de um golpe e a criança chorou ainda mais. Pensou em Lucy e como em outra situação poderia ser ele precisando de ajuda, no entanto, o pensamento se desfez com a velocidade de uma bala, pois Negan nunca se meteria numa situação como aquela. Precisava ser alguém melhor, mas era difícil pra caralho!

— Tá bem, mas se vamos fazer essa grande merda, precisamos fazer direito. — Ao proferir, mais golpes puderam ser ouvidos e algo caiu ao chão.

Checaram seus pertences e Negan pediu para Campbell abrir a porta, afinal, a filha da puta estava machucada – para variar. Se olharam como um sinal, e quando a porta foi puxada com toda a força, Negan preferiu que tivessem deixado aquela família de lado.

Tinha experiência, obviamente, mas a incerteza do que aquele ato de humanidade lhe traria era o suficiente para deixá-lo inseguro. Três errantes, atraídos pelo bater da lança no chão, se afastaram da família, indo na direção de Smith. Não foi difícil abatê-los, eram velhos e boa parte do corpo, já em decomposição, mal se aguentavam de pé. O sangue fétido manchou a face de Negan, que praguejou.

— Obrigada... — disse a mulher assustada.

Negan sentiu a eletricidade da mão de Campbell passando pela sua, num toque sutil, porém perceptível. Seus olhos varreram o ambiente com bastante atenção. Era impossível saber o que se passava naquela cabeça maluca.

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⏰ Última atualização: Sep 03 ⏰

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KILLING STRANGERS [NEGAN]Onde histórias criam vida. Descubra agora