Esteve tanto tempo encarando o teto empoeirado, que os olhos passaram a arder em cansaço e sono. Claro que passar a noite em claro não tinha ajudado em nada e, agora que estava completamente preso, cercado e faminto, as coisas pareciam cada vez piores.
Foi um longo suspiro que escapou de si, ao tempo que a mais atrevida gota de suor começava a bailar pela lateral da face em direção às bochechas, causando-lhe um incômodo imenso.
Até mesmo respirar fundo se tornara uma ação deveras fodida, afinal o cheiro do sangue, da poeira e mofo misturados era realmente um problema. Precisava desesperadamente por um ar fresco.
Levantou-se sentindo as costas doendo pelo tempo que ficou na mesma posição, voltou a caminhar de um lado para o outro, a impaciência o dominando como uma praga de jardim. Revirou as caixas em busca de sabe-se Deus o quê, foi até a cadeira de balanço e encarou o cadáver fixamente, a forma cadavérica de boca tão aberta, os dentes retinhos e as orbes vazias, a espingarda logo ao chão.
A recolheu analisando com cautela, estava velha e enferrujada o suficiente para se tornar inútil.
Então foi até a pequena janela de vidro que tinha mais a frente, encarando o mundo lá fora, a forma com que as árvores dançavam graças ao vento, o provável frescor que aquilo deveria causar.
Sem muito pensar, Negan segurou a arma firmemente e quebrou o vidro escutando o barulho estrondoso de sua ação em contraste com os estilhaços espalhados tanto do lado de dentro quanto de fora e, depois de alguns segundos, uma ideia estúpida passou por sua mente.
Mordeu o lábio num movimento quase automático, pensando que realmente era um desgraçado sem escrúpulos por sequer pensar que aquilo poderia dar certo. Era claro que o buraco da janela não caberia alguém com seu biotipo, teria que ser alguém menor e magricela, leve ao ponto de não estourar o telhado antigo.
Continuou batendo no vidro para deixar o caminho livre, sendo capaz de escutar os murmúrios não humanos vindos do andar de baixo, os passos desajeitados batendo nos móveis esquecidos pelo local, mas aquilo não era o suficiente.
Chutou os pedaços de madeira que não foram difíceis de desprender por conta das inúmeros chuvas e nenhum reparo. Negan estava morrendo de sede. Respirou fundo captando todo ar que pôde suportar, caminhou até o corpo de Erin na cautela, atento a qualquer coisa adversa que poderia o cercar, mas, quando colocou o indicador sobre seu nariz, checando a respiração, o alívio cresceu.
Não podia se dar ao luxo de um plano dando errado, então mesmo que Erin pudesse ajudá-lo quando acordasse, Smith precisava de um plano b.
Se fosse esperto o suficiente, poderia descer para o outro andar sem ser notado, talvez apoiando-se sobre a escada e erradicando os que ainda estavam ali? Não, mas que puto plano estúpido. Era uma maldita estrutura de alumínio, nunca aguentaria o fator peso e movimento.
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KILLING STRANGERS [NEGAN]
FanfictionApós uma luta épica contra Rick Grimes, o rei dos salvadores se vê em um beco sem saída cercado por tantos errantes. Com muito esforço, Negan consegue escapar e começa arquitetar um plano para voltar ao Santuário e acabar com aqueles cretinos de Al...