Expansão do Amor - 𝔖𝔞𝔱𝔬𝔯𝔲 𝔊𝔬𝔧𝔬

Capítulo 9

A expansão de domínio é uma técnica amaldiçoada muito forte, que consome muita energia de seu usuário criando outra dimensão.

Eu olho a minha volta e me pergunto se isso realmente é outra dimensão, porque parece que estamos em uma parte aberta de uma praça normal. Uma expansão de domínio geralmente é muito mais assustadora e confusa.

– Isso não parece uma expansão. — comento.

– Como assim? — Yuri pergunta com a voz trêmula.

– Parece... normal?! — exclamo.

Observo o rapaz finalmente soltar o meu braço olhando tudo ao redor. Ainda há uma passagem que sobe um pequeno morro que impede que vejamos o outro lado. A grama está baixa, como se tivesse sido cortada hoje de manhã. Há árvores. Há vento. Mas não há animais. Não há vida.

– Talvez a maldição esteja usando o próprio ambiente. — diz Yuri.

É uma boa observação. A criatura pode ter aberto uma brecha para nós dois entrarmos no seu espaço assim que percebeu a nossa presença. Mas por que usar essa técnica logo de cara?

– Eu não entendo uma coisa.

– O quê? — Yuri pergunta enquanto nós dois continuamos parados no mesmo lugar.

– Por que a expansão de domínio logo de cara?

Nós nos encaramos agora enquanto tentamos achar uma resposta. Mas nenhum de nós diz nada. Yuri faz menção para que comecemos a andar e eu concordo com um balanço de cabeça.

O andar é difícil, é como se houvesse toneladas de pesos nas minhas pernas. Como se houvesse uma água densa e gelada até o meu quadril. Observo que Yuri também está com dificuldade para caminhar. Ele olha para trás para ver se eu o sigo e volta seus olhos para frente quando confirma isso. Nós procuramos por uma brecha, uma saída, mas não conseguimos encontrar nada de diferente, apenas um morro a nossa frente, árvores e grama.

Caminhamos juntos na direção do morro e de repente ouço uma voz conhecida me chamando.

Yuri para ao mesmo tempo que eu e nós dois ficamos como estátuas.

– Oi.

– O que está fazendo aqui? — minha própria voz responde, mas não sou eu quem realmente está falando.

– Te esperando.

– Há muito tempo?

– Não, não se preocupe. Esperaria o tempo que fosse.

Meus olhos estão cheios de lágrimas agora por ouvir essa voz que a tanto tempo não ouvia. Realmente parece que ele está do meu lado. Olho para trás de mim e o vejo em pé, com os braços cruzados, do jeito que sempre fazia.

– Nanami.

Exclamo enquanto lágrimas descem sem cessar dos meus olhos. Ele olha para frente sorrindo levemente como ele sempre fazia também e é quando eu vejo eu mesma parada ali, como se fosse tudo real. Mas é apenas uma lembrança, eu me lembro exatamente disso, porque foi a primeira vez que ele veio até mim, ou melhor, a primeira vez que ele me esperou por livre e espontânea vontade. Foi naquele dia que ele confessou seus sentimentos por mim.

A lembrança muda rapidamente como se fosse uma estática ruim de uma televisão, e agora estou abraçada com ele, e meu Deus, como eu sinto falta desse abraço. Eu tento me aproximar da cena, eu quero estar mais perto, porque quem sabe assim eu consiga abraça-lo mais uma vez, mas parece que é mais difícil ainda se mover agora.

– Me desculpa.

O Nanami da minha lembrança diz.

– Não! — grito me derramando em lágrimas tentando o alcançar.