Capítulo 14

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Na manhã seguinte, abro meus olhos no quarto onde costumava ser o meu na casa dos meus pais.

A cortina faz um bom trabalho em não deixar a luz do sol clarear demais o ambiente e vejo minha mesa de estudo onde costumava ter cadernos e livros, um abajur e um notebook, agora completamente limpa e vazia.

Percebo que eu ainda amo esse cômodo como eu costumava amar antes. Minha cama continua quentinha e confortável. Puxo o edredom que também costumava ser meu até o queixo e sinto um cheiro leve de amaciante. Meu pai mantém tudo muito limpo e organizado aqui. Do jeito que a minha mãe deixava e gostava.

Pego o meu celular em cima do criado mudo ao lado da minha cama para olhar a hora. Não são nem oito e meia da manhã. Vejo que não há nenhuma mensagem. Parando para pensar, há um bom tempo que eu não recebo nenhuma mensagem com o nome de Gojo na minha barra de notificações. Será que ele realmente nunca mais vai falar comigo de novo?

Suspiro e giro meu corpo e olho diretamente para o teto. Eu gostaria muito que ele não tivesse sido tão persistente em se afastar de mim. Ao mesmo tempo, eu não sei o que diria para ele se nós tivéssemos a oportunidade de ter uma conversa.

– Você poderia dizer qualquer coisa.

A voz dele soa baixa em meu ouvido e meu coração começa a bater feito louco em meu peito. Giro meu rosto e meu nariz roça levemente em sua orelha e cabelo. Consigo sentir o seu cheiro invadindo meu nariz e em um ato involuntário levanto minha mão a levando até a parte de trás da cabeça de Gojo. Sinto seus cabelos macios entre meus dedos e sua venda, lentamente eu a tiro e ele se afasta para me olhar.

Nossos olhos se encontram e seu olhar é tão intenso e cheio de tristeza. Exatamente os olhos que eu vi na expansão de domínio daquela maldição da lembrança no dia que eu descobri os sentimentos dele por mim.

Eu gostaria muito de dizer a ele que não precisa se preocupar, que está tudo bem, que podemos resolver as coisas juntos. Mas assim que eu abro minha boca para falar parece que eu irei chorar a qualquer momento então eu travo. Não consigo soltar nenhuma palavra.

Eu gosto de você Gojo. Por que se afastou? Por que me evita tanto? Você me odeia agora? Não me quer mais por perto? Se é isso que você quer, então me diga, me convença de que é realmente isso que você deseja agora. Mas nenhuma dessas frases saem da minha boca. Nós apenas continuamos nos encarando, enquanto o incrível azul dos olhos dele parecem que vão me engolir a qualquer momento.

Com a mão que eu tirei a venda de Gojo eu a levo até o seu rosto e acaricio sua bochecha. Ele fecha os olhos e meu dedão acaricia logo abaixo deles, sua bochecha, nariz e seus lábios. Ele abre os olhos novamente e é incrível a sensação de sua pele em minhas mãos. Eu não estranho e nem me incomodo por estar tocando ele dessa forma.

Na verdade eu sinto tanta falta dele que o que eu mais quero é abraça-lo bem forte. Eu sorrio levemente e seu olhar vai diretamente para os meus lábios. Gojo começa a se aproximar mais de mim. Seus rosto está tão perto do meu agora que nossas respirações se cruzam. Minha mente está quieta, mas meu coração está batendo muito rápido em meu peito. Seu cheiro é conhecido e confortante. Sem pensar direito eu seguro a sua nuca e Gojo se aproxima colando nossos lábios um no outro. É macio, é quente, é bom. Sinto a língua dele pedindo acesso para dentro da minha boca e no momento que eu concedo meus olhos se abrem e me vejo no meu quarto na casa dos meus pais.

Não tem o Gojo aqui em cima de mim me beijando, eu estava apenas sonhando e nem percebi quando eu peguei no sono de novo. Me levanto rapidamente sentando na cama e olho a minha volta atordoada. Por que caralhos eu sonhei com o Gojo me beijando?

Qual é o meu problema? Passo minhas mãos em meus cabelos e me levanto indo até o banheiro, eu não posso pensar nisso. Analiso meu rosto no espelho do banheiro, cabelos bagunçados, olhos inchados por ter acabado de acordar, e lábios também inchados. Passo meus dedos pelo meu lábio inferior e a cena do Gojo me beijando vem a minha mente. Foi bom. Franzo minha testa me olhando no espelho. Foi bom? Que merda, foi apenas um sonho. Eu realmente enlouqueci. Dou um tapa forte em minha testa para que eu acorde de vez e meus neurônios voltem em seu lugar. Alguns minutos depois volto para o meu quarto calço minhas botas e pego meu cardigã em cima de uma poltrona e saio do quarto fechando a porta atrás de mim.

Expansão do Amor - 𝔖𝔞𝔱𝔬𝔯𝔲 𝔊𝔬𝔧𝔬Onde histórias criam vida. Descubra agora