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    Pela vidraça vejo o sol se pondo em meio aos prédios e casas. Mia está sentada à minha frente ficando no lugar de Josh após ele ter ido embora. Fico indecisa se conto ou não para ela sobre o que aconteceu ontem e hoje, mas por fim acho melhor ficar quieta e não comentar nada, talvez seja melhor fingir que nada aconteceu.

Acabo por ficar distraída e esqueço que minha amiga continua a falar.

—Estou tão animada com as atividades do clube de jornalismo. Chris estava passando algumas ideias para o pessoal que poderiam ser implementadas na próxima turma. Dá um apertinho saber que daqui a pouco vamos deixar uma fase das nossas vidas para trás não dá?

—É, acho tão estranho —Suspiro —Parece que estamos vivendo esses pequenos momentos em câmera lenta e ao mesmo tempo tudo está passando tão rápido.

    Em seguida fomos fazer uma torta na casa da minha amiga. Torta de limão, a preferida para comermos enquanto tiramos o restante da tarde e começo de noite fazendo as unhas e comentando sobre os assuntos mais badalados dos famosos.
    Acabei por rir muito com as fofocas da turma de ballet da escola em que Mia estuda, as minhas unhas estão coloridas e maravilhosas, além disso ganhei uma fita nova para o walkman já que minha amiga ganhou alguns extras em uma promoção. Então quando já estava tarde liguei para avisar aos meus pais que poderiam vir me buscar.

    Antes de dormir parecia que uma fica rebobinava em meu cérebro lembrando de tudo, não apenas de Josh. Lembrando do Brian e sua careta de nojo quando esbarrei nele para depois uma repentina aproximação após meu melhor amigo ouvir que virei assunto em meio aos amigos do meu crush. Lembrei da Hilary, e do corpo que não tenho pois sei que não vai ser fácil achar um vestido com um bom caimento em mim, e acabei por lembrar de ontem e hoje pela manhã.
    Só queria entender como que minha vida virou essa bola de neve sem controle. Era tudo tão monótono e mediano, isso que dá reclamar e quando as coisas começam a acontecer não sabe como agir. Ou será que não está acontecendo nada e apenas estou sendo dramática em excesso?

O domingo passa rápido com a visita dos meus avós, o que não ajuda muito em minhas inseguranças quando tenho que escutar minha avó sempre reclamando de algo em mim e mamãe precisa vir em meu socorro para defender a filha. Apenas me resta ficar no quarto conversando por telefone com Mia sobre algumas coisas referente ao clube de espanhol e acabo dormindo pouco depois. Acordei apenas com minha mãe batendo na porta.

—Você está bem? —Mamãe pergunta ao abrir a porta lentamente. Esfrego os olhos e sento na cama.

—Estou.

—Não quis assistir algum filme com seu pai e avô e nem mesmo ficou na cozinha conosco jogando baralho depois do almoço.

—Não estava afim. —Sou sincera pois ela já sabe o motivo.

—Eu sei que a vovó fala algumas coisas que machucam, mas ela cresceu em outra década, para ela é uma crítica construtiva e não entende que certas coisas machucam. Meu amor, não liga para o que as pessoas dizem. Somente você sabe o seu valor e quem você é de verdade. Não são julgamentos alheios que te definem. —Mamãe senta na cama e me embala como um bebê. 

    As lágrimas ficam querendo sair desenfreadas mas não quero parecer uma garotinha chorona como se tivesse cinco anos de idade. Contudo é impossível evitar que algumas escapem e escorram bochecha abaixo. Seco disfarçadamente e abraço a figura miúda que faz carinho em meus cabelos. Afasto rápido lembrando de algo.

—E se ela estiver certa sobre precisar emagrecer? Não sei se vou ficar bonita em um vestido de gala.

—Você nem sabe o tema ainda minha princesa. E outra, qualquer roupa te deixa linda. Você já é sem precisar de um baile de gala. —Minha mãe volta a me abraçar.

Apaixonada por você (Young love) PAUSADAOnde histórias criam vida. Descubra agora