Apaixonada por você (Young love) PAUSADA

18.

    Dou um sorriso diante a câmera e escuto o fotógrafo chamar o próximo aluno, me levanto do banquinho de madeira e vou até minhas amigas que estão esperando por mim para irmos cada um para a sua aula e depois, enfim, as aulas extracurriculares. Essa foi a última foto do anuário, ao meu lado Mia e Jenna conversam entre si rindo de algo e sinto que estou perdendo quem eu mais queria ter por perto, cada dia mais, conforme o ano letivo chega ao fim.

    A verdade é que eu não tenho a mínima ideia de como serão as nossas vidas após o colegial, e eu estou tão acostumado com a convivência junto das garotas que me acostumar a uma nova rotina parece o certo, mas também algo que não me vejo acostumando a viver.

    Sorrio ao ver Jenna corada e alegre, tão linda. Tudo o que mais quero é estar com ela. O pior foi vê-la irritada por um motivo tão bobo no intervalo que não sabia se eu chorava ou ria. Minha melhor amiga ficou com ciúmes e nem percebeu, por um lado isso é bom, mas por outro, ela talvez tenha simplesmente sentido por ser minha amiga durante muitos anos. Estou tão cansado de guardar o que sinto que é como se a qualquer momento eu fosse explodir tudo o que sinto e contar para ela. O que de certa forma é o certo, mas não quero agir assim, não quero ser precipitado e perder a nossa amizade de anos.

    Se Jenn soubesse que só tenho olhos para ela não ficaria nervosa ou preocupada com qualquer outra garota que seja minha amiga, não é como se uma garota bonita como Hilary fosse conseguir mudar o que sinto a tanto tempo por Jenna, só não quero machucá-la por não corresponder.

    Aceno para as duas amigas que fazem o mesmo e em seguida entram na aula, caminho pelos corredores em direção a minha sala de aula enquanto meu cérebro trabalho rápido e me faz pensar sobre Jenna. O problema é que eu estou na droga de uma friendzone a tanto tempo que não sei como sair, ou talvez, a melhor alternativa seja não sair, assim evito de levar um fora. Ainda não sei como consegui fazer a brincadeira sobre ser um cara bonito e fazer com que Jenna risse durante o intervalo, mas ao menos ela não discordou sobre Hilary falar que sou atraente, isso pode ser um bom começo, eu espero.

    Ao fim das aulas passo no estacionamento para pegar meu violão e encontro Linda, amiga de Chris, se despedindo de algumas colegas que são líderes. Ela me acompanha até o clube de música e conta sobre o seu namoro com James, mas não demora muito e sua pergunta faz com que eu perceba o real interesse no assunto sobre relacionamento amoroso. Lindsay pergunta se a Mia é sempre na dela assim como Jenna, mas a sua atenção continua em saber mais sobre minha amiga de olhos verdes e cabelos cacheados.

    Como uma boa amiga, Linda deve estar querendo fazer o famoso meio campo para o melhor amigo, Chris é esperto e ela também. O que não entendo é porque ele mesmo não conversa com Mia? Eles são praticamente amigos, assim como eu o considero meu colega. O assunto entre eu e Lindsay não passa de algo banal, nada que exceda o superficial e que entregue minha amiga e o que ela sente ou o que o amigo dela sente.

    Ainda temeroso sobre andar de carro, assim que acaba as atividades do clube espero encostado no automóvel e vejo Jenn vindo e atrás dela Chris e Mia conversando, eles passam por mim acenando e indo para a fila do ônibus no lado oposto da onde estou.

—Vamos? —Jenn pergunta parada ao meu lado. Pego a chave e ainda não acredito que estou conseguindo vir a escola dirigindo, se não fosse pelo apoio das minhas amigas e de Lory junto com mamãe acho que não teria conseguido. Toma essa, Zack!

—Aham. —Destravo a porta do passageiro e ela entra primeiro enquanto dou a volta para o meu lugar.

—Sabe o que esse estacionamento me lembra? —A garota loira pergunta e viro para olhá-la antes de sair com o carro. São poucos os carros e ônibus que ainda estão estacionados, o horário escolar já havia chegado ao fim e só restam alguns alunos que participam dos clubes no dia de hoje como eu e minhas amigas.

—Não? —Pergunto sem ideia nenhuma do que ela está falando.

—Uma pista de patinação, Josh! —Sua risada faz parecer como se fosse óbvio, mas para mim não era. Dou risada.

—Você e os patins. Quando vai tomar coragem e voltar a usá-los? —Questiono minha melhor amiga enquanto meus olhos se mantêm no trânsito.

—Eu levei o maior tombo, não estou com coragem de voltar para lá. —Lembro da última vez em que eu e as garotas fomos para a pista de patinação de gelo na semana de natal, Jenna é muito boa patinando, e não falo isso porque sou amigo dela ou porque gosto da mesma.

    Acontece que minha melhor amiga se desequilibrou e caiu, alguns garotos começaram a rir e falar piadas por conta do seu peso. Naquele dia eu vi em seus olhos as lágrimas que ela segurou para não derramar, a partir daí Jenn não quis mais patinar.

—Podemos ir em outra pista, você sabe disso. —Não é como se a cidade de São Francisco só tivesse uma locação de patins e pista.

—Não sei, devo ter perdido a prática. —Ela responde com o rosto virado para a janela e um ar de pensativo sobre o assunto.

—Eu duvido, faz apenas três meses, Jenna. Ninguém esquece algo assim tão rápido. —Sorrio para ela parando no semáforo na tentativa de encorajar minha amiga a fazer o que ela ama.

—Josh, eu só não estou à vontade ainda. —Sua voz saiu mais baixa. Percebo que ainda está magoada com o acontecimento.

—Entendo, desculpa. —Volto os olhos para as cores mudando a minha frente.

—Tudo bem. —É tudo o que ela diz até eu estacionar em sua casa uns dez minutos depois.

    Puxo o freio de mão e antes dela sair seguro seu pulso. Jenna solta a mão da maçaneta e me encara.

—Jenn, você sabe que é bem mais do que os outros pensam, certo? Não pode deixar que outras pessoas cuidem da sua vida e opinem sobre ela fazendo com que você se sinta assim.

—Assim como? Você não é julgado pelo seu tamanho, Josh. —Em tanto tempo em que nos conhecemos essa é uma das poucas vezes que falo a minha opinião sobre algo que ninguém precisa expressar para a outra pessoa, a sua opinião sobre o corpo alheio.

—Tem certeza? O que as pessoas da escola mais fazem é rir por conta do meu grau alto em ambos os olhos. Não é fácil ser chamado de quatro olhos ou fundo de garrafa, mas eu também não julgo o seu tamanho, porque não há nada para ser mudado nele. Essa é você, e está linda assim, Jenn. —Dou um sorriso e minha mão acaricia a sua.

—Obrigada. —Sua expressão suavizou e ela se debruçou para me abraçar. —Eu te amo.

—Eu também. Amigos são pra essas coisas. —Digo quando Jenn se afasta descendo do carro e dá um aceno com a mão e é tão bom ver seu sorriso no lugar dos olhos tristes e pensativos sobre as pessoas inconvenientes.

    No mesmo instante que abri a boca quis voltar no tempo, eu não poderia simplesmente ficar quieto? Amigos, eu não quero ser apenas amigo, então porque disse isso?! Porque sou um idiota!

    A garota loira entra na casa dela se virando para se despedir pela última vez e saio com o carro querendo passar o restante do dia apenas jogando para ver se assim consigo me distrair de tudo que vem acontecendo em minha vida.