Maldição: Classe 4 Local: Avenida Garden Green, Praça dos Amantes, no esgoto. Observação adicional: podendo ter mais de uma maldição no local.
– Uma maldição de classe 4? — pergunto olhando para a informação enviada pelo Gojo no meu celular. – Será que estão aliviando pro seu lado por que você está ficando velho?
– Acho que tá mais porque minha parceira é fraca. — retruca ele enquanto paramos na calçada para chamarmos um táxi.
– Eu fraca? — pergunto fingindo espanto. – Logo eu que fui treinada por ninguém menos que Satoru Gojo o melhor e mais forte feiticeiro Jujutsu da atualidade?
– Nem vem puxar meu saco. — diz ele, mas vejo um sorrisinho se formando no canto de seus lábios.
Nós sempre nos provocamos assim, brincamos um com o outro. Até quando estamos em batalha ele consegue me zuar pelas minhas falhas e erros.
O táxi estaciona e Gojo abre a porta de trás indicando para que eu entre primeiro, ele entra em seguida e o motorista nos leva ao endereço indicado.
– Por que ainda não temos um carro próprio para missões?
– O velho é mesquinho. — responde Gojo.
Nós sempre temos que pegar um táxi, ônibus ou trem para as missões. É cansativo.
– Podemos usar meu teletransporte.
– Guarda pras batalhas. — ele diz apenas.
Meus feitiços são teletransporte e energia que consigo transformar em escudo para mim ou para outra pessoa. Porém meu teletransporte só funciona se eu já passei pelo lugar e num raio de trinta quilômetros. Ou seja, eu não consigo teletransportar de um país a outro mesmo que eu já tenho ido lá, apenas de uma cidade a outra se essa não for muito distante. Eu consigo levar mais pessoas comigo no teletransporte, porém eu tenho um limite, se eu me forço demais, e percorro distâncias muito longas isso me prejudica e me enfraquece me fazendo perder meus feitiços por um tempo.
Se estou em batalha e uso meu teletransporte para desviar de ataques em curtas distâncias várias vezes não me prejudica em nada. Mas eu não sou muito boa em lutas, e sendo bem sincera, não estou fazendo muito para melhorar.
Percebo que chegamos no local da missão, e descemos do carro nos despedindo do motorista depois do Gojo pagar a viagem. Andamos lado a lado na Praça dos Amantes enquanto olhamos a nossa volta procurando a entrada do esgoto.
Não consigo não pensar que Gojo está muito quieto hoje, ele não costuma ser assim. Geralmente ele conversa bastante e faz piada de tudo. Olho para ele e seu rosto não diz nada, suas mãos estão dentro dos bolsos de sua calça, mesmo com essa venda sei que ele enxerga e percebe tudo a nossa volta.
– Aconteceu alguma coisa? — pergunto chamando sua atenção.
– Não, por quê? — diz ele virando seu rosto para mim. Ele é bem mais alto do que eu.
– Por nada, você só está muito quieto hoje. — respondo voltando meu olhar para o caminho a frente cheio de árvores, flores, bancos, pessoas, casais e crianças.
Ele não diz nada mas sei que ele ainda está olhando para mim.
– Por aqui. — diz ele me puxando pela mão em um lugar com mais árvores juntas na praça e menos civis.
Mais uns minutos e chegamos na entrada do esgoto.
– Aqui está a entrada. — aponta Gojo e olhamos para baixo. – Quer fazer as honras?
– Ora, seja cavalheiro. — digo.
Ele solta uma risada baixa e se abaixa tirando a tampa do boeiro sem esforço. Sem rodeios ele entra naquela entrada escura e úmida. Vou logo em seguida com ele me pedindo para ter cuidado com os degraus que estão escorregadios. Com um pé de cada vez desço as escadas de ferro que me levam para mais fundo no chão dessa cidade. No último degrau Gojo coloca sua mão nas minhas costas me dando apoio para eu descer no chão com segurança. Sorrio para ele como agradecimento e limpo minhas mãos que estão úmidas na minha calça preta.
– Por que o esgoto? — reclamo fazendo careta por conta até do cheiro que se espalha nesse lugar. – Que nojo.
Nós começamos a adentrar mais naquele local com ainda mais atenção. Aquela maldição está por aqui, e talvez não só ela já que na mensagem dizia que poderia ter mais de uma. As paredes estão sujas na cor verde e marrom por conta do lodo, sujeira e sabe-se lá mais o que. Minhas botas batem no chão fazendo um som baixo abafado e molhado. Gojo está a minha frente e até andando nesse lugar ele consegue ser silencioso. Para um homem desse porte ele deveria ser bem barulhento. Abaixo, ao nosso lado, passa uma corrente de água suja e fedorenta. Parece fundo, e eu nem fico encarando muito pra não ver coisas indesejadas. A sensação é do meu estômago embrulhado o tempo todo. Precisamos correr para achar essa maldição, exorciza-la e dar o fora daqui logo.
GOJO
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Assim que ela se senta na mesa a minha frente eu percebo que ela não dormiu bem a noite. Suas olheiras são visíveis e sua fisionomia é cansada e tão triste.
Eu sei que ela chorou ontem quando a encontrei debaixo de uma forte chuva, eu só não quis tocar nesse assunto. E também é irrelevante dizer que eu a segui até lá, já que eu percebi que ela não estava bem o dia todo de novo. Falar sobre os seus sentimentos e o que ela deve estar enfrentando não é o certo, talvez não o certo a se fazer agora. De qualquer forma ela não me diria.
Mas eu não gosto de vê-la assim. Era sempre tão fácil fazê-la sorrir, agora já tem um bom tempo que não vejo nem sombra disso em seu rosto mais. Eu me preocupo com ela é claro, ela é minha melhor amiga e agora uma das minhas parceira de caçada.
Nos demos bem desde que nos conhecemos. Ela é fácil de lhe dar, é tranquila, paciente, fofa, extremamente esforçada em tudo que faz, mas ultimamente ela anda negligente em seus treinos.
Não consigo dizer quantas vezes ela ficou do meu lado sem dizer uma palavra quando eu não estava bem. E é impressionante como todas as vezes ela sabia que eu não estava num dia bom.
Então, o que eu posso fazer nesse momento é ficar ao seu lado, sem fazer perguntas, apenas lhe dando apoio com a minha companhia e minha amizade.
Mas não deixo de me perguntar, até quando ela vai se permitir sofrer tanto.
Oi, resolvi colocar também a visão do GOJO. Será nos finais de capítulos aleatórios, então sempre será uma surpresa. Espero que gostem.
