14 - NOVEMBRO DE 1864 - parte 3

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Enfim o dia chegou, todos estavam animados como se aquele fosse o evento mais esperado do ano. Todos, menos eu. Antes de sair do quarto, olhei para o colar que meu pai havia me dado.

"Você me colocou nessa encrenca", pensei querendo bater nele. "Tente me tirar dela". Coloquei o colar no pescoço e saí do quarto.

Me sentia nervosa, não queria lutar contra Saito e principalmente, sabia que não podia perder, mas sem a ajuda dela, eu também não via possibilidades de ganhar.

Eu havia treinado muito, muito mais do que em qualquer outra ocasião. Iria dar o meu melhor.

Olhei para minhas mãos trêmulas e calejadas, tentando me acalmar e tomei um pouco de água.

Meu irmão sugeriu que lutássemos no campo aberto, para que eu pudesse usar minha manipulação um pouco mais à vontade, ainda assim, não poderia liberar uma grande quantidade de ruah.

Todos já estavam lá quando eu cheguei, todos ansiosos pela luta que decidiria algo que eles nem mesmo sabiam o que era.

Não falei nada, eu tinha que me concentrar.

– Ambar – meu irmão me chamou e se aproximou, ele parecia preocupado – Eu sei que você quer ganhar, mas... não a deixe sair.

Sua voz estava triste e preocupada, acenei com a cabeça e ele voltou a se afastar enquanto chamava Marcus.

– Marcus, suba uma barreira protetora em um raio de 3 quilômetros no mínimo, se certifique de que não há nenhum civil sem proteção e principalmente, abra uma barreira fortificada para a senhora Tanizake.

– Sim, senhor – Marcus respondeu de prontidão e sumiu imediatamente do nosso campo de visão.

– Ambar – meu irmão me gritou novamente – As barreiras do Marcus não são tão fortes, não libere muito ruah e de novo, não a deixe sair.

Acenei com a cabeça e me voltei para Saito. Como era de costume em uma luta formal, nos reverenciamos e eu me coloquei em posição de ataque. Saito não se moveu.

Por quê? Por que tinha que ser com ele? Esse pensamento ocupava todo o meu ser.

Fiz meu primeiro movimento, um ataque direto e seco. Alguém precisava iniciar e eu não começaria usando minha manipulação. Precisava economizar energias para isso.

Saito era rápido, eu sabia disso. Por milésimos de segundo consegui desviar de seu contra-ataque. Joguei meu corpo para trás e pude ver a lâmina passando próxima aos meus olhos.

Tentei atacar uma, duas, três vezes... ele desviou como se aquilo fosse brincadeira de criança.

"Droga, ele é muito rápido. Não consigo nem mesmo enxergar seus movimentos", pensei antes de dar meu próximo passo.

Eu não conseguiria segui-lo com os olhos, então teria que tentar fazer com que ele fosse mais lento.

Parei, olhando-o nos olhos. Não, aquilo não era divertido para mim, mas senti uma certa tensão percorrer meu corpo, liberando assim uma adrenalina que chegava próximo ao prazer. Sorri com essa nova sensação.

Olhei para a grama molhada e pedi desculpas pelo que iria fazer. Usando a própria espada, manipulei as chamas e as lancei com a própria lâmina pelo seu lado direito, fazendo com que ele tivesse que mover seu corpo próximo aos 90º para se defender e em poucos segundos abri uma fenda. Sabendo que ele se defenderia com facilidade se eu o atacasse do lado esquerdo, a fenda foi aberta acima da cabeça dele, para que eu pudesse atacar por cima.

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