Capítulo 13

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Três meses depois...




A noite está bem fria hoje. Cutuco levemente com a ponta da minha bota preta de salto, uma pequena flor branca que cresce teimosamente entre o canto do gramado e a passarela de cimento da escola Jujutsu.

Essa pequena flor é tão resistente. Ela resiste ao frio, ao calor, a ventania, em ser pisada. E quando ela é aparada junto com o resto da grama, ela deve espalhar suas minúsculas sementes para que assim possa nascer novamente. É de certa forma invejável tamanha vontade de viver. As vezes eu penso que talvez é mais fácil desistir.

Com as minhas mãos nos bolsos laterais do meu cardigã, eu suspiro e olho para o céu. A lua está quase toda coberta por uma nuvem, uma rajada de vento sopra meus cabelos e sinto minhas orelhas gelarem. Tiro minhas mãos do bolso e cubro minha cabeça e orelhas com a touca do meu cardigã.

Estou fora do prédio da escola Jujutsu andando no lado de fora do local, pelos jardins. Estava me sentindo muito sufocada, então decidi tomar um ar. Eu não sei porque e quando eu decidi parar nesse local e ficar apenas observando tudo a minha volta. O grande prédio da escola Jujutsu. As muitas árvores e arbustos por todo o local. O gramado sempre aparado e cuidado. A grande passarela de cimento que vai desde a entrada do prédio até o grande portão principal e o portão lateral do local. O campo de treinamento fica logo atrás do prédio. Dá para ver daqui somente as grandes árvores que formam um círculo no local.

Aqui é muito bonito, grande e espaçoso. Mas tem um bom tempo que não me sinto bem aqui. Faz três meses que somente o Yuri sai em missões comigo. E três meses que eu não vejo e nem converso com Satoru Gojo.

Acho que todo o amor dele por mim se transformou em ódio, porque eu nunca vi ninguém evitar tanto outra pessoa assim. Tem quase um mês que eu desisti de esperar para tentar falar com ele. E mesmo assim eu não o vi. Ele foge de mim como o diabo foge da cruz. Eu não o vejo no café da manhã, no almoço e nem no jantar à semanas. Eu nem sei se ele está voltando para cá pelo menos para dormir. Talvez se eu for embora ele volte para cá e fica em paz. Afinal, aqui é a casa dele muito antes de ser a minha.

Casa. Faz tempo que eu não vou na minha própria casa visitar o meu pai. Eu andei tão ocupada com os treinamentos e missões, tentando manter a minha mente e o meu corpo sempre ocupados, que eu me esqueci das outras coisas importantes também. Fecho meus olhos e visualizo a sala da casa onde eu morei praticamente a minha infância e adolescência toda. O grande sofá em U no meio da sala, a televisão na parede em frente ao sofá, o tapete marrom escuro peludo que a minha mãe adorava. Abro os meus olhos e estou exatamente no mesmo lugar que eu acabei de visualizar, a diferença é que as luzes estão apagadas.

Eu inconcientemente me teletransportei para a minha própria casa. E olhando em volta eu faço um esforço enorme para não chorar. Me lembro dos meus pais e eu sentados nesse sofá assistindo filmes. Me lembro que quando eu era mais pequena eu dormia aqui e meu pai me carregava para o meu quarto. Lembro da minha mãe andando por tudo aqui. Sorrio com os olhos cheios de lágrimas e parece que consigo ver ela nitidamente arrumando os enfeites das prateleiras nos cantos da sala, batendo e aspirando o pó do sofá e do tapete, entrando e saindo da porta no canto na parede oposta de onde estou que dá diretamente na cozinha da casa. E olhando tudo a minha volta me pergunto se meu pai não está em casa.

– Pai? — pergunto com o tom da minha voz mais elevada.

– Querida? — ele pergunta de volta.

Sua voz distante vem do meu lado direito que é onde se encontra o seu escritório depois de uma porta e um corredor. Tiro o capuz da minha cabeça e caminho até lá. Quando chego a porta de madeira pesada e brilhante ela se abre antes que eu possa pegar na maçaneta. Vejo meu pai na porta me encarando com um livro na mão. Ele me puxa para si me dando um abraço apertado.

Expansão do Amor - 𝔖𝔞𝔱𝔬𝔯𝔲 𝔊𝔬𝔧𝔬Onde histórias criam vida. Descubra agora