Capítulo 1

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Minhas botas batem em um som seco no chão das ruas dessa cidade.

O tempo está horrível hoje. Cinza, chuvoso, sem cor, sem graça. Não reparo nos rostos das pessoas que passam ao meu lado, mas posso dizer que elas estão tão tristes quanto eu. Não sei se pelo tempo, não sei se pelo cansaço, não sei se pela perda.

Meu coração se aperta em meu peito com esses pensamentos e involuntariamente abraço a mim mesma. Percebo que está esfriando mais e olho para o céu cinza.

É, com certeza vai chover!

Naquele dia o céu estava dessa cor, mas não consigo me lembrar se choveu. Me lembro dos escombros, sangue, e do Itadori chorando desesperadamente.

Sinto um nó se formando na minha garganta. Por que estou me lembrando disso agora? Por que eu ainda me torturo com essas lembranças? Já faz um ano.

Um ano, hein?

Um ano que você se foi. Um ano que eu te perdi.

Minhas pernas ficam bambas devido a lembrança dolorosa e me sento em um banco de uma pequena e sossegada praça. Percebo o quanto ainda sinto sua falta, estou lutando todos os dias para ficar bem, lutando todos os dias para ficar de pé. Tentando ao máximo evitar não me culpar por não ter chegado lá a tempo.

Será que você não pensou em mim naquele momento? Será que não pensou em nós antes de morrer? Você não tomou cuidado? Você não priorizou sua vida? Por que? Por que me deixou nessa situação tão miserável onde eu não consigo seguir em frente?

Merda, que pensamentos egoístas. Ele era tão bom, tão responsável, amava o que fazia, é claro que daria até a sua vida pelos amigos, pelas pessoas que ama.

Mas você poderia ter sido egoísta só aquele dia. Podia ter pensado um pouco mais em mim, em não me deixar aqui sozinha. Você dizia que me amava tanto, que eu era tudo pra você, mas por que me deixou assim? Eu nunca mais vou poder te ver, nunca mais vou poder te tocar ou te abraçar, te beijar.

Eu também te amava mais do que tudo. Eu lutei tanto por você, pra ficar com você porque no começo você foi tão resistente só porque era um pouco mais velho que eu e porque foi o meu sensei. Eu nunca amei tanto alguém assim.

E em uma noite, a um ano atrás, você morreu.

Desde aquele dia eu só existo. Já tem um bom tempo que eu não me divirto, que eu não dou um sorriso verdadeiro, que eu não durmo direito, porque você insiste em invadir meus sonhos todas as noites.

Isso é tão injusto, porque onde quer que você esteja nem deve se lembrar mais de mim. Mas eu fiquei aqui com todas as lembranças e sofrimento, tendo que passar por tudo isso sozinha. Choro no meu quarto todas as noites, escondo toda a minha dor e sofrimento dos outros.

A única coisa que faz com que eu pare de pensar tanto em você é quando estou em missão caçando maldições. Eu me dedico completamente nisso porque eu sei que era o que você fazia. Você era excepcional nisso, e me ensinou muito bem, a caçar, matar ou exorcizar maldições.

Como hoje é meu dia de folga meus pensamentos e emoções estão uma bagunça, mais do que o normal. Eu odeio meus dias de folga.

Eu queria trabalhar, trabalhar e trabalhar, porque assim você não fica tanto na minha cabeça, eu não fico sentindo a sua falta o tempo todo, eu não fico me culpando por não ter estado lá naquele dia para te salvar. Seu sorriso, seu rosto não me atormentam tanto.

Eu sinto sua falta, droga.

Abaixo minha cabeça e levo minha mão até o meu coração e aperto o local com força. Pingos de água começam a molhar a minha calça e percebo que estou chorando, e me seguro ao máximo para não começar a soluçar. Ou pior, a gritar.

Dedos compridos e quentes tocam meu queixo fazendo com que eu olhe para cima.

Anoiteceu.

Quando começou a chover?

Franzo minha testa sem entender e esse homem em pé a minha frente me encara ainda com a mão no meu rosto. Então era a chuva misturada com as minhas lágrimas molhando o tecido da minha calça.

– O que está fazendo aqui? — Satoru Gojo pergunta para mim.

Não respondo nada e vejo que ele está segurando um guarda-chuva protegendo nós dois dos pingos de água que caem do céu. Estou molhada e me toco que eu estava chorando na chuva sozinha sentada no banco de uma praça sossegada e escura.

Para falar a verdade, eu nem sei onde estou e com sorte Gojo não vai perceber que eu estava chorando por causa da água que cai do céu e molha meu rosto.

– Está chovendo muito. — diz ele. – Vamos voltar antes que você fique doente.

Automaticamente me levanto do banco e Gojo segura meu braço para me ajudar a endireitar meu corpo rígido e com frio.

– Como me encontrou? — pergunto.

Assim como eu, ele não responde nada e se aproxima mais de mim agora levando sua mão para minhas costas e fazendo com que eu comece a andar. Não insisto por uma resposta, eu nem me importo. Nossos passos lado a lado, da chuva caindo no guarda-chuva e no chão são os únicos barulhos que escuto e cruzando meus braços sobre meu peito acompanho esse homem de volta para o prédio de feiticeiros Jujutsu.





















Oi, espero que gostem e acompanhem essa fanfic que resolvi escrever com o Satoru Gojo de Jujutsu Kaisen. Está sendo um desafio, mas a história que está na minha cabeça vai fazer valer a pena. 🥹

Expansão do Amor - 𝔖𝔞𝔱𝔬𝔯𝔲 𝔊𝔬𝔧𝔬Onde histórias criam vida. Descubra agora